Baile

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Ainda era estranho falar com ele. Depois da visita de Danos não conversamos direito, era como se fossemos desconhecidos, o ouvi suspirar e me sentei na cama. Tinhamos de conversar, só não sabia como começar.

– Desde de Dannos não conversamos... – ele fez sua tentativa.

– Não conseguia olhar para você. Já estava sendo difícil o suficiente acreditar que eu era um monstro.

– Você não é um monstro. – se virou para mim. – É o melhor que existe nós.

– Por que eu e não Fredda?

– Eu também queria saber... – ele recostou a cabeça na parede. – Não sei o que está acontecendo com sua imã...

– Más companhias... Levando em conta nossa situação, provavelmente para esquecer o que acontece aqui. – me deitei. – Queria poder fazer o mesmo. Não queria fazer parte de nada disso, só queria voltar a ser a mesma garota de antes. Por que Dannos me quer tanto?

– Vingança pela minha fuga. – suspirou. – Ele também é contra a mistura com humanos, por isso, prefere que todos fiquem em Scarlate. Os outros lídres são diferentes.

– Mas, e Karo? – ele me olhou espantado. – Foi excessão por matar o pai?

­– Karo não faria tal coisa, aquele menino queria ser como o pai. Como sabe que ele foi banido?

– As memórias de Neioh, ­– ele ainda não entendia. – eu consigo acesar a mente dele.

– Não sabia que isso tinha acontecido. Mas posso te garantir que não é verdade, Karo não fez isso.

A noite chegou, eu estava sentada na varanda, lembrando de tudo o que meu pai me contou. Nada me tirava da cabeça que Scarlate não era um bom lugar e todas as lembranças de Neioh me davam medo. De acordo com o que o poder se adaptava, me sentia melhor, era a primeira vez que arriscava olhar para a lua depois da noite na montanha e não doía tanto respirar o ar da noite. A imagem de Karo ainda era forte em minha mente, queria encontrá-lo, alguma coisa na morte de Dian e no julgamento de Karo não se encaixavam. Vi Fredda sair e balancei a cabeça, não a seguiria, sabia bem o que ela ia fazer. Me debrucei na grade da varanda, tanta coisa na minha cabeça, tinha uma decisão a tomar, e não fazia idéia do que fazer. Às vezes tinha certeza que queria ficar e em outras, achava que meu lugar era lá. Minha mente e meu coração divergiam sobre meu destino e sobre o que queria realmente nesse momento.

Zora se sentou ao meu lado, seus olhos grandes concentrados nos meus.

– Seus olhos não estão tão violetas quanto antes.

– Isso te incomoda?

– Um pouco. – ela pensou. – Você vai com Neioh?

– Ainda não sei, Zora. Quer que eu vá?

– Não! Você é a mais próxima de mim...

– Eu sempre vou estar aqui, mesmo que me decida por eles.

Zora me abraçou forte; não falamos sobre o assunto em casa, meu pai evitava e a constante presença de Neioh coagia as meninas, por mais que gostassem dele. Só agora, vendo a reação de Zora é que percebia o quanto seria desastroso o fato de nos separarmos. Neioh se aproximou e pegou Zora no colo, brincou um pouco com ela enquanto eu me concentrava nas mudanças que estavam para acontecer; quando ela se cansou e entrou ele se aproximou de mim. Eu não queria falar com ele, sua presença se tornava cada vez mais dificil de conviver, percebi que ele olhava a lua, parecia distante, triste com alguma coisa que eu não conseguia decifrar e nem poderia, a conexão entre nós era cada vez menor e mais distante, já quase não sentia a sua presença ao meu redor.

Lullaby - for BennaOnde histórias criam vida. Descubra agora