XI - Encruzilhada

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O corpo imóvel de Octavius repousava na cama do hospital, testemunha silenciosa de uma despedida precoce. Os olhos de Peter, agora embaçados pelas lágrimas e marcados pela dor, desviaram-se do amigo caído para o anúncio flamejante que ecoava no monitor. Determinação misturava-se à incredulidade em seu olhar.

Peter se levantou, com um suspiro pesado, sentindo o peso da responsabilidade crescer em seus ombros. O traje, levemente desgastado pelas batalhas anteriores, agora era vestido novamente com um gesto firme. A máscara, com uma das lentes rachadas, ocultava os olhos vermelhos, reflexo do luto e da raiva que ferviam dentro dele.

Com um pesar vazio nas lentes da máscara, Peter encarou Connors, MJ e Mayday, como se buscasse nos semblantes deles um consolo para a dor que o consumia. O silêncio na sala do hospital era quase tangível, carregado de tristeza.

Seu olhar voltou-se para Otto. Em um gesto de despedida silenciosa, Peter murmurou as palavras finais: "Valeu, Otto". O agradecimento curto carregava consigo uma carga de gratidão e saudade, uma homenagem simples a um homem cujo legado era complexo e multifacetado. Sem mais palavras, Peter lançou-se pela janela, deixando para trás a sala hospitalar.

Peter, com uma inquietante preocupação, perguntava "Eddie, o que tá acontecendo na Balsa? Você viu também, né?"

"Eu vi sim, Parker, tá fora de controle. Ele libertou todo mundo. O aviso dele foi bem claro: evacuação imediata, exceto pra você." Respondeu Eddie, nervoso.

Peter, intrigado, indagava: "Quem fez o aviso? Alguma pista?"

Eddie permanecia incerto, respondendo: "Não faço ideia, Parker. A voz tava distorcida, e o cara usava uma máscara de abóbora. Parece coisa do Dia das Bruxas."

Determinado e tentando manter seu bom humor, Peter complementava: "Só porque o Dia das Bruxas começou, ele já acha que é hora das travessuras. A graça não eram os doces? Bom, vou para a Balsa agora. Você tá indo também?"

Eddie decidido respondia "Sim, tô a caminho. Precisamos resolver isso logo. O Harry ainda tá no Centro F.E.S.T.A, tem alguém que possa levar ele pra evacuação caso as coisas piorem?"

Peter, preocupado, finalizava: "Com certeza. Vou falar com o Miles, te vejo lá."

Peter, ao desligar o telefone, começava a indagar-se enquanto balançava nos prédios de Nova York. O vento noturno acariciava seu traje desgastado, e a cidade, agitada, parecia não perceber o turbilhão que se desenrolava em sua mente.

"Eu conheço o verdadeiro você, e em breve, o mundo também vai." Cada palavra ecoava em sua mente, e sua expressão sob a máscara refletia uma inquietante preocupação. O brilho das luzes urbanas contrastava com a sombra que pairava sobre ele.

O Aranha, continuando sua travessia pelos céus urbanos, ligava os pontos em sua cabeça e refletia profundamente: "Se for o que eu tô pensando, isso virou a maior catástrofe." O peso das possibilidades, o dilema iminente e o temor pelo que estava por vir se misturavam no olhar do Homem-Aranha, que se movia entre prédios como um espectro da noite.

Peter, com urgência na voz, discou o número de Miles. Enquanto as chamadas ecoavam nos arranha-céus, o Homem-Aranha observava a cidade noturna com uma tensão crescente. Miles atendeu após alguns toques, e a voz de Peter soou em tom sério e determinado.

"Hey, Miles. Escuta, preciso que faça algo por mim. Pegue sua família, MJ, Connors, Harry, Mayday, e leve-os para a evacuação. A situação está ficando feia, e não posso arriscar que algo aconteça com vocês."

Miles, do outro lado da linha, resmungou em protesto. "Eu vi o aviso, mas eu quero ajudar, Peter! Posso fazer alguma diferença, não posso?"

Peter suspirou, entendendo a vontade do jovem, mas a preocupação o guiava. "Eu sei, Miles, e aprecio a sua vontade. Mas agora, a prioridade é garantir a segurança de todo mundo. O Otto foi morto pela minha irresponsabilidade. Se descobriram quem eu sou, não posso arriscar vocês."

Homem-Aranha: Caminhando Entre os MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora