XXIII - O Próprio Medo

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Os sentidos de Peter despertaram gradualmente em meio à escuridão opressiva do ambiente desconhecido. Seus olhos, ainda turvos e desorientados, lutavam para se ajustar à escuridão, incapazes de discernir com clareza os detalhes ao seu redor. O ambiente parecia um armazém abandonado, com paredes de concreto cobertas por manchas de umidade e sombras dançantes que se contorciam nas esquinas escuras. Apenas os contornos vagos dos objetos ao redor eram visíveis, uma coleção de ferramentas enferrujadas e caixotes empilhados formavam uma paisagem sombria e desoladora.

Gritos distantes, mas tão próximos ecoavam através do espaço, distorcidos, porém reconhecíveis, misturando-se com o sinistro vislumbre da grande doma azul de energia de onde vinha o som, os tons familiares de seus amigos e entes queridos, ecoando como um eco distante através da escuridão. Uma chama bruxuleante ardia ao longe, movimentando-se como o rosto de alguém, sua luz vacilante lançando sombras grotescas nas paredes ásperas do armazém. Era como se a própria máscara do Halloween estivesse se manifestando na forma de uma chama dançante.

À medida que sua consciência se solidificava, Peter se viu confrontado com a realidade implacável de sua situação. Correntes gélidas apertavam seus pulsos, uma sensação de opressão que o deixava momentaneamente incapaz de mover-se livremente. Seus músculos, normalmente ágeis e fortes, estavam agora fracos e exaustos, o resultado de ter sido subjugado e enfraquecido pelo vilão astuto.

O armazém, imerso na escuridão crepitante, era uma estrutura abandonada, seus contornos obscurecidos pelas sombras dançantes projetadas pelas fracas luzes quebradas. As paredes de tijolos, outrora robustas, agora exibiam rachaduras e manchas de umidade, testemunhas silenciosas do abandono e da decadência do lugar. O ar estava impregnado com o odor de mofo e ferrugem, uma mistura pungente que se misturava com o cheiro de queimado resultante do caos recente.

Caixotes empilhados cobertos por lençóis empoeirados e ferramentas enferrujadas formavam uma paisagem desoladora dentro do armazém. Uma névoa opaca pairava no ar, obscurecendo ainda mais os detalhes do ambiente e acrescentando uma sensação de mistério e perigo iminente.

As grandes janelas quebradas permitiam que pequenos feixes de luz entrassem, lançando sombras distorcidas e fantasmas de formas indefiníveis pelas paredes desgastadas. O som de gotas pingando ecoava pelo espaço vazio, criando uma trilha sonora sinistra para a cena que se desenrolava.

Os olhos de Peter percorreram o espaço ao seu redor, lentamente reconhecendo os contornos familiares de seus aliados presos na esfera de energia azul. Yuri, Ben, Kaine, Mayday, Miles, Eddie e Harry, estavam todos lá, suas expressões angustiadas e indefesas ecoando o medo e a incerteza que permeavam o ambiente sombrio.

O olhar de Peter então foi atraído irresistivelmente pela chama ardente que crepitava no capacete do Halloween, uma presença sinistra que iluminava o rosto mascarado do vilão com uma luz distorcida. A voz do Halloween, carregada de cinismo e desprezo, cortou o ar pesado, revelando seu prazer em ver o herói preso e indefeso diante dele.

"Finalmente acordou", disse o vilão com uma satisfação perversa. "Olha, nós dois sabemos que normalmente você conseguiria quebrar essas correntes com facilidade, então eu precisei te cansar bastante antes."

A voz do Halloween reverberou pelo espaço, ecoando como um desafio sombrio e uma ameaça velada. O olhar de Peter convergiu na direção da pilastra próxima onde o Halloween se apoiava, sua figura sinistra emoldurada pela penumbra do armazém. Uma aura de desprezo irônico pairava em torno do vilão, cujo semblante mascarado expressava um prazer sádico em sua vantagem sobre o herói indefeso e seus aliados.

"Não esquenta com eles", disse o Halloween com um tom irônico, apontando em direção à cúpula de energia azul que mantinha os outros heróis aprisionados. "Só estão afetados pelo gás do Mystério, tudo que eles estão vendo não é real, eles não podem sequer te ouvir. Não adianta gritar."

Homem-Aranha: Caminhando Entre os MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora