Problemas

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– Revida...

– O quê?

– Revida, Benna!

– Você está louco.

Ele me atacou de novo, eu nem percebi quando voltei a ficar de pé e muito menos quando o alcancei o derrubando no chão, ele se soltou me jogando longe, eu voltei para ele, queria mata-lo, essa era a verdade naquele momento. Ele se afastou e eu pude ver sua energia se expandindo, ele não estava mais brincando. Tudo a nossa volta parecia estar em outro plano, eu dei o máximo de mim para expandir energia e funcionou, quando ele lançou metade da sua contra mim fui capaz de me esquivar e lançar de volta para ele, sei que acertei, mas não o suficiente, pois ele revidou me fazendo perder completamente a concentração; quando cai ele parou perto de mim e me deu a mão para eu me levantar. Eu senti um gosto ruim na boca e o estomâgo revirando.

– Atacou bem! Queria que visse o que pode ser uma batalha, não tenho metade da força de Karo, mas é extamente o que fizemos aqui que ele fará com voce.

– Ele vai me matar?

– Só por cima de mim. – ele me soltou. – Acha que consegue de novo?

– Tá brincando? Eu estou com uma sobrecarga.

– Conviva com ela, vai precisar de toda energia que puder, além de que hoje a noite você vai comigo recarregar. – ele aumentou seu campo de energia. – E claro, nunca ataque um navriris tão bem treinado de frente. Você perde...

Naquela tarde, eu treinei com Neioh até o anoitecer, mas me sentia tão vazia a caminho de casa, faltava algo que eu não descobri o que era. Neioh parecia do mesmo modo.

– Energia? – perguntei, torcendo para ele ter pelo menos o pouco que precisávamos para ir até a montanha.

– Acho que podemos ir até Louise.

Ele nos transportou para lá, olhar para lua hoje, não doeu, pelo contrário, me senti mais viva do que nunca. Fiquei deitada na relva que crescia lá em cima olhando para o céu, Neioh se deitou ao meu lado e fez o mesmo.

- Como é em Scarlate? É sempre no escuro?

- Sim. Ficamos mais tempo no escuro, pois a cidade é subterrânea, mas as vezes a luz do sol entra pelas fendas... – parecia nostálgico. – Um dia te levo até lá.

Voltamos para casa bem tarde; Fredda estava vidrada no computador, fiquei aliviada, subi e mergulhei na banheira, estava cansada do dia e precisava relaxar, estava congelando do lado de fora e eu mergulhada numa banheira de água congelante. Sai da banheira e deitei na cama, tinha oito ligações de Iro e pelo menos umas quinze de Charlie, liguei para ela primeiro. Claro que ela me perguntou se Neioh estava com raiva dela, disse que não, apenas que ele tinha recebido um telefonema e estava irritado, ela respirou aliviada e me pediu desculpas por ter sido grosseira, disse que estava tudo bem.

Liguei para Iro depois, me deu um aperto no coração ouvir a voz dele, estava tão aflito e preocupado por eu ter sumido. O que me deixava mais agoniada era ter de mentir para ele em tudo, ele era tão importante para mim, me dava nojo de mim mesma. Disse que tinha ido com Neioh a casa dos pais dele, ele ficou mais calmo, quis sair naquela noite, mas antes que eu pudesse responder Neioh estava em meu quarto dizendo de forma rápida que essa noite tínhamos um compromisso. Fiquei chateada e triste, quando desliguei o telefone, Neioh me puxou para a janela, mas eu o segurei.

- Qual é o problema?

- Meu irmão está por perto.

- Fredda...- eu não consegui terminar a frase.

- Vamos!

Voamos pela janela, a noite estava chuvosa, mas com a rapidez que nos movíamos eram poucos os pingos que nos atingiam, ele estava tenso, eu sentia seu turbilhão e me massacrava. Estávamos perto dos campos do Norte; antes que pudéssemos alcançar o ponto onde os vimos pela última vez um rapaz apareceu a nossa frente nos bloqueando.

- Golay!- Neioh disse seu nome e fez com que ele balançasse a cabeça.- Preciso passar.

