Escola

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Minha cabeça latejava, a noite não foi das melhores, assim como todas nos últimos dias. Meu tio vir nos conhecer e a descoberta de que eu era uma meia Navriris me desorientou. Ainda não digeri que meu pai escondeu tanta coisa de mim... Levantei sem muita vontade, meu quarto estava uma bagunça, eu fiz um grande estrago aqui e ainda não consegui colocar no lugar. Passei por cima de tudo, entrei no banheiro e deixei a água fria correr pela minha cabeça e corpo, talvez isso aliviasse a minha agonia, sai do banho e me olhei no espelho tentando encontrar algo que me tornasse diferente das minha irmãs, mas não havia nada. Escolhi uma roupa básica para a escola, era o primeiro dia e minha cabeça estava a mil, não conseguiria estudar. Mas ficar em casa e falar com meu pai não era uma opção.

Abri a porta do meu quarto e dei de cara com Neioh, ele me olhou por um instante, me fazendo prender a respiração. Desde que chegou, não disse uma palavra. Era estranho, meu tio deu as instruções a ele, mas em nenhum momento disse nada, e não parecia mudar nesse momento.

Me olhava tentando encontrar em mim a essência de um navriris, mas não encontrou, depois de alguns minutos, pasou por mim como se não tivese me visto. Em seguida, Ella saiu de seu quarto e me viu encostada a parede, veio até mim e me segurou quando ameacei cair.

– Você está bem? – perguntou me ajudando a sentar.

– Vou ficar, não foi nada, só uma fraqueza repentina.

– Não comeu nada ontem a noite, Benna, tem que tomar um café reforçado.

– O que aconteceu? – Misty veio correndo, já fazendo seu escândalo matutino.

– Não é nada Misty, estou bem! – me apoiei em Ella. – Só me ajude a levantar e descer.

Elas me levaram para o térreo e me sentaram à mesa. Todas as filhas estavam lá, mas nenhuma tocou no assunto da noite anterior, Neioh estava distante, perto da porta da cozinha. Nitta olhou para mim meio que procurando as palavras certas para usar.

– Você está bem? Não comeu nada ontem, não acha melhor ficar em casa hoje?

– Não! Estou bem, só preciso comer alguma coisa.

– Meninas... – Fredda chamou as mais novas. – Hora de ir para escola.

– Mas a gente quer ficar com a Benna!

– Não. Vocês querem e vão para escola, andando.

As meninas saíram um tanto irritadas, ficando só eu, Nitta e meu pai.

– Benna, acho que ainda precisamos conversar.

– Nitta, vamos para escola agora! — me levantei.

Puxei minha irmã e Neioh veio atrás de nós. Me incomodava à presença dele, mas não podia impedi-lo de me seguir, chegamos na escola e não vi nem sinal de Charlie e Iro. Nitta foi para a sua aula, mas eu estava indisposta, nauseada, com dor de cabeça e com cortes nos braços e no rosto que não queria explicar a ninguém como os consegui. Fui para a quadra da escola, nas arquibancadas, ficaria sozinha e poderia relaxar. Neioh me seguiu em direção a quadra, quando chegamos lá em subi até o último degrau de assentos e me sentei, e ele se sentou um pouco longe de mim. Já estava irritada com o ocorrido, mas ele ser mais silencioso que um mudo era demais para mim.

– Será que, por favor, pode dizer alguma coisa? – ele nem me encarou. – Sabe, é irritante o modo como me olha, achando que é melhor do que eu! Não se esqueça que está no meu mundo, seu idiota. – sem resposta. – Eu desisto!

Fechei os olhos e coloquei a cabeça entre as mãos.

– Não me acho melhor que você! – a voz dele era grave e profunda. Me virei, ele ainda olhava para frente, as mãos estavam cruzadas e os braços apoiados nos joelhos. – Só fiquei impressionado, nada demais.

Lullaby - for BennaOnde histórias criam vida. Descubra agora