Capítulo Trinta

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Eu e Henry aguardávamos do lado de fora dos aposentos de Genevieve, minutos após Henry deixar a biblioteca, ela vomitou, era bom que ele não estivesse presente naquela ocasião, Henry não suportaria presenciar uma cena como aquela sem que seu estômago também fosse expelido. Viv quase manchou seus cabelos e vestimentas, com o tapete da biblioteca não foi diferente, ela permaneceu vomitando e tossindo por minutos, e logo em seguida perdeu a consciência.

Após ter que deixá-la em seu quarto, alguns minutos - os quais pareceram uma eternidade - mais tarde, o médico da corte convocado por Anastácia chegou, eu e Henry estávamos impacientes, andando de um lado para o outro no corredor, minha mãe, Raquel e Alba estavam dentro daquele quarto com Genevieve e com o doutor por vários longos e angustiantes minutos. Eu e Henry não trocamos uma única palavra durante todo aquele tempo de espera.

Praticamente vinte minutos depois, o médico finalmente deixou seu aposento, fechando a porta. Eu e Henry fomos em sua direção, prestes a enchê-lo de perguntas.

— Doutor, a senhorita Wannell acordou? — Henry perguntou, se aproximando do idoso, quase a metade de sua altura.

— Sim, ela acordou — ele respondeu.

— Podemos vê-la? — Perguntei, com uma pontada de esperança em minha voz.

— Creio que o ideal no momento é deixar com que a senhorita Wannell se recupere antes de receber visitas.

— Certo, obrigado, doutor — disse, um pouco decepcionado.

O homem caminhou pelo corredor, descendo as escadas e desaparecendo de nossas vistas, conseguia ouvir as vozes abafadas por de trás da porta de madeira, eu queria ter conhecimento do estado de Viv, mas não era apropriado que a víssemos naquele horário, talvez acompanhados, mas duvidava muito de que Anastácia permitiria que a víssemos antes do amanhecer.

— Já é um pouco tarde, será que devemos nos preparar para se deitar? — perguntei, olhando para Henry, que ainda tinha um semblante preocupado em seu rosto. Ele não tinha o costume de demonstrar preocupação pelas pessoas, ele quase nunca fazia, apenas me lembrava de uma única vez em que demonstrou preocupação por alguém, foi comigo alguns anos atrás após eu ter caído de meu cavalo enquanto apostava uma corrida com ele, fiquei desacordado por quase um dia todo, Anastácia dissera que ele não saiu do meu lado por um segundo sequer, depois daquilo, Henry ficou uma semana toda se desculpando, mesmo que a ideia da corrida tivesse sido minha.

— Pode ir até seus aposentos se quiser, acho que irei até a biblioteca, ficarei por alguns minutos lá, e tentarei não deixar tantas coisas para que os criados arrumem pela manhã - Henry disse, parecendo um pouco mais calmo.

— Eu irei com você, gosto de lhe fazer companhia — falei, ele sorriu, mostrando os dentes perfeitamente alinhados.

— E eu gosto da sua companhia, Will — ele respondeu, por alguns segundos me permiti observar seus olhos, os quais eu sentia vontade de eternizá-los em uma de minhas pinturas, assim como um par de olhos azuis como cristais que ora me lembrava o céu, ora me lembrava o mar.

Ele começou a caminhar pelo corredor, o qual era iluminado por poucas velas nas arandelas, eu o segui até a biblioteca, não falamos muito durante o caminho, evitar fazer barulho era o adequado para aquele momento. Quando chegamos, Henry começou a recolher as cartas de baralho que estavam sobre a mesa, peguei um bocado de cartas que estavam caídas sobre o chão - elas provavelmente caíram quando eu me levantei para ajudar Genevieve -, as entregando para Henry, que as segurou, por alguns segundos encostando seus dedos nos meus, senti como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo, suspeitei que ele também sentiu o mesmo, pois suas bochechas ganharam um tom avermelhado, mas não tinha certeza se o que vira estava certo, ele havia se virado de costas para mim.

Um Amor e Três Altezas (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora