°•A lot of dark colours to paint the disaster•°

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Chuuya não conseguia se mover.

Seu olhar fulminava a expressão do moreno caído em seu sofá.

Sua mente não respondia. Seu coração dominava cada raciocínio lógico e o apagava, deixando apenas emoções à flor da pele.

-Eu... -murmurava Dazai, incansavelmente- eu acho que descobri... descobri o que é estar apaixonado...

Não.

Aquilo estava errado. Completamente errado.

Chuuya queria que estivesse ficando louco; que Dazai estivesse no chalé onde deveria estar hospedado, que ele estivesse de novo sozinho em seu casarão, que o artista, embriagado, não confessasse aqueles sentimentos confusos que Chuuya desejava negar com todas as forças, que não passasse de uma alucinação.

Mas não era esse o caso. Era tudo real.

O ruivo sentia-se tremer por inteiro. Não reagia, sentado ao lado do corpo esbelto de Osamu estendido em seu sofá, simplesmente havia-se congelado no tempo. Havia um sentimento negro, vil, irracional, em seu olhar: medo.

Sim, Chuuya tinha medo. E demorou para aceitar isso.

-Você está embriagado- insistiu Nakahara -não sabe o que diz.

-Não, Chuuya -gemeu Dazai, seus olhos entreabertos de tontura por efeito do álcool. Estendeu seu braço até o rosto do ruivo e gentilmente manteve-o virado para si, na palma de sua mão. Acariciou um dos cachos ruivos que expunha-se pela ausência do chapéu- eu nunca estive tão sóbrio em toda a minha vida. Seu cabelo, seu corpo, ah, esses seus olhos... você é tão inteligente... tão sublime. Um deus. É perfeito.

"Torne-se deus e faça dele seu religioso."

O jornalista teve um arrepio relembrando a fala cortante de Fyodor.

-Você não sabe nada sobre mim. Existem pessoas que diriam que sou algo desumano. Seus sentimentos por mim são... -Chuuya engoliu em seco, já sentindo o amargor da palavra- inválidos.

Definitivamente anseio para que o caro leitor compreenda a aflição que dominou o coração de Chuuya naquele momento.

-Não, não diga... deixe-me então saber -Osamu suplicou. Reuniu forças para erguer parte de seu corpo do sofá e puxou o ruivo mais para perto de si. Seus olhos cor de vinho estavam marejados de lágrimas de angústia. -Você é desumano porque é como um anjo... não há ser humano que se compare. Por isso...

-VOCÊ NÃO SABE NADA... -repetiu o jornalista, irritado. Desviou o olhar, assustado- se soubesse um terço do que eu sofri por causa de algo que todos consideraram bobo, deixaria esse sentimento para sempre.

-Deixe-me saber.

O sussurro embriagado fez estremecer a alma de Chuuya. Nunca se sentira tão frágil. Se envergonhava profundamente disso.

Uma lágrima de ira deslizou lentamente pela face pálida do ruivo.

E mais uma, seguida de outra, e outra. E Chuuya estava chorando.

Fraco. Covarde. Era como se sentia.

Dazai o olhava com ainda mais intensidade. A bebida podia tê-lo transformado num estúpido. Mas o que seria a estupidez senão a coragem em excesso?

Osamu não pôde evitar um sorriso sem graça.

Afinal, é para isso que serve o álcool: encorajar os covardes e afogar os idiotas.

-Eu vejo que você tem medo. -Murmurou o moreno. -Me diga o porquê.

Chuuya se recusava a expor uma fraqueza daquele tipo. Porém... Dazai estava bêbado, não estava? Então de que mal faria descontar aquela velha raiva no artista, se este sequer se lembraria do ocorrido na manhã seguinte?

The Colours of Our Hearts ~•Soukoku Old AU•~♡Onde histórias criam vida. Descubra agora