°•There is a light painted between the darkness•°

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Caía uma garoa suave sobre Whitby.

Chuuya encontrava-se parado na calçada, sem se preocupar em portar um guarda-chuva. Estava cansado demais de tudo aquilo.

Seus olhos encaravam tristemente a estrutura vandalizada do Whitby's Weekly Eye. Alguns homens se voluntariaram a ajudar a pintar as paredes para cobrir as pichações, e estavam arduamente cumprindo a função.

O jornalista apenas observava, imóvel.

Tinha tantas coisas erradas e sem sentido rondando sua mente que era difícil até dizer algo.

Ele só estava ali. Acompanhando o progresso da restauração porque Louisa o incomodara durante horas ao telefone por isso.

O clima não estava exatamente frio, mas a chuva fez com que uma brisa fresca se estabelecesse, auxiliada pelos ventos da maré alta daquele horário do dia.

Era um entardecer quieto. As casas de estilo europeu antigo pareciam adormecidas ao longo do contorno da via. O sol lutava para aparecer entre as brechas das nuvens espessas, deixando o céu com uma cor macabra e obscurecida. Em outras circunstâncias, seria um dia agradável na opinião do jornalista, mas não naquele momento.

Chuuya cruzou os braços para proteger um pouco de seu corpo do vento. Seu chapéu, já úmido por tanto tempo debaixo da garoa, mantinha as ondas ruivas de seu cabelo intactas.

Quando foi que Whitby começou a parecer ser um lugar tão triste?

Quando foi que a vida de Chuuya começou a ser tão deprimente?

Ele precisava de um tempo para permitir-se pensar com clareza. Sem perceber, durante horas seguidas, suas mãos iam de encontro com o pingente de opala pendurado em seu pescoço. Como se aquilo fosse trazer Dazai de volta. Que grande perda de tempo. Que grande besteira.

Uma voz doce e familiar o puxou rapidamente para fora de seus pensamentos, de súbito.

-Vai acabar pegando um resfriado desse jeito. Você deve se cuidar mais com esse clima!

Chuuya voltou-se para olhar a figura que achegava-se ao seu lado. Por um momento sentiu um conforto ao ver a mulher elegante se aproximar dele. Era como se um raio de sol viesse penetrar na escuridão que o deteriorava por dentro.

-Kouyou... bom te ver. -Ele comentou, simplesmente, visualizando o atual belo traje da mulher, sabendo que certamente iria elogiá-la. Kouyou estava trajando um vestido carmesmim que dava a altura de suas canelas, revelando o par de sapatos pretos brilhantes de fivela, tudo isso acompanhado da sombrinha oriental apoiada em seu ombro. De perto era possível sentir o maravilhoso perfume de rosas que ela usava. -Elegantemente formidável como sempre. O que faz por aqui?

-Obrigada- ela ofereceu-lhe um sorriso gentil por entre seus lábios pintados de vermelho- pensei de sair comprar um par novo de sapatos de veludo, os meus já estão bem gastos, mas desisti e vim ver como está a situação do jornal. Que grande pena... é desumano...

-É. Não sei se a reforma vai estar pronta para o jornal dessa semana, mas esperamos que sim, ou ficaremos sem as reportagens previstas.

Kouyou suspirou ao seu lado. Havia uma indagação em seu olhar enquanto ela olhava para a construção sendo restaurada à frente.

-Chuuya... você por acaso tem alguma ideia de quem pode ter feito isso?

Nakahara de primeiro momento calou-se. Kouyou tinha muitas maneiras de descobrir as coisas, sabia-se lá como, então que diferença faria?

-Eu acho que sim. Quando vim trabalhar e vi a situação já soube quem foi, na verdade. -Ele deu as costas para a sede do jornal; não queria olhar para o sinônimo da sua ruína por muito mais tempo- haviam palavras russas escritas na parede. Apenas um homem desejaria meu mal dessa maneira.

The Colours of Our Hearts ~•Soukoku Old AU•~♡Onde histórias criam vida. Descubra agora