Capítulo 8

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Narradora.

─ Se seguirmos reto em uma hora chegaremos em Rayong.

Kaokla nunca foi tão grato como naquele momento. Rayong era a cidade onde ele havia crescido, e lá com certeza eles teriam um lugar para descansar e pensar com calma. A casa de seus pais ficava em uma das ilhas em Rayong, só tinha um pequeno problema... A da sua noiva, também. Como ele iria explicar a presença de Khim para eles?

No entanto, aquela era a única e a melhor opção que eles tinham no momento. Ela precisava de um médico e ele de muita cerveja para amenizar a dor de cabeça que estava sentindo. Kla não gostava de beber, mas nessa horas era a única coisa que ele podia fazer. Ele acelerou um pouco mais e sentiu as mãozinhas apertarem sua camiseta, isso indicava de que ela estava consciente e pra ele era o suficiente por hora.

...

─ P'Kaokla, porque paramos aqui? ─ Khim olhou em volta, admirada com a beleza do lugar.

A praia extensa tinha quebra-mar por toda orla, e quiosques fofos espalhados pela areia. Mais pra frente, haviam algumas ilhas grandiosas e lindas, que tornavam a paisagem paradisíaca e única. Ela já tinha ido a Rayong antes, mas apenas no centro, nunca tinha visto aquele lado da cidade, e desejou ter conhecido aquela area antes.

─ Vamos para minha casa ─ ele respondeu após conversar com o dono de um dos barcos que estavam estacionados na beira do mar ─ sua moto vai ficar aqui, depois voltaremos para buscar de balsa.

─ Por que não vamos de balsa agora?

─ Porque demora demais e você precisa de um remédio, me admira que não teve uma convulsão.

Ela não respondeu, apenas aceitou a mão que ele oferecia e entrou no pequeno barco. Em menos de 3 minutos eles estavam na areia novamente, mas desta vez do outro lado. Khim olhou em volta e ficou encantada novamente, era tudo tão perfeito que não parecia real. Ela fechou os olhos e sentiu a brisa da maré, o vento morno e a areia quente.... Muito quente...

Aí meus pés ─ ela correu de volta para agua, dando pulinhos e gritinhos engraçados - Não ria de mim! ─ ela pediu ao ver que Kla mordia os lábios segurando o riso.

─ Não estou rindo...

─ Mas você quer! ─ dessa vez ela riu de si mesma ─ acho que preciso de sapatos, os meus ficaram para trás.

─ Eu vou te levar no colo. Venha, você não pode ficar molhada ou vai piorar.

─ Acho que já estou melhor ─ ela respondeu dispensando a ajuda dele ─ se você achar alguns...

─ Não! Você vem no meu colo! Não temos tempo para achar nada, vamos sair desse sol do meio dia antes que você derreta.

Depois de tentar olhar para o sol várias vezes e tentar achar outra solução, ela enfim cedeu. Saindo da água, ela deixou que Kla levasse ela em seus braços. Ter as mãos fortes dele sobre si lhe causou borboletas no estômago, mas Khim desejou atirar em todas elas, pois não gostava daquela sensação.

─ Você deve estar cansado... ficou horas me segurando em cima da moto.

─ Não importa, você está doente e com o braço machucado. Em partes é culpa minha... Se eu tivesse tentado te avisar antes...

─ O que você está falando?

─ Eu... Eu vi que seu macacão tinha aberto e não te avisei a tempo. Desculpe-me.

─ Isso não é culpa sua, eu que estava dirigindo embriagada, a culpa é somente minha. Se está fazendo isso por remorso pode parar, você não precisa se desculpar por nada... Eu que tenho que pedir desculpas por te colocar nessa bagunça.

─ Está...

─ Não diga que está tudo bem. Eu sei que fiz besteira, devia apenas ter ido pra casa e aceitado as consequências dos meus atos, não fugido como uma criança mimada.

Kla queria dizer que ela estava certa; que a atitude dela foi de fato de uma criança mimada, como ele gostava de chama-la, mas, ao invés disso ele prestou atenção na trilha, pensando que não era tão ruim assim o que estava acontecendo; Kla nunca foi de sorrir, mas, ao lado dela ele já tinha rido mais do que se lembrava de ter feito em toda sua vida.

