Capítulo Quarenta

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Após a minha breve pausa na varanda, uma vez que a vertigem causada pelo álcool cedeu, retomei a postura e retornei ao salão. Antes de adentrar novamente o ambiente festivo, respirei profundamente, buscando recuperar a compostura. Enfrentar minhas amigas com naturalidade era essencial, apesar do tumulto interno que experimentava. Ao reingressar no salão, deparei-me mais uma vez com minhas amigas, Jane e Daphne, que aguardavam minha volta com sorrisos afáveis.

— Gen, querida, você está bem? — indagou Jane, visivelmente preocupada com minha expressão.

— Sim, estou bem. Apenas necessitava de um momento para respirar o ar fresco lá fora. — Respondi, procurando dissimular a sensação residual de tontura.

— Parece que a noite está mais agitada do que imaginávamos. — comentou Daphne, observando o salão que fervilhava de animação.

Concordei com a cabeça, optando por não mencionar o desconforto que experimentara ao avistar William na companhia de Amélia. Naquele momento, julguei prudente manter aquele assunto distante de minhas amigas.

— Vamos aproveitar a festa, afinal, é um baile encantador. — Sugeri, buscando redirecionar o foco da conversa para um tema mais leve e aprazível.

O diálogo com Jane e Daphne trouxe à tona a inevitável menção a Thomas, um pretendente que, de alguma maneira, havia se tornado parte de nossas conversas.

— Gen, percebi uma certa melancolia em seu olhar ao mencionarmos Thomas. Existe algo que não compartilhou conosco? — inquiriu Jane, com sua habitual gentileza, enquanto Daphne aguardava com curiosidade estampada em seus olhos.

Respirei fundo antes de responder, sentindo o peso do segredo que guardava tão cuidadosamente.

— Na verdade, minhas queridas amigas, não sinto qualquer afeto especial por Thomas, assim como por Henrique. São bons cavalheiros, mas meu coração permanece indiferente a ambos. — Expressei minha sinceridade, observando suas reações.

— Seria horrível não se casar por amor — comentou Daph, em um tom baixo, não tinha certeza se ela queria que eu ouvisse.

— Genevieve irá se casar por amor, sei disso — falou Jane, sorrindo para mim.

Tentei retribuir seu sorriso, mesmo me sentindo desconfortável com a possibilidade de não conseguir me casar.

— Mas, Genevieve, há alguém que conquistou seu coração? Alguém que não mencionou em nossa conversa? — indagou Daphne, com um brilho de expectativa nos olhos.

— Daph, isto não é uma pergunta apropriada, Genevieve não é nenhuma meretriz — repreendeu Jane, Daphne abaixou a cabeça, visivelmente envergonhada.

— Não foi o que quis dizer — disse ela, em tom de voz sussurrado, sua voz parecia frágil e incompreendida, seus lábios tremiam ao falar. — Sinto muito se a ofendi, Alteza. Apenas tentei dizer que a senhorita tem muitos pretendentes, talvez seu interesse tenha sido despertado por algum que não a cobiça tanto quanto Thomas e Henrique Pellegrini.

— Talvez haja um interesse, algo que ainda estou compreendendo. Contudo, é uma questão delicada, e por ora, prefiro não aprofundar nesse assunto. — Deixei escapar uma pequena revelação, ciente de que não podia revelar demais. O nome de William e Henry permanecia trancado em meu coração, um segredo que nem mesmo minhas mais leais confidentes poderiam conhecer.

Jane e Daphne trocaram olhares inquisitivos, e eu percebia a curiosidade acentuada em seus rostos, mas também a confiança que depositavam em mim para revelar apenas aquilo que eu considerasse apropriado.

Henrique Pellegrini se aproximou com graciosidade, e seu sorriso caloroso iluminou a expressão de sua face. Cumprimentou-me com um respeitoso inclinar de cabeça, estendendo amáveis palavras de saudação.

Um Amor e Três Altezas (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora