Legado

0 0 0
                                    


Me recolhi ao silêncio e esperei o que aconteceria. A briga parecia acontecer mentalmente entre Dannos e meu pai, até que surpreendentemente eles se moveram sem que eu percebesse e se atacaram no ar, podia ver garras saindo de suas mãos, olhei para a mão que me segurava, suas unhas tinham formato de garras de águia, apesar de serem claras como as minhas, por um momento fiquei aliviada por ser meio humana. Um estrondo me tirou do meu devaneio e eu vi Dannos preso ao chão, meu pai estava no chão também, mas um pouco longe dele, Dannos não conseguia se mover, parecia que meu pai o o prendia com o poder da mente. O rapaz ao meu lado estava tenso como se não esperasse um ataque tão perfeito.

– Um ataque formidável, meu irmão. – meu pai caiu e Dannos se levantou. – Pena que eu já controle um mais poderoso. – caminhou até ele. – Não devia ter saído de Scarlate.

– Ainda nem comecei. – com um movimento de mão, ele fez o irmão voar para longe, batendo na redoma que nos cobria. – Não vai levar a minha filha!

Dannos se levantou e alguma coisa mudou; podia sentir a energia crescendo ao nosso redor. Ouvi um dos rapazes gargalhar, como se soubesse o que aconteceria agora, o que quer que fosse não era bom para papai. Ele avançou contra ele com fúria, seus olhos mudaram e estavam totalmente violeta, isso tinha que significar alguma coisa.

– Dannos vai acabar com a luta agora. – Bernin disse, chegando até nós.

– Pai! – Tentei me soltar de novo, precisava fazer alguma coisa, mas foi inútil.

A esfera de energia mudou, Dannos carregava uma energia dominadora, explosiva, mortal. E por Deus, como eu estava percebendo isso? Eu não vi o ataque, só ouvi meu pai gritar, quando olhei seu braço estava ensanguentado, ele arfava e quase não conseguia ficar de pé. Não entendia o que aconteceu, Dannos estava tão longe.... Como era possível?

– A batalha é de Dannos, isso era de se esperar. Não acha Neioh? – Callions falou com o rapaz que me segurava, mas ele permaneceu impassível, sem dizer uma palavra.

– Não entendo por que meu pai o trouxe, não sei para que nos é útil. – Bernin vociferou irritado com o silêncio dele. Ele não se moveu e permaneceu olhando a batalha.

Eu estava preocupada com papai, sofria múltiplos ataques e em poucos meu tio o tocava. Ele caiu sem forças no chão, várias partes de seu corpo sangravam, Dannos se aproximou e de pé, o olhava como se ele fosse a escória da humanidade.

– Sevio, Sevio! Pensei que realmente pudesse me enfrentar, toda aquela energia, aquela precisão... – se abaixou perto dele. – Não eram nada! Deveria ficar em Scarlate, irmão. – olhou para o rapaz que me segurava. – Vamos levá-la.

– Não vão não! – eu gritava me debatendo nos braços dele. – Ninguém vai me tirar daqui.

– Eu e seu pai fizemos um acordo!

– Que eu não lembro de aceitar. – puxei meu corpo novamente para me soltar. – Por favor! – implorei para meu tio, que fez sinal para que ele me soltasse.

– Certo! E o que me sugere sobrinha?

– Tenho o direito de lutar por mim.

Só podia estar ficando louca. Eu, lutar contra eles? A distância, Dannos acabou com meu pai, eu era apenas parte do que eles eram, não teria a menor chance, mas tinha que tentar. Dannos olhava para mim esperando uma resposta que eu mesma não tinha.

– Acha mesmo que pode lutar contra um de nós, Benna? – era sarcástico. – Veja como seu pai ficou.

Tinha razão, era suicídio tentar enfrentá-los, mas não podia simplesmente engolir e ir com eles, isso seria injusto comigo. "Você não tem escolha!", foi meu último pensamento conexo.

Lullaby - for BennaOnde histórias criam vida. Descubra agora