Era noite. Escura, profunda, imersa em vazio de nanquim e estrelas no céu.
Dazai caminhava ainda pela rua, os pés cambaleando distraidamente pela via de lajotas. Os postes de ferro fundido alfinetavam a escuridão com seus faróis de luz áurea, às vezes mais altos do que as casas.
Osamu seguia um rumo cujo destino ainda não sabia qual seria. Encarava as casinhas em seu caminho com certa melancolia, silenciado por pensamentos inquietos.
Mas no fundo de sua mente, a voz de Chuuya ecoava seu nome.
Aquele jornalista o estava deixando louco.
A brisa que vinha do mar espalhava seus belos cachos castanhos; uma paz habitava-lhe o espírito.
Dazai jamais gostaria de admitir, mas sabia que diversas pessoas acabavam por se distanciar dele devido ao seu ego elevado.
A princípio, acreditava que Chuuya pudesse provar de grande desagrado por causa disso, mas se surpreendeu ao dar-se conta de que, em verdade, era essa uma das características que fisgava a atenção do ruivo.
Sendo uma pessoa difícil como se percebia, Dazai tinha poucas esperanças de que suas implicâncias não afastassem Chuuya dele, e sobretudo que o fizesse ter uma imagem ruim do artista para si.
Não, não só para si, para toda a Whitby.
Ter problemas com Chuuya significava ter problemas com o jornal, e uma má fama certamente se espalharia sobre seu nome.
Já acontecera anteriormente, claro, mas as circunstâncias daquele momento o faziam não desejar uma repetição dessa história.
Pensativo, Osamu se viu numa rua que parecia-lhe familiar. Desceu um pouco mais e deu-se com a entrada do Lupin.
De instante, somente observou a fachada do restaurante, suas belas luzes amareladas que irradiavam pelas janelas de vidro muito limpo. A brisa ficou repentinamente fria. A passo distraído, adentrou o lugar.
Da mesma maneira como ocorrera da última vez em que estivera ali, não haviam muitas pessoas presentes, e o som do piano ecoava pelo ambiente com suas notas delicadas.
Havia apenas um homem sentado diante do bar. Despreocupado, Dazai se juntou a ele. Quando se sentou sobre a banqueta, não pôde deixar de reparar numa expressão estranha que ocupava o rosto de Akutagawa. Ele estava pálido, limpava as taças e garrafas do bar com um tremor nas mãos. Uma retratação de espanto e assombro.
-Ryūnosuke, boa noite -o moreno sorriu. Sentiu o olhar do homem estranho fixar-se nele, mesmo não podendo ver seu rosto.
-B...boa noite... -o jovem atendente do bar respondeu. Sua atitude estava demasiada alterada, o que não agradou nem um pouco o artista.
-Me vê uma daquelas doses de whisky, por favor. -Pediu Osamu.
-Mas é claro, senhor Dazai. -Akutagawa murmurou, rapidamente providenciando o pedido do moreno.
Enquanto o garoto se ocupava de buscar a melhor garrafa de whisky do bar, Osamu se virou para o homem sentado a uma banqueta de distância dele. Uma jaqueta militar ocultava sua aparência por debaixo do capuz, e a calça também do uniforme do exército estava esfarrapada em vários pontos. Dazai teve um vislumbre de inquietação com a figura.
Seria por causa do estranho que Ryūnosuke estaria de tal forma conturbado?
Quando pensou de iniciar uma conversa para matar a curiosidade, o rapaz militar foi mais rápido, e fê-lo por si mesmo:
-"Senhor Dazai"...? Permita-me perguntar, seria o senhor o famoso artista que está a turistar pela região?
O moreno arqueou uma sobrancelha. Sentiu um peso repentino no estômago, virando um gole de seu copo para tentar ignorar a sensação.
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The Colours of Our Hearts ~•Soukoku Old AU•~♡
FanficDazai Osamu tem um coração dominado pela arte. Depois da trágica morte de seu amigo Odasaku, a única coisa que ele buscava eram as cores do mundo ao seu redor. Aquilo fora uma promessa. Pronto para passar um período de verão hospedado em uma casa lo...