Era estranho olhar para ele; Golay tinha uma expressão vazia e ao mesmo tempo completamente maligna, ele era maior que Neioh e tinha feições orientais, seu cabelo era todo trançado, ele não se moveu com as palavras de Neioh, pelo contrário, aquilo pareceu fixá-lo no lugar. As memórias de Neioh não continham muito sobre ele, e suas lembranças mostravam um Golay mais humano, se é que eu podia defini-lo assim. Neioh se pôs a minha frente, tinha algo errado acontecendo, eu só não conseguia entender o que.

- Golay, não faça isso! - ele gritou.

O que veio a seguir, foi imprevisível, a terra se abriu aos nossos pés, Neioh me puxou para longe. Ele olhou para mim e percebi que aconteceria uma batalha naquele instante. Golay estava envolto em um campo de energia diferente, seus olhos estavam brancos, o que quer que fosse não seria bom. Neioh me isolou, proteção? Talvez, mas ele queria me manter distante. Golay tinha ligação com a terra, e isso não seria bom para Neioh.

A batalha foi interessante, eu ainda não sabia qual era o poder de Neioh e o pior é que eu não o descobri naquele dia; ele usou contra ele apenas as habilidades naturais, mas não era o suficiente para abate-lo, eu o via perdendo, em certo momento o vi afundando na terra; Golay o massacrava com os olhos fixos aos seus, eu tinha que fazer algo, expandi meu campo de energia para entrar no que eles criaram, a minha entrada desestabilizou Golay e foi o suficiente para Neioh atira-lo longe e me pedir para ajuda-lo, antes que ele viesse a nós de novo, unimos nosso campo de energia; não sei o que ele viu, mas parou e voltou ao que eu posso chamar de normal. Neioh vacilou e o campo se quebrou, ouvi palmas atrás de nós enquanto o impedia de alcançar o chão.

Juro que não me passou pela cabeça quem poderia ser, mas quando o vi, já era tarde, Karo puxou-o de mim brutalmente o arremessando contra o nada, vi seu corpo inerte rolar pelo solo, eu tremia tanto que ele riu ao me ver. Me levantou do chão pelo braço e me fitou, o impacto do toque me fez ver um turbilhão de lembranças, mas tudo estava embaralhado, antes que as imagens ficassem nítidas, senti a energia de Neioh e fui arremessada longe, quebrei meu braço na queda. Neioh estava sangrando, mas estava disposto a lutar, Karo não fez esforço algum para lança-lo ao chão, ele se aproximou dele.

- Não consegue se manter de pé, você é odioso. - era na língua deles, em seguida o chutou.

Fez questão de me mostrar minha irmã quando os outros se aproximaram e sumiu na escuridão. Neioh estava desmaiado, eu me arrastei até ele, não estava em bom estado, os machucados se alastravam por seu corpo, eu precisava tirar a gente de lá, eu segurei o seu rosto e o beijei, não sei porque, mas achei que isso o acordaria, deu certo, ele olhou para mim e me puxou de volta para um novo beijo, retribui e depois o fiz olhar para mim.

- Neioh, tire a gente daqui, você precisa de cuidados. Consegue?

Ele balançou a cabeça e me beijou novamente, quando vi, estávamos em meu quarto; a casa estava silenciosa, algumas meninas e meu pai já estavam dormindo, para não atrapalhar ninguém, eu o levei para o meu banheiro e tirei sua roupa para banha-lo, não foi fácil, ele era bem maior do que eu e sentia dor, estava com problemas em se manter acordado, terminei de banha-lo e o ajudei a se deitar em minha cama, fechei alguns machucados com curativos, o deixei descasando e fui tomar meu banho, a água caiu com vontade, eu teria de ir ao médico ver aquilo, mas só no dia seguinte. Voltei ao quarto de pijama, ele ainda estava acordado e viu que meu braço estava quebrado, ele me chamou para perto.

- Vamos consertar isso...- ele colocou a mão sobre meu braço e eu senti os ossos se juntando, a região ficou dolorida.

- Vai ficar dolorido por alguns dias, mas ficará bem.

Eu não disse nada, apenas cobri a cama e entreidebaixo das cobertas, Neioh mesmo machucado me abraçou, eu adormeci assim,acomodada em seus braços e sentindo sua boca percorrer meu pescoço.


Não consegue se manter de pé, você é odioso.

Lullaby - for BennaOnde histórias criam vida. Descubra agora