Lullaby - for Benna

Memórias

Inky era uma figura estranha de perto, era careca e uma tatuagem cobria o lado esquerdo de seu rosto, da sobrancelha até o queixo, seus olhos eram uma mistura de violeta e azul que davam medo de encarar. Eu o temia, isso não era mistério, ele se aproximou e levantou as mãos em sinal de rendição.

– Não estou aqui para te fazer mal, e só para que saiba, estar aqui me trará problemas com Karo.

– Então... – por que ele estava aqui, afinal?

– Karo está confuso com a presença de Neioh aqui e as coisas podem se complicar. Tome cuidado, essa briga entre eles é pessoal.

Senti que Neioh se aproximava e Inky desapareceu antes que ele chegasse até onde eu estava. Ele sentiu alguma coisa, eu também sentia, não era a presença de Inky, era algo mais forte, mas não conseguíamos reconhecer o que era. Apesar do barulho, o silêncio era a única coisa que ouvíamos.

Um carro se chocou contra os vidros do cinema, vindo em nossa direção, nos lançamos para lados opostos, enquanto as pessoas corriam e gritavam desesperadas, saindo do local, enquanto Karo fazia o caminho inverso, entrando no cinema junto com seus amigos, o musculoso de cabelos loiros travou as portas com seu poder e Karo e Golay pararam entre mim e Neioh, Inky estava mais afastado e Karo apontou para ele rindo debochadamente.

– Vou conversar com você depois, meu amigo. – virou-se para nós. – E vocês, acharam que teriam o dia livre? – balançou o dedo. – Não, isso não vai acontecer.

Ele veio em nossa direção e parou, alguma coisa estava errada nele, como se algo tivesse mudado.

– Sabe meu irmão, não posso ser bonzinho com você. Não podemos mais brincar assim...

Karo voltou-se para o carro e o lançou contra o irmão, ele criou um bloqueio forte o suficiente para impedir que o carro o acertasse, mas caiu de joelhos em seguida, ainda estava muito fraco pela noite anterior. Karo foi em direção ao irmão, mas eu entrei no caminho e expandi meu campo de força, o prendendo nele, não podia permitir que o machucasse.

Não sei como aconteceu, mas, em questão de segundos, ele me prendeu contra a parede, com o braço sobre meu pescoço. Seus olhos tinham a clara ameaça da morte, eu a via dançando entre o azul e o violeta e eu não iria me safar, já que Neioh foi barrado por Golay.

Minha energia estava quase no fim, lembrei do que Neioh disse e tentei achar a lua e ao fazê-lo canalizei toda energia que pude, tinha de ser o suficiente para impedi-lo, agarrei sua mão e o joguei para longe, ele pareceu confuso a princípio, mas rapidamente expandiu sua energia para me atacar a distância, bloqueei o ataque em fúria, e isso fez meu poder aumentar a ponto de conseguir lançar as coisas ao meu redor sobre ele. Ele sorriu, odiava quando fazia isso, ele fez sinal para um dos seus amigos, que lhe trouxeram Neioh, ele colocou uma faca em seu pescoço e me encarou.

– Se continuar descontrolada, serei obrigado a matá-lo.

– Faça isso! – onde eu estava com a cabeça?

O maldito sorriso não saia de seus lábios, ele começou a cortar, vi o sangue surgir, enquanto Neioh se debatia. "Já chega!" Foi meu último pensamento antes de lançar a primeira coisa que vi em sua direção e corri, invadindo seu campo de energia, Golay interveio, mas não hoje! Não ia ter medo, era a vida de Neioh que estava em jogo; ele lançou um bloco em minha direção, eu o parei no ar e o lancei de volta a ele, seu poder não podia contra o meu quando estava naquele estado de fúria e desespero, isso me tornava mais forte. O prendi ao chão, o poder de nossas mentes me impressionou, depois de tirar ar suficiente para desmaia-lo, voltei atenção a Karo, metade do pescoço de Neioh estava cortado, aquilo me revoltou mais. Era seu irmão, como era capaz de fazer tal? Ainda não entendia porquê, mas ele queria mata-lo. Me aproximei lentamente, cruzei os braços para trás e parei ao seu lado, com a mente levantei uma haste de ferro.