Capítulo 10

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O salão estava extravagantemente enfeitado, da forma que eu queria

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O salão estava extravagantemente enfeitado, da forma que eu queria. Thomas me ajudou em tudo; ele procurou os artistas de circo e os trouxe para o castelo. O rei ficou deslumbrado por eles, ainda mais pelas moças, como planejei. Queria mostrar ao rei e à nobreza os prazeres e diversões fora do castelo, fora dessa doutrina rígida.

E seria assim, dando o fruto proibido, que eu iria conquistá-los. Igual à serpente que enganou os pobres filhos de Deus, melhor ainda, os deixaria tão distraídos que eles não veriam sua princesa caindo em minhas garras.

A minha princesinha se afastou, me deixando só no salão, com as contorcionistas. Olhei para mim através do reflexo de uma das taças que tinham na mesa. Eu odiei a imagem. Não era pelas roupas e tinta que me cobriam; era pelo significado. Aquela imagem mostrava um fantoche, um parasita, que vive na função de fazer os outros rirem e alimentar seus corpos, de bajulações e prazeres. Estava de novo à mercê de agressores, mas eu faria de tudo por eles, para me manter vivo, para fazê-los acreditarem que são eles que têm controle. Porém, não poderia mentir: eu gosto, gosto de ir ao meu limite.

A dor, a autodestruição, me excita, me motiva ainda mais para o meu fim, para minha vingança. Eu acabaria com essa corja de nobres, faria um por um cair dos seus pedestais. Eu os levaria ao pecado e iria fazê-los pagar por eles. Não sou um anjo nem demônio; sou um humano, sou um homem que mata e salva. Somos assim mais poderosos que Deus e os anjos e demônios. Temos o mal e o bem, podemos ser bons ou ruins, ao contrário de Deus que é santo ou do Diabo que é maligno. Eles não podem mudar de lado, mas eu, sim. E, nessa noite, eu decidi ser maligno.

***

As pessoas entraram sem parar no salão, olhando para os tecidos caindo do teto, para as contorcionistas em cima da mesa central, com os corpos pintados. Pude ver curiosidade e medo em seus olhos. As mesas estavam enfeitadas com flores e comidas. Quem prestasse um pouco de atenção veria que as flores eram um disfarce para não ver que as comidas e os pratos não estavam em abundância.

A música contagiava as pessoas, trazendo a sensação de alegria para seus corpos. Mas nada iria se comparar com a alegria quando eles tomassem o que eu e Thomas preparamos. Sentei sobre a pilastra do andar de cima e ouvi as trombetas soarem. Eles chegaram.

— Apresento a vocês o rei e a princesa de Tricket — as portas se abriram e tive a visão deles entrando no salão. Minha princesinha vestia um vestido vermelho, com detalhes dourados, que apertavam seu corpo e seios. O rei parou no meio do centro.

— Agradeço a presença de todos que estão aqui, nesse momento tão especial que é a comunhão dos reinos, de um novo aliado, príncipe Henry e minha filha. — Ele disse, pegando uma taça. — Com vocês, um brinde a Henry e minha filha.

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