°•Rain, pain, and a finally death•°

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-Que sutil da sua parte, Fyodor- Dazai recepcionou o russo, tentando não transparecer a nota de desespero de sua voz- mas acho que sua presença não nos é desejada.

-Pouco me importa- Dostoyevski sorriu com escárnio- perdoe-me por não marcar uma hora, é que... estamos aqui para acertar algumas contas.

A chuva respingava através da soleira da porta, adentrando o chalé até certa altura da cozinha após a entrada. O rugido das águas e trovões tempestuosos nunca vira-se igual na cidade. Mas aquela noite de fato não seria igual a nenhuma outra jamais presenciada no palco de nossa história.

Cada passo que Fyodor e seu acompanhante davam para dentro da pequena casa pitoresca, era uma batida em câmera lenta que o coração de Dazai dava. Aquilo era cruel demais para ser real.

Osamu se inclinou levemente para Chuuya e sussurrou em seu ouvido:

-Fique calmo. Vamos resolver isso.

-Dazai... -certa súplica brilhou no celeste dos olhos de Chuuya.

-Confie em mim. Só... faça o que ele mandar.

O ruivo, em verdade, não possuía confiança alguma nas palavras de Dazai, mas essa era a única opção viável, uma vez que os dois homens recém-chegados traziam armas claramente perigosas em seus braços.

Dessa forma, calou-se e decidiu esperar pelo que estivesse por vir.

Quando Shirase finalmente cerrou a porta, deixando do lado de fora o céu furiosamente tempestuoso, e se virou para eles com a espingarda outra vez, uma ação inconsciente impulsionou Dazai a segurar a mão de Chuuya. O ruivo estremeceu com certa segurança ao sentir o toque. Era só o que lhe garantia que estava vivo. O rapaz de cabelos cinzas se certificou de trancar a porta e guardar a chave no bolso da jaqueta militar.

Fyodor desceu o chapéu ushanka dos cabelos e um sorriso macabro iluminou seu rosto como um raio iluminou a escuridão chuvosa do céu através da janela.

Chuuya não assimilava mais corretamente as coisas em sua cabeça. Era uma alucinação, ele estava na verdade em sua casa, degustando uma saborosa taça de vinho enquanto lia um bom livro, apreciando a vista da janela e... ouvindo Dazai tocar para ele, no piano.

Bela mentira. Infelizmente, o que é real, é real.

-Se nos permitem, acho que devemos colocar alguns assuntos em dia- riu o russo. Uma inclinação de seu rosto foi o suficiente para Shirase avançar mais com a espingarda de caça firme nos braços. O rapaz compreendia e respondia aos comandos de Fyodor com uma confiança cega, mas sem abandonar sua fatídica modulação rebelde, o que só fortalecia a evidência de um acordo entre eles.

-Sentem-se, vadias. -Shirase fez um gesto agressivo, indicando as cadeiras da cozinha logo atrás dos dois. Como que comandado pelas palavras do jovem, Dazai manteve-se atento aos dois visitantes indesejados enquanto momentaneamente desaparecia do campo de visão lateral de Chuuya. O ruivo não se moveu, paralisado pelo desespero. Ouviu-se um ruído de chão arranhado. Logo Osamu tocou de leve o ombro de Chuuya e o fez se sentar ao seu lado, os dois ocupando o par de cadeiras que o moreno arrastara até ali.

Dazai colocou a mão por sobre a coxa de Nakahara, como que tentando passar-lhe um mísero pingo de segurança. O ruivo estremeceu com o toque, mas agradeceu por ter aquela sensação.

-Fyodor, isso é loucura... -murmurou Dazai, tentando estabilizar a situação, uma tentativa inútil, por sinal.

-Você quer falar sobre loucura, Dazai? -Implicou Dostoyevski. O russo estava imponentemente erguido em frente aos dois, o revólver reluzente balançando em seus dedos como um brinquedo de criança. -Vejamos o que é loucura. Loucura é você acreditar que eu não voltaria para empurrar-te aos cães do inferno.

The Colours of Our Hearts ~•Soukoku Old AU•~♡Onde histórias criam vida. Descubra agora