Ela era engraçada e falante, sempre contando detalhes sobre qualquer mínima coisa que ele perguntasse. Ele nunca teve alguém assim por perto, exceto seus irmãos, que falavam o dobro e, ao lembrar disso sua cabeça doeu outra vez.

─ *Como eu vou aguentar todos eles juntos?* -
─ ele pensou chorando internamente.

...

Depois de alguns minutos de caminhada, eles finalmente pararam na frente de uma casa de dois andares que tinha a aparência de um chalé nas montanhas, mas várias vezes maior. Khim dormia tranquilamente nos braços de Kla, como se soubesse que ele não a deixaria cair. Ele olhou para ela várias vezes antes de ter coragem de passar pela cerca de flores que rodeavam a casa.

Tudo estava em silêncio, o que significava que seus irmãos tinham saído para trabalhar e suas esposas também e, muito provavelmente as crianças dormiam. Uma menininha ruiva com lindos olhos azuis saiu de dentro da casa e começou a correr em sua direção, mas parou quando viu a moça em seu colo.

Você trouxe uma princesa? ─ Kylie perguntou baixinho com um sorriso gigantesco enquanto dava pulinhos ─ ela é tão linda.

Kla concordou e sorriu para a sobrinha que estava mais linda e bem maior do que ele se lembrava desde a ultima vez que a viu. Já fazia alguns anos que ele não aparecia por lá, então, falavam apenas por telefone.

─ Oi, Kylie. Eu trouxe, mas é segredo! Ela se perdeu em um reino distante e eu preciso esconde-la até um príncipe encontra-la. Pode me ajudar a levar ela para dentro?

A garotinha balançou a cabeça rapidamente e correu para abrir a porta. Ele entrou e olhou para em volta para confirmar que não tinha ninguém.

─ Onde estão todos?

─ Já saíram para trabalhar. Eu fiquei porque vou ajudar tia Mari com uma coisa.

─ E a vovó e o vovô?

─ Estão ajudando uma vizinha que entrou em trabalho de parto.

─ Okay...

Eles subiram para o segundo andar e Kylie levou eles para seu quarto, que segundo ela tinha a cama mais macia da casa e, uma princesa merecia uma cama confortável com muitos ursos em volta. Kla colocou Khim na cama com cuidado e ela abriu os olhos, confusa de onde estava, ele apenas os fechou com delicadeza e sussurrou que ela poderia voltar a dormir, instantaneamente ela suspirou e adormeceu.

─ Preciso te avisar, essa princesa em questão ronca muito alto. Não se assuste!

Kylie deu uma risadinha e se sentou ao lado de Khim.

─ Ela só está cansada, eu vou cuidar dela para você. Vá tomar banho, você fede.

─ Eu... ─ Kla cheirou suas roupas e viu que fato não estava com o melhor cheiro, já que tinha passado o dia trabalhando no autódromo e depois eles só fugiram ─ você tem razão, pequenina. Mas, antes de tomar banho preciso que chame Wana, a curandeira, nossa princesa está doente.

Os olhinhos da garotinha se arregalaram em preocupação e ela colocou a pequena mãozinha na testa da princesa adormecida.

─ Está muito quente ─ a pequena disse retirando os fios de cabelo do rosto de Khim ─ eu volto em 5 minutos, não saía de perto dela.

Kylie andou na pontinhas dos pés e depois que passou pela porta correu - fazendo barulho pela casa inteira - Kla riu da inocência e do cuidado que a pequenina tinha com as pessoas; Mesmo se ela soubesse que Khim não acordava com barulhos altos ela não teria corrido dentro do quarto.

Ele se sentou ao lado da cama e ficou olhando para Khim. Nem em seus sonhos mais loucos teria imaginado ela na casa de seus pais, dormindo na cama de sua sobrinha e, ele ao lado como um bobo "enamorado". Alisando os fios castanhos claros, que continuam fios com cor de ouro velho misturados, ele suspirou.

─ Por que seu príncipe ainda não veio te salvar, princesa? ─ Kla perguntou baixinho, pegando a mão dela e depositando um beijo doce.

Em suas mãos... ❤️ - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora