26 | Atração

62 10 7
                                    

"Se você gosta do seu café quente

Me deixe ser a sua cafeteira

Você que decide, amor

Eu só quero ser seu." Artic Monkeys – I Wanna Be Yours

" Artic Monkeys – I Wanna Be Yours

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Capítulo 26

Jonathan e eu passamos horas no parque abandonado. Ele me balançou no balanço, depois brincamos de pega-pega, onde ele me pegou no colo e fez cócegas em mim. Ri tanto que minha barriga chegou a doer. Agora, estamos deitados na areia, de barriga para cima enquanto encaramos o céu.

O sol já está dando lugar a lua e vê-lo ir embora é algo lindo. Daria uma ótima pintura, se eu soubesse pintar.

— Eu pintaria esse céu agora mesmo – comento, encarando as estrelas que estão aparecendo aos poucos.

— Por que não pinta? – ele me pergunta, encarando o céu ao meu lado.

— Porque não sei pintar – digo, e logo em seguida solto uma risada. Jonathan me acompanha logo depois. Ele se vira de lado, apoiando o cotovelo na areia e a cabeça na palma da mão. Continuo encarando o céu, que está tão bonito.

— Eu desenharia você, se eu soubesse desenhar – ele me provoca e eu viro o meu rosto para encará-lo, vendo o seu sorriso despojado.

— Ótimo trocadilho – brinco e ele sorri ainda mais, mostrando sua covinha esquerda.

Esses últimos dias com Jonathan foram os melhores em anos, estou me sentindo leve e, acima de tudo, feliz. Ele está sendo um ótimo amigo.

Amigo?

A voz do meu subconsciente me alerta. Apesar de estar tendo um dos melhores dias com ele, algo dentro de mim mudou. Mais cedo, pude jurar que eu queria beijá-lo. E aquele dia quando ele entrou no meu quarto de noite? Minhas pernas ficaram bambas. Eu estava com tesão? Não posso negar, Jonathan é um cara bonito e eu ficaria com ele. Só não sei se estou preparada para ter outro homem me tocando.

Mas com Jonathan...eu me sinto segura, como me sinto quando estou com Cassie, e isso é bom, não é? Me viro para ele totalmente, ficando na mesma posição que ele.

— Eu desenvolvi bulimia por causa da minha mãe – decido compartilhar, me sentindo segura ao revelar essa informação para ele. Jonathan expressa surpresa, provavelmente não esperando que eu tocasse nesse assunto.

— Como assim? – sua voz gentil atinge meus ouvidos.

— Ela dizia que não podíamos passar dos cinquenta quilos, e quando eu queria comer algo, tipo chocolate, ela me proibia – digo, sentindo um aperto dentro de mim. Ainda dói saber que sua própria mãe foi a sua destruição. – Então passei a comer escondida, mas não conseguia me controlar e depois me arrependia de comer, vomitando tudo no vaso – explico.

Jonathan parece estar processando as últimas informações, e ele fica em silêncio por alguns segundos, antes de dizer algo.

— Sinto muito – ele finalmente fala. Deixo escapar um suspiro pesado.

— Meu pai se divorciou dela há algumas semanas, quando descobriu o que ela fazia comigo. Ela escrevia tudo em um diário – falo. Jonathan se senta na areia, mudando de posição, e eu faço o mesmo.

— Seu pai parece ser um ótimo pai – ele comenta e eu assinto com a cabeça.

— Ele é o melhor pai do mundo – digo, sorrindo ao lembrar de seu rosto. Amo o meu pai e não trocaria ele por nada.

— Obrigado por compartilhar isso comigo, significa muito pra mim – Jonathan me diz, e uma curiosidade se instala em meu peito. Por que ele queria tanto saber sobre isso? Decido por fim, perguntar para ele.

— Por que significa tanto pra você? – questiono. Seus olhos castanhos se concentram nos meus.

— Porque... – ele parece estar tentando achar as palavras certas para dizer. – Porque minha irmã não me deu a chance de ajudá-la, ela não me disse o que estava havendo e isso...acabou comigo – sinto que cada palavra que sai de sua boca é sincera. – Me senti impotente, por isso significa muito pra mim você confiar em mim para dizer tudo isso. Significa que você confia em mim – ele completa.

Sorrio.

— É claro que confio em você – digo sem pensar. Se algumas semanas atrás alguém me dissesse que eu diria essas palavras para Jonathan Bush, eu riria muito. Um sorriso surge em seus lábios, fazendo meu peito bater mais rápido do que o normal.

— Eu também confio em você – ele diz, e involuntariamente eu abro um sorriso para ele.

Observo seu rosto, seus olhos castanhos e seus lábios fartos. Sinto algo palpitar no meio de minhas pernas quando desço os olhos por seus braços musculosos. Levanto-me abruptamente, ajeitando a minha saia.

Jonathan se levanta, me observando atentamente.

— Você está bem? – ele me pergunta.

Eu estou a fim dele? O que está acontecendo comigo? Ignoro-o e começo a caminhar mais para dentro do parque, lhe dando as costas. Ouço seus passos vindo atrás de mim e não percebo quando Jonathan me puxa pelo braço, fazendo-me tombar em seu peitoