Capítulo Trinta e Quatro

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Meus olhos ainda estavam se acostumando com a claridade do local quando Henry abriu as cortinas de seu quarto. Mal havia conseguido dormir naquela noite – a noite tinha sido ótima, queria poder repeti-la outras vezes, porém, eu já estava incomodada com outras coisas há um certo tempo –, tentei aproveitar ao máximo a noite, mas aqueles pensamentos que sempre me amedrontavam haviam voltado, e desta vez estavam muito piores.

Voltei a senti-los quando Diana e Alba contavam empolgadas sobre os presentes que receberam de nossos pais, e para mim... bom, não enviaram nem ao menos uma carta. Eu não queria presentes, não me importava, mas uma carta ou um simples bilhete respondendo às muitas correspondências que enviei a eles, os quais não se importaram em me enviar uma resposta, seria um tanto quanto gratificante para mim. A última carta que a minha mãe havia me enviado foi semanas antes, alguns dias após minha chegada em Arineia, nela dizia que eu devia encontrar um marido, cuidar da minha aparência e evitar – a todo custo – ganhar alguns quilos a mais.

Eu havia ficado chateada por não ter recebido ao menos uma carta de meus pais desde minha chegada aqui, enquanto minhas irmãs recebiam cartas e presentes quase todas semanas. Eles me tratavam com tanta diferença em relação às minhas irmãs. Eu me sentia incompreendida e desvalorizada por meus pais, especialmente por minha mãe, que constantemente enfatizava a importância da aparência e da conformidade com os padrões de beleza. Era uma luta constante para mim, que buscava aceitar a mim mesma, mesmo quando minha própria família parecia rejeitar-me.

— Teve uma boa noite de sono, olhos de cristais? — Henry perguntou, começando a se vestir.

— Sim — respondi, ainda entre as cobertas.

A manhã havia amanhecido um pouco fria, e eu não queria me levantar da cama, mas sabia que tinha, pois Raquel viria à minha procura.

Após Henry terminar de se vestir, ele caminhou até mim, sentando-se ao meu lado na cama, eu estava deitada de bruços. Henry abaixou a coberta que estava sobre meus ombros, e começou a massageá-los, senti meu corpo se desfazer em seu toque. Henry continuou a massagear suavemente meus ombros, senti seu toque habilidoso relaxando as tensões em meus músculos.

— Está tudo bem, mon chéri? — Ele questionou, ainda apertando a parte entre meus ombros e pescoço. — Parece tensa.

Suspirei suavemente, enquanto relaxava sob a massagem, meus olhos se fechando por um momento.

Eu não estava bem, já fazia dias que não me sentia bem, mas ao lado deles algo em mim mudava, esse sentimento se esvaia, mas era momentâneo, quando estavam distantes de mim eles retornavam, cada vez mais fortes.

— Estou um pouco cansada, mas estou bem — respondi, abrindo os olhos.

Procurei por Will no quarto, mas ele não estava em lugar algum. Sentei-me na cama, encarando Henry.

— Onde Will está? — Perguntei.

— Ele saiu um pouco antes de você acordar — Henry respondeu, ele ficou em silêncio por alguns instantes, me fitando. — Ele estava diferente esta manhã, algo aconteceu entre ambos?

Respirei fundo, não sabia como respondê-lo, não sabia se algo realmente havia acontecido entre William e eu. Apenas fiz a mesma pergunta que havia feito para o loiro na noite anterior:

— Teria filhos comigo, Henry?

Ele me encarou, boquiaberto, não consegui decifrar o que seus olhos e sua expressão diziam.

— William não terminou dentro de você na noite anterior, e eu e você nunca fizemos... não há possibilidades de...

— Henry! — exclamei, interrompendo-o, um pouco incrédula com o que ele estava falando. — Estou perguntando se teria filhos comigo, não estou dizendo que estou grávida, sei o que aconteceria se estivesse, apenas estou perguntando se...

Um Amor e Três Altezas (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora