Princesa de aço

CAPÍTULO 3: Um noivado de mentiras

                           *LOUISE*

No quarto Emilly está agitada ,andando de um lado para o outro roendo as unhas. Como sempre, milhares de perguntas que eram respondidas com outras perguntas.

   -O rei a chamou ao salão de guerra, esta tudo bem com o reino? -

Nem lembrava que não havia contado a ela até este momento. Com um suspiro longo e pesado respondo:

   -Por enquanto não posso detalhar muito sobre o que conversamos, mas como resumo, terei que ir mais uma vez a frente de batalha, a fronteira de Bápolis está por um fio. E sabe de uma coisa, Emi ?

       -não sei!-

Está dando respostas secas, deve  estar dando o troco por evitar contar tudo. Vou no ponto, odeio esconder as coisas.

      -Tenho a pulga atrás da orelha dizendo que estamos sendo usados e meu pai ainda não percebeu e se percebeu está analisando com cuidado.-

Pretendo fazer algo e é quase certeza que Emi vá odiar.

    - Katherine me tratou super bem hoje, você acha que ela pode tramar minha morte junto ao Rei barpo? -

Sou obrigada a falar alguns pensamentos antes que por obra do destino arranque sua cabeça se tentar contra minha vida.

      -Não acho que ela teria coragem de trair a coroa, porque trairia? Ganharia nada além do que já tem.-

É cômico pensar em enfrentar aquele dragão.

  Nem imaginei que faria isso, melhor escolha? Só Deus sabe.
Fui para o que achava mais perto  de um esconderijo, a biblioteca.
Sempre fui muito fã da leitura, mas como a ocasião pedia e meus nervos estavam a flor da pele escolhi estar em paz, simplesmente deitada no sofá. E não evitei pensar  em todas as possibilidades daqui pra frente. O  reino dependia de nós e nem era uma opção deixa-los em perigo caso as fronteiras fossem rompidas e o inimigo ataque sem dó e piedade, estavam esperando um deslize, por mais que nosso exército seja forte, nada impede que o impossível aconteça.

  É dever de Katherine e meu concretizar essa aliança e defender todos do reino de um inimigo que nem se quer demos um nome. Primeira vez que pensei em Katherine depois de tudo que cogitei a alguns minutos atrás. Volto a sentir uma leve repulsa ao ligar o nome dela a conversa com vovó.

    Difícil mesmo é pensar no quanto vou sofrer ao fingir ser incapaz de machuca-la caso ela tente se livrar de mim, com toda pompa e tudo. Também sou uma princesa, amo usar vestidos, tenho a educação e postura que uma princesa deve ter, mas incapaz de ficar calada ao escutar comentários desnecessários em relação a minha escolha e atitudes.

    Todo o povo ama a família real, não por sermos as futuras governantes e meus pais os governantes atuais. Creio que nos ame por tratar eles como igual e atender as suas necessidades sem negligenciar. Nos preocupamos com o bem estar de todos.  O que encabula é eles aceitarem servir ao Palácio mesmo depois dos boatos que percorrem os cantos do reino.

    Para eles uma princesa não deveria se expor a tantos riscos estando no meio do exército, se comportar e vestir de maneira tão “grosseira” no meio de centenas de homens. Chegaram a questionar a minha pureza. Espero que a chegada desse indesejado casamento sane por completo.

    Decido ir para o quarto  desejando com todas as forças que Emily tenha ido dormir e não esteja para ver minha cara abatida e derrotada.
Quando entro está sentada lendo uma revista sem preocupação.
Mudo de expressão imediatamente, se o fizesse atrasada iria perceber minha pequena angustia. Esforço em  vão, havia notado minha presença e sem perder a atenção da revista fala com a voz carinhosa da irmã mais velha que nunca tive.

-O que preocupa a senhorita? Nem tente evitar porque sei que você faz isso. -

Droga, havia esquecido o quão direta ela é.

-Não é nada de importante, estava pensando sobre  o casamento, sobre o que está perto de acontecer...-

evidentemente, desacredita e logo lança um olhar que perfuraria até o mais duro diamante.

-Não acho que seja isso, Alteza! -

Emily realmente sabe acabar com
minha paciência.

-Realmente, não é somente isso. Satisfeita? -

Ô céus.

  -Passei boa parte do tempo após ir falar com Katherine na biblioteca. E você sabe o que mais faço quando estou desocupada, pensar, e faz bem e mal ao mesmo tempo.-

As vezes é bom ter alguém com quem possa conversar sobre medos e pensamentos sérios. A melhor parte do dia é falar com Emi e sempre ser sincera sem esquecer nenhum detalhe.

-A questão é. Devo abandonar esse medo e acreditar que não é capaz?-

Minha garganta trava e perco o ar por um breve instante.

-Não sei o que falar, nunca a vi dessa maneira. E não esperava que você se sentisse tão impotente.-

Realmente nunca tinha falado isso a ninguém, mesmo para Emily. Aquilo atormentava a anos, só nunca toquei no assunto.

-Vou deixar de ser quem sou assim que casar, pelo menos é o que esperam que ocorra-
Nem consigo rir sarcasticamente, a tristeza consome quase por completo o meu humor.
A mão amiga de Emi em meu ombro, acalma.

  -Você não precisa deixar de ser quem é, isso que a faz ser tão especial. Limpe a fronteira de Bápolis como limpou muitas outras. -

Não esperava palavras de incentivo como estas, um incentivo para limpar as fronteiras de Bápolis para que saibam que Sartagon é poderosa.