Dazai olhava atordoado para o visitante.
-Vai abrir o caminho dessa droga de porta e me deixar entrar na minha casa, ou eu vou ter que tirar essa sua postura arrogante da minha frente? -Desafiou Shirase.
Chuuya, trêmulo, sentado em seu sofá, não prestava atenção ao que se ocorria na entrada da casa, e disparou, em um tom de vulnerabilidade:
-Quem é? Mande embora de uma vez. Não estou com cabeça para mais nada hoje.
Shirase tentou relancear seu olhar para a sala, mas Dazai rapidamente fechou a porta atrás de si, deixando ele e o rapaz para o lado de fora.
-Primeiro, essa casa não é sua. Segundo, vá embora. Ouviu o que ele disse, e caso não saiba, você é a última pessoa que ele gostaria de ver.
O rapaz de cabelos cinzentos o encarou com agressividade, reparando na aparência vacilante do moreno devido à ressaca.
-Do que você sabe? É apenas um medíocre qualquer que coloca tinta numa tela e as pessoas te aplaudem por isso. -O dia estava muito ensolarado, com brechas de luz e céu azul espreitando por entre as nuvens, mas Shirase parecia fazer tudo aquilo virar um monte de cores artificiais e sem sentido.
-Eu gostaria de sugerir-lhe que volte para a escola primária, que é onde talvez deva estar para aprender pelo menos alguma coisa.
-Escute aqui seu merdinha- Shirase se aproximou, ficando cara a cara com Dazai. Apontou seu dedo indicador diretamente para o rosto de Osamu- você vai parar com qualquer que seja esse seu joguinho idiota e vai me deixar passar. Ou quer que eu te tire daí? -Um sorriso doente brotou em seus lábios. Aquele homem enojava Dazai. Seguramente que enojava.
Clap. A mão do artista cortou o ar, atingindo o rosto de Shirase com um estalo provido de tanta força que este cambaleou para trás, uma mancha vermelha em sua bochecha.
-Como ousa...?
-Agora eu vou dizer o que você vai fazer- Dazai assumiu um tom gravemente sério, seus olhos faiscavam de ira encarando Shirase com profundo desgosto- suma da minha frente. Suma desta casa. Suma da vida do Chuuya para sempre. Desapareça no mesmo beco imundo de depravação de onde você deve ter saído. Eu sei muito bem o tipo de gente ordinária que você é, e ele está muito melhor sem você por perto.
Shirase fitou o artista, indignado. Compreendeu: Osamu era uma muralha que protegia Chuuya. Uma defesa para o jornalista que ele nunca havia visto igual.
Um inimigo, era isto.
A postura de Dazai diante da entrada da casa era como a de um guardião --um guardião que ao invés de armadura, usava roupas chiques todas amassadas e sujas de tinta.
-Vá embora. Agora. E queime no inferno.
Shirase riu, passando a mão pelos cabelos nervosamente, ele e Dazai eram como dois predadores, brigando pela mesma coisa.
-Não sei que história o Chuuya inventou pra se fazer de vítima pra você, mas se cuida. Ele não é lá flor que se cheire. Já que insiste, então eu vou. Mas vou voltar.
O rapaz começou a caminhar para trás, sem tirar o olhar do moreno. Depois de assumir certa distância, atordoado pelo bloqueio que Dazai representava-lhe, virou-se enfim, e foi se afastando até dobrar a esquina mais próxima.
Osamu suspirou aliviado ao vê-lo sumir de seu campo de visão. O ar ao redor pareceu-lhe mais puro, o dia mais belo. Abriu a porta da casa outra vez, e adentrou a sala a tempo de encontrar Chuuya sentado no sofá, segurando um punhado de pílulas nas mãos trêmulas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Colours of Our Hearts ~•Soukoku Old AU•~♡
Fiksi PenggemarDazai Osamu tem um coração dominado pela arte. Depois da trágica morte de seu amigo Odasaku, a única coisa que ele buscava eram as cores do mundo ao seu redor. Aquilo fora uma promessa. Pronto para passar um período de verão hospedado em uma casa lo...