Joker me arrasta para fora do labirinto e além do jardim. Os guardas estão ocupados demais com o baile para vigiar os cavalos.
— Não sei como me sinto em relação a isso.
— Tudo bem, assim é melhor para mim.— seu sorriso é mais aberto e sincero do que antes, como se apenas a ideia de ser livre por uma noite pudesse mudar a aura maliciosa dele.
Joker me segura pela cintura e me levanta. Realmente me levanta. Não sei como seus braços podem ser tão fortes, mas quando percebo estou em cima do cavalo, meu vestido ocupa todo o dorso do animal, mas consigo enganchar um dos pés na cela.
Eu apanho as rédeas, mas quando me dou conta, Joker sobe atrás de mim.
— O que está fazendo?— eu me assusto.
— Se segure, princesa.Vamos ganhar muita velocidade.
Eu sei que ele avisou, mas eu jamais estaria preparada para isso. Joker grita e bate as redeas várias vezes enquanto o cavalo corre, atingindo a velocidade máxima que suas patas e cascos conseguem atingir.
Coloco minhas costas contra o peito dele e fecho meus olhos, se derraparmos e o cavalo cair, não vai ser bonito.
Mas a adrenalina no meu estômago me deia cada vez mais ansiosa, apesar do medo, estou rindo e não sei por quê.
Dura vários minutos até que a velocidade diminui.
Essa era a primeira vez que eu saia do castelo desde o dia em que conheci Joke, e definitivamente, a primeira que aparecia no reino sem meu disfarce de criada.
Não estou preparada para isso.
Joker para no meio da praça aberta. De dia, aquele lugar abrigava a feira com inúmeras barracas a céu aberto, mas com a noite, todos haviam se recolhido.
— Venha, princesa.— Joker saltou e estendeu os braços para mim.— vou ajudá-la a descer.
— Parece deserto.— falo baixinho.
—Nem sempre foi assim.— ele me oferece o braço e eu o seguro enquanto caminhamos. — festas no castelo era sinônimo de festas no reino todo.
— O que houve?
Ele ri sem humor.
— Já viu festas sem comida?
Suas palavras são um baque que eu já esperava.
— Acreditaria se eu dissesse, que a fome do povo dói em mim também.
— Porque eu não acreditaria?— ele parou em frente a um dos poucos lugares com luz acesa e dentro vinha uma música animada.— eu vejo você, princesa. Sei o que você almeja.
— Que lugar é esse?
— Uma taverna.— ele sorri, mais travesso e desafiador.
— Nem pensar, eu sou uma dama e uma princesa. Não posso entrar em um lugar assim.
— Lembre-se de sua dívida, eu quero o seu prazer.
Eu rio alto, totalmente incrédula com o que ele está propondo.
— Está louco se acha que terei prazer visitando um antro de prostitutas e ladrões.
Joker está sério pela primeira vez na vida, apenas absorvendo complacente o que eu disse.
— Sinto lhe informar, querida Joanne, que a fama dessa taverna não condiz com a realidade.
— E o que isso quer dizer?
— Bem, entre e verá.
Joker aponta teatralmente para a porta da taverna, me dando as boas-vindas ao lugar. Eu não tinha certeza se devia estar fazendo isso, mas com certeza, não estava em mim recusar um desafio.
Me viro para a entrada e sinto suas mãos apoiando-se em meus quadris. É tão invasivo e errado.
Deus me perdoe, mas me lembrar de como ele me tomou em seus braços no labirinto, sua boca, a língua em meu pescoço e ombros, me faz sentir coisas que nem mesmo sonhei.
Então outro pensamento vem à tona. Eu devia estar me sentindo assim com Henry, afinal, a noite de hoje é para ele, para o nosso noivado.
— Eu não posso.
Me viro para ir embora, mas sou agarrada e Joker me coloca em seus ombros, sinto a porta da taverna se abrir com um empurrão do meu traseiro e então tudo muda.
Os cheiros, os sons, as cores. Aquele era outro mundo.
Joker me dá um tapa no traseiro que me enche de vergonha e raiva.
— Entrega real. — ele diz alto enquanto me desce.
Eu o empurro, olho em volta para todos aqueles olhares curiosos e até a música para, dou alguns passos para trás, me aproximando da saída como se fugisse de um animal perigoso, com cautela. Minhas costas batem em algo e a contar pela protuberância na altura da minha lombar, é Joker.
— Não vai dizer nada? Você é a atração.— ele sussurra em meus ouvidos.
— Estão todos olhando para mim. Isso é desconfortável.
— Agora sabe como eu me sinto.
Ele me dá um leve empurrão, eu tropeço e acabo indo quase um metro para frente.
Um homem de meia-idade, parado com o esfregão na mão diante de uma poça, começa a se curvar lentamente para uma reverência, de cabeça baixa, ele espera. Ao redor do salão, homens, mulheres e até crianças, começam a se curvar para mim.
Eu olho para Joker, buscando auxílio, ele está sério e me encarando com olhos sombrios, também se inclina.
Não era isso que eu queria. Jamais pagaria minha dívida com ele sendo reverenciada dessa maneira.
A cada dia me sentindo menos princesa e mais uma diplomata. Mas não posso fugir do que eu sou.
A raiva crescer enquanto penso no que fazer, uma nota escapa do alaúde e me viro para o canto, sabendo exatamente o que fazer.
— Bardo? Toque para sua princesa..
Ele assimila muito rápido o que eu disse e em segundos a música cresce e se anima em seu instrumento. As notas me encantam completamente e aos poucos, o público se levanta, alguns ainda atordoados e completamente confusos.
Eu sorrio para o bardo que começa a cantar, não posso tirar os olhos dele, parece tão livre, seu sorriso aberto combinando com os olhos de azul profundo, eu quero ir até ele e dançar a sua música, chego a dar um passo.
Sou trazida de volta quando Joker agarra minha cintura e me vira para ele.
— Não.— ele repreende me fazendo gargalhar - você é minha, Princesa Joanne.
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Olá, seja bem vindo a nossa história tomare que esteja gostando, por favor lembrem-se de curtir nossos capítulos, assim iremos atualizar a nossa história, quero agradecer de novo CadeiraDeRodasDaSN que vem nos acompanhando, e a aninha050607 que marotonou nossa história, amo todos vocês até segunda.
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Tricket
RomanceJoanne conhece Joker por acaso e ele a persegue de propósito. Enquanto tenta ajudar o povo que sofre com a seca e a fome, Joanne se apaixona por um bobo da corte. Ela só não esperava cair em mundo de prazer e luxúria, não esperava nada que aquele pa...