Dezenove: Resquícios do amanhecer

13 2 0
                                    

Sou múltiplos de mim
Habitando uma casca vazia
Transitando entre o banho de luz
E a morte demoníaca
Me desfaleço nas marés turbulentas

Amaldiçoado na luxúria
Entorpecido na busca incessante pelo sexo
Sou adentro e lá fora,
uma só espiral melancólica
Podre nas paredes; desconheço-me

Danço com o espelho, obliterado no desejo
De me esconder na escuridão silenciosa
E devastadora que é a minha solidão
Carregada num pote de vidro sujo
Sob a luz metálica da lua minguante

Me envergonho das minhas cicatrizes
E banho o meu corpo em um poço com sangue rubro
Para dizer adeus as estrelas, aos lagos infinitos
Ao paraíso perdido
Lar dos meus sonhos mais antigos

Embebedo-me dos resquícios do amanhecer
Preso dentro dos meus lábios
Dissolvido em lágrimas que não são minhas
Parto para a direção da alma
Que não está mais enjaulada

LOVE ME LAND Onde histórias criam vida. Descubra agora