CAPÍTULO 4: Sanguinário

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                     *Gregory*

    Não posso permitir que minha futura esposa se machuque em combate, nem cogitar perder esta aliança. Se for incapaz de vencer estaremos fadados a ruína com uma parte a menos do acordo, não falo desta maneira por tratar somente como uma aliança, mas pela integridade dela. Sei que é precipitado ter preocupação, entretanto as nossas fronteiras tem uma demarcação territorial diferente da deles, pode haver dificuldades para avançar as tropas.

-Vossa Majestade, gostaria de solicitar a minha participação na limpeza das fronteiras, será de grande ajuda aos sartagos ter um líder que saiba delimitar o campo de batalha. -

O rei sabe que na frente do conselho de guerra nunca o chamaria de pai, deve sentir estranheza ao escutar trata-lo com formalidade.

-Gregory, enxerga o risco que estaria correndo? Sabemos que foi a frente de batalha inúmeras vezes, mas agora é diferente, desconhecemos o inimigo. -

Soou covarde a sua fala e sem controlar as palavras girando em minha boca, retruco:

-Então é isto, viramos covardes? Iremos enviar sartagos para a morte sem alerta-los de que desconhecemos efetivamente a força que nos ataca? É um problema nosso, estão fazendo o favor de nos ajudar.-

Como uma criança rebelde saio da sala e vou direto ao telefone para contato da princesa Louise Morvian, mas antes que chegue muito longe sou pego no ar pelo pulso forte de Lester.

-Príncipe menino, o rei pediu para que o levasse de volta ao salão, são apenas ordens, não resista.-

Ao me soltar no chão, vidro em direção a sua cabeça como se pudesse perfura-la com o olhar. Entro no salão quando de surpresa um soco atinge no lado direito. Caio de joelhos.

-Acima de seu pai, sou seu rei, você deve obediência até o dia de minha morte. Escutou bem, moleque? Não ouse nunca mais nos acusar de covardia. -

Ele grita contorcendo o rosto de maneira grosseira como se fosse criar uma nova forma. Meu pai jamais me bateu, não de verdade, até aquele momento.

-Desculpe, Vossa Majestade, achei que... -

Antes de terminar a frase ele me atropela:

-Não quero que diga mais uma "A" em relação a escolha, você não vai á frente de batalha, pode ajudar passando as coordenadas e no mapeamento que enviaremos a eles, mas não irá, somente os soldados que escolher.

- Ok, Vossa Majestade. Com sua licença, posso me retirar? -

Com ódio preso entre dentes recebo permissão para sair do salão. Só enxergo vermelho controlado pela raiva, vou para o centro de treinamentos escolher os soldados e esmurrando alguns otários para controlar a minha raiva.

[...]

Escuto burburinhos, aproximo devagar para não assustar e perder a oportunidade de ver o que está acontecendo no ringue. Minha visão é inundada por uma mulher, de cabelos curtos e negros socando pra valer um dos soldados. Sua estatura não mede mais que um e sessenta. Ágil, rápida e feroz, luta como se aquilo defendesse sua vida, tem golpes rápidos e precisos, em uma das mãos segura um nunchaku. E após desmaiar o oponente sibila com uma voz ousada.

-Quem é o próximo, em gatinhos? -

Ela diz com um sorriso malicioso nos lábios sem um arranhão do combate anterior. Nem aparenta estar cansada, não sou o melhor em corpo a corpo, mas poderia tentar ultrapassar meus limites para conhecer a moça, sem interesses, tenho uma noiva.

-Aqui. Sou o próximo, senhorita, se me der a honra. Claro. -
Respondo com um biquinho que parece irrita-la, a reação que esperava. Pulo as grades e entro no ringue.

Olhando de perto é mais bonita do que imaginava, rosto redondo e bronzeado, seus cabelos parecem a escuridão e sua boca é grande e proporcional ao rosto. Um detalhe é a cicatriz na lateral, pequena, mas visível.

-Aaa que maravilha, mais um. Como está sem instrumentos, vou na mão.-

Tem confiança na voz doce, o que assusta, olha como um demônio jogando o nunchaku longe.

Começamos e de primeira recebo uma rasteira inesperada, seguida de diversos chutes na tentativa de nocautear. Seguro uma de suas pernas a jogando contra a grade. Não parece abalada nem sentir dor, me empurra. Vem em minha direção e desfere um soco na barriga e uma cotovelada na nuca. Caio de joelhos, que inferno, de joelhos mais uma vez só hoje e agora deitado por uma mulher. Abre a guarda por um instante e agora é minha vez de passar uma rasteira, ela caí e me puxa junto consigo, não é uma atitude inteligente pra combate, seu rosto está quase grudado ao meu, sinto a respiração ofegante, distraio de mais e suas mãos já estão aplicando uma técnica de estrangulamento. Bato imediatamente.

- Qual seu nome? Não temos mulheres em nosso exército. -

Pergunto tossindo, tentando imaginar de que caverna esta saiu.

- Louise Morvian, princesa de Sartagon.-

Implacável, a revelação doeu mais que os golpes. Ela analisa aguardando falar meu nome, vermelho de vergonha consigo abrir a boca.

-Gregory FintVankiski, príncipe de Bápolis.-

Falta muito ar, meus pulmões estão para colar um ao outro, ela é a minha noiva. Percebe a cara de espanto.

-É, eu sei bem quem você é. Bom te ver noivinho, feche a boca, pode ficar cheia de moscas. Melhor não arriscar. -
Com o sorriso nos lábios pula a grade e some de vista acompanhada de um homem muito mais velho que nós. Mas tem algo estranho, princesa Louise não disse em momento algum que estava a caminho, não foi o combinado inicial. E soou mais como ameaça do que flerte, tenho q segui -la.

Vou á sala do trono e está de joelhos reverenciando o rei, tento avisa-lo com um sinal, mas é tarde, como um raio saca das costas uma pistola pequena e atira, meu pai desvia e o tiro acerta seu ombro e não a cabeça. Tento segurar a impostora, sem sucesso grito por mais guardas que finalmente conseguem a capturar.

-Prendam essa impostora, quero que sofra até confessar quem a enviou. -

Corro em direção ao Rei que segura o ombro uivando. A bala atravessou, seria pior se tivesse ficado alojada.

Ordenei a Dominic que redobrasse a segurança por todo o castelo, não era tão fácil entrar ali, deve ter sido auxiliada neste ataque e vamos descobrir quem a mandou. Entrarei em contato com Sartagon para relatar tudo, se os meios de comunicação foram corrompidos ou Sartago nos traiu?

Princesa de açoOnde histórias criam vida. Descubra agora