Parte II - SEXO, AMOR & VIOLÊNCIA: uma história de amor em Love Me Land

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O mar, a colina e o fogo

Me perdi nas águas do destino. Aquelas águas tão escuras quanto um magma de escuridão em que te guiam através das ondas melancólicas do mar aberto. E então, como num sopro gelado de inverno, uma tempestade violenta me levou até uma ilha desconhecida. Um território hostil e enigmático; que me seduziu. Fui despido da minha própria carne à beira da praia e aniquilei-me pouco a pouco. O que sobrou, uma alma vazia e etérea, saiu para explorar as florestas sagradas da ilha. Love Me Land também era o lar de muitas outras criaturas, como Demento, a Aranha-da-Morte e Galenna, o espírito do espelho do desejo.
Agora eu, criatura animal-humano, sem nome e identidade, me deixei ser guiado pelas criaturas da ilha até encontrar uma velha casa de infância inabitável. A casa era familiar, feita de madeira velha e maltratada pelo tempo, destruída entre si, sustentando-se por um cascalho inútil. Era noite, uma neblina tomou conta da floresta e, naquele momento, eu descobri que dentro daquela casa habitava uma outra criatura semelhante ao meu eu — do passado.
A criatura, também nua, me observava, curiosa, mas fatal. Uma chuva de sangue pousou sobre nossas cabeças, purificando nossos corpos. Uma luta violenta, uma disputa pelo ego, pelo desejo mais profundo. Pela resposta das ações inconscientes, das escolhas amargas, dos erros delirantes... do fogo encarnado.
E então, dentro da casa, cobertos de sangue e ferocidade, um fogo ardente se alastra. Um incêndio que eu mesmo iniciei, dominado pela raiva, pela loucura. Me afasto de mim mesmo, correndo para a única saída, deixando para trás aquele menino nu assustado, dominado pelo medo absoluto, o único vestígio de que ainda estava vivo por dentro.
Ouço os gritos saborosos da criatura animal-humano do passado passear pelos meus ouvidos enquanto o sol começa a nascer no horizonte, guiando-me através da floresta ensanguentada até um lago cinza. Deixo o meu corpo se banhar nas águas turvas do lago, livrando-me do sangue, da imundície. Das mentiras e dos dogmas. Dos desejos, de mim mesmo.
Agora sou uma nova criatura, sem nome, ainda nua. Procurando um território em que eu possa me encontrar, me sentir, verdadeiramente me amar.
Procurando, incansavelmente, por um novo lar.

Bem-vindos ao Ato 2 de Love Me Land.

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