Capítulo Trinta e Nove

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A tarde com Diana e Antoine havia sido tranquila; em certos momentos, senti-me um pouco solitária, mas a alegria evidente de Diana compensava qualquer melancolia. Entretanto, um receio pairava sobre mim, temendo que ela pudesse sofrer, assim como eu sofri. Contudo, Antoine parecia ser um cavalheiro respeitável, e eu pressentia que talvez viesse a pedi-la em casamento antes do término deste mês.

Faltavam algumas horas para o início do baile quando me recolhi à biblioteca. O ambiente da biblioteca exalava um silêncio respeitoso, as prateleiras de livros formavam uma atmosfera aconchegante, e a lareira lançava uma luz suave que destacava as nuances douradas dos volumes. Supus que William ou Henry ainda não haviam chegado e procurei distrair-me com a leitura. Contudo, a porta se abriu e Alba adentrou o cômodo.

— Ah, a encontrei — disse Alba, aproximando-se de mim.

— Estava à minha procura? — questionei, fechando o livro que estava em meu colo. — Como estão os preparativos para o casamento?

— Estão ótimos. E era sobre o casamento que eu queria falar com você — disse ela, num tom receoso, com as sobrancelhas levemente franzidas.

— O que a incomoda? — indaguei, fazendo um gesto para que se acomodasse em um dos assentos da sala.

— Estou nervosa com a lua de mel — confessou ela, seu nervosismo evidenciando-se no tom de voz. — Gostaria de conversar sobre isso.

— Mas eu não sou casada — respondi. — Nunca tive uma lua de mel.

— Mas teve experiências sexuais — disse ela, afastando uma madeixa escura de seus cabelos do rosto.

— O que quer dizer? — questionei, um tanto apreensiva.

— C-como foi? — gaguejou, deslizando os dedos pela barra de seu vestido.

— O que? — indaguei, um tanto incerta acerca do que minha irmã desejava saber.

— Como se sentiu quando fez? — disse Alba, abaixando o olhar; seus cabelos escuros caíram, ocultando seu rosto, e ela estava nitidamente desconfortável com tal tópico.

— Foi algo... diferente, eu diria — respondi, reajustando-me no assento.

— Fomos educadas para o dia do casamento, mas... nunca nos disseram como acontece.

— Deseja que eu lhe explique como funciona? — perguntei, incerta sobre se desejava ouvir a resposta dela.

— Por favor — suplicou, a voz sussurrada, as bochechas coradas. — Quero saber como funciona antes de me casar. Dói?

— Alba, nossa mãe conversou conosco sobre como funciona — disse, me remexendo no assento, sentindo-me desconfortável em relação à direção daquela conversa.

— Sim, eu sei, mas ela não me explicou o que de fato ocorre na noite de núpcias — disse ela, também se sentindo deslocada.

— Imagino que eu quem deveria estar perguntando a você sobre isso, não o contrário — dissera eu, e os cantos de sua boca transformaram-se em um pequeno sorriso.

— Eu estou nervosa — ela disse, mordendo o lábio inferior, um hábito que ela tinha quando estava nervosa com algo. — Sei que já teve suas experiências sexuais e pode me aconselhar.

— Te aconselhar? — engasguei-me com a minha própria saliva. — E-eu... não imagino que seja capacitada para te aconselhar, talvez Jaqueline possa...

— Quero que seja você — afirmou ela, deixando-me ainda mais apreensiva.

— Certo — disse, convencida de que minha irmã não mudaria de ideia. — O que quer saber sobre sexo?

Um Amor e Três Altezas (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora