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012 — "𝐸 𝑒 𝑝𝑟𝑎 𝑙𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑟𝑒𝑖 𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠."

Terça-𝗳𝗲𝗶𝗿𝗮, 𝟭𝟵𝟳𝟴 — 𝗗𝗲𝗻𝘃𝗲𝗿, 𝗘𝘀𝘁𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗨𝗻𝗶𝗱𝗼𝘀

Robin estava em seu quarto, deitado de bruços em cima da cama, o garoto resolveu desenhar para passar o tempo era um dos seus fortes, ele abriu o seu caderno se decepcionando com os seus desenhos rabiscados.

— Mike! Porque mexeu nas minhas coisas?! — Ele se levantou correndo, indo até o outro lado do quarto onde o primo estava jogado sobre a cama. — Eu não mexi. — disse balançando os ombros.

— É claro que você mexeu! — gritou e Mike se sentou na cama encarando ele. — Você não pode provar. — o primo disse e Robin mordeu os lábios de raiva. Charles entrou no quarto olhando para os meninos.

— Qual é o problema em?! — perguntou. — Ei Tio Charles. — Mike se levantou. — E ai, Robin está pegando no seu pé? — o mais velho perguntou fazendo o Arellano apertar seu caderno em suas mãos.

— Ele mexeu nas minhas coisas. — disse estridente e Charles olhou para o caderno em suas mãos. — Em que coisas? — perguntou e Robin levantou o caderno. Charles pegou o caderno, abrindo e folheando ele.

— Como foi a corrida? — perguntou ao filho, que abaixou a cabeça imediatamente, Mike se colocou na frente. — Tem um garoto na escola, ele é nosso vizinho ganhou de toda a sua turma... Até do Robin.

Mike disse e balançou seus ombros fazendo Robin o lançar um olhar de reprovação, Charles olhou na direção de Robin ainda folheando as páginas do caderno em suas mãos com desinteresse.

— Quero que recolha todo o lixo antes do jantar. — disse entregando o caderno nas mãos do Arellano sem importância.

Charles e Mike estavam na estufa da família, o mais velho explicava para o menor sobre as flores roxas que haviam crescido. Robin havia acabado de retirar o lixo de casa, ele se escondeu atrás de uma das madeiras olhando o primo e o pai encarando as flores.

— Elas não são incríveis? — exclamou Charles. — São muito maneiras Tio! Eu acho que vão crescer muito, talvez encha o pomar. — o outro disse animado, fazendo o estômago de Robin revirar.

[...]

Quarta-feira 1978 — Denver, Estados Unidos

A aula havia acabado de começar, a professora Edna entrou na sala animada mostrando alguns instrumentos aos adolescentes na sala, Robin permaneceu sentado na sua cadeira enquanto Finney se levantou e pegou um pandeiro nas mãos.

A professora começou a tocar o plano, deixando que o restante dos interessados tocassem outros instrumentos enquanto ela cantava uma música que não era relevante para o mexicano.

Javon que estava em cima da mesa, quase perto da professora cantava mais alto que a turma toda, o que fez Donna rir e se envergonhar pelo namorado. Não que o restante já não estivesse acostumado com o jeito do Hopper.

Após a aula, Robin estava sentado em um dos bancos do ônibus escolar, ele estava segurando seu caderno de desenhos na folha desenhava a professora e os alunos da sala cantando como mais cedo.

Finney estava sentado no banco em frente, se virou olhando o desenho no caderno do garoto sorrindo curto, ele se estorou no acento olhando para as mãos de Robin e depois para o desenho.

Robin fechou o caderno envergonhado assim que notou o ruivo lhe encarando, e o jovem Blake que também ficou tímido se virou novamente tirou duas embalagens de chiclete do seu bolso, e uma ofereceu a Robin com um sorriso que pegou retribuindo o mesmo sorriso.

[...]

Quinta-feira 1978 — Denver, Estados Unidos

Mais um dos dias insuportáveis na escola para Robin, o garoto estava tão distraído e perdido em seus pensamentos que não tocou Matty e Buzzy atrás de si, os amigos passaram por ele derrubando sua mochila e seu caderno no chão, correndo em seguida.

— Cuzões. — resmungou colocando a mochila nas costas novamente. Finney pegou o caderno do garoto do chão e abriu, folheando as páginas. — Caramba, você desenha muito bem, é melhor que qualquer um que eu já vi.

— Ah... Obrigado. — Robin disse e o outro sorrisou entrando na sala de aula. Robin engoliu em seco entrando logo atrás e se sentando.

— Quero ler essa redação, por duas razões. Primeiro, pelo bom uso dos adjetivos, e segundo é claro que o autor prestou atenção ao que ele viu e o que estava sentindo. E isso é muito para qualquer texto. — a professora explicou olhando para todos.

— "Aparelho autônomo de respiração para mergulho" de Finney Blake. — A mulher sorriu e levou todos os olhares até o cacheado. — Finney porque não lê para a gente?

— Ah... Claro... — disse sem jeito se colocando de pé e segurando a folha em suas mãos. Caminhou até onde a professora estava e olhou para a turma, se sentindo constrangido por tantos olhares em si.

Eu sigo em frente, bem devagar um mundo lindo e inexplorado abaixo de mim, flutuo silenciosamente... E o som da minha respiração quebra o silêncio. — Sem perceber Robin estava com seus olhos focados em Blake que lia o texto com um sorriso no seu rosto. — Acima de mim, nada além da luz trêmula que é do lugar de onde eu vim... E é pra lá que voltarei depois.

Estou mergulhando, eu sou um mergulhador. Vou mais fundo, vejo pedras viscosas e algas escuras... Na imensidão azul um cardume de peixes me aguarda. — o Arellano se deixou ser levado pelo texto, se imaginando no seu próprio mar azul enquanto mergulhava pelo cardume de peixes.

Robin se imaginou entre os peixes enquanto encarava firme Finney que ainda lia o seu texto, o garoto se sentiu leve, como se em anos não tivesse parado para descansar. Como se estivesse a beira da liberdade.

Enquanto estou nadando, bolhas saiem de mim. E sobem oscilando como se fossem águas vivas. — explicou o Blake, Robin também viu as bolhas como se o ruivo estivesse mesmo rodeado de bolhas que subiam até sumir.

Verifico o oxigênio, não tenho o tempo que precisava para apreciar tudo. Mas é isso que torna a experiência especial. — Finney sorriu, levando seu olhar até o Arellano. — Obrigado Blake, hoje às 19hr haverá um programa sobre Bob Dylan, eu quero que vocês assistam e escrevam sobre o que aprenderam... — a professora se levantou e começou a explicar algo na lousa.

Finney concordou e voltou para a sua mesa, o moreno acompanhou Blake com os olhos até que ele se sentou e se virou para ele e depois para a professora.

— Sim, Blake? — perguntou a mulher vendo o ruivo com a mão erguida. — E quem não puder assistir à esse programa? — perguntou genuinamente. — Tenho certeza que poderá assistir à ele.

— Mas... E... Quem não tiver uma tv? — perguntou inseguro. Levando os outros na sala rirem tão alto que fizeram os belos dos braços de Finney se arrepiarem. — Meu pai disse que televisão queima os neurônios... — explicou o Blake.

— Seu pai não sabe de nada, a gente assiste tv todo dia lá em casa! — disse Matty rindo. — Por isso você é assim... — respondeu baixo.

— Bem Finney, não precisa escrever sobre isso então, escolha outro tema e escreva sobre ele. — a mulher falou, e Mike se virou para o jovem Blake. — É, sobre como é a vida na caverna. — comentou fazendo todos rirem novamente.

— Cala a merda da boca Mike. — Robin se virou pra ele encarando o primo que balançou os ombros estranhando o primo. — Já chega vocês. — a professora gritou.

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- 𝐋іᥒһᥲs 𝐃᥆ 𝐀m᥆r © . (...) Onde histórias criam vida. Descubra agora