°•Shadows of storm, dying inside•°

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Meu adorado Chuuya,

Não sei explicar o quanto me sinto contente em ler suas palavras. Eu já disse que sinto muito? Pois eu sinto. É inevitável às vezes ser babaca, então obrigado por esse tapa na cara que me deu.
O que é o amor? Eu já fiz-me essa pergunta várias vezes. Isso me lembra que já a fiz também para Oda. Sabe o que ele me respondeu?
"O amor é quando nós nos deparamos com uma flor muito bela em um jardim, mas não a arrancamos de lá, porque sabemos que ela irá morrer se fizermos isso. Se amamos aquela flor, deixaremos ela lá, para continuar vivendo em sua plena beleza. Então voltamos ao jardim todos os dias para apreciá-la, pois ela enche nossos olhos de admiração e é o motivo de voltarmos ao jardim."
Odasaku era um poeta, sabe? Dos mais talentosos. Esses dias flagrei-me relembrando um poema que ele escrevera, ou pelo menos, começara a escrever enquanto estava vivo. Era algo como...

There are dead flowers in my garden
It's breaking my heart
You are breaking my heart
Now it's too late to apologize
Maybe we will meet on the other side
But for now we will never meet again

Ele nunca chegou a concluí-lo. Quem sabe esse não pode ser um passatempo para você, já que o jornal está desativado por tempo indeterminado.
Olhe, eu quero muito voltar a Whitby, mas certas coisas precisam de espaço para serem curadas. Eu não quero te machucar. Não quero arrancar do jardim a minha flor mais bonita.

Seu,
Dazai.

P.S.: fico feliz que tenha gostado das obras. Pensei em você em cada uma delas, acho que isso deu pra perceber. Pensei em cada parte sua. Porque você é só meu, e unicamente meu.

As mãos de Chuuya amassavam as bordas do papel a cada linha que lia.

Nada daquilo parecia real. Mas era. Puramente real.

"Não quero arrancar do jardim a minha flor mais bonita."

Um tiro doeria menos.

Chuuya se encontrava outra vez em sua biblioteca, na calada de seus pensamentos. Fazia uma tarde bonita de verão do lado de fora da casa sobre o rochedo; o mar estava escuro e agitado sob o céu pintado de nuvens espessas. Não haviam pássaros. Seria tudo muito quieto se não fosse pelos pequenos sussurros da natureza de um lado e os ruídos de automóveis que ocasionalmente passavam pela rua.

As janelas filtravam a forte luz dourada do sol para iluminar a carta que Chuuya lia várias vezes, absorvendo cada palavra.

"Porque você é só meu, e unicamente meu."

O ruivo não se sentia respirando. Quem diria que depois tanto tempo sendo seu próprio conforto, Chuuya estaria trocando cartas de amor com um artista famoso e altamente criticado.

Chuuya não queria perder tempo. Buscou por mais folhas de papel, animado como nunca antes. Havia uma cor nova e viva em seu rosto, e um brilho radiante em seus olhos.

-Finalmente algo deu certo na minha vida- ele sussurrou para si mesmo, enquanto a ponta da caneta de nanquim começava a agilmente riscar o papel. No começo da carta, pareceu ficar confuso. Ele era bom com palavras, então por quê?

Fez uma curta pausa. Percorreu com seus dedos as muitas páginas da numerosa coleção de livros de poesia, como que para aspirar o deleite da beleza contida naqueles versos. Colocou em uma taça dois quartos de um aromático Lafite Rothschild, vinho francês dos melhores de sua pequena adega.

The Colours of Our Hearts ~•Soukoku Old AU•~♡Onde histórias criam vida. Descubra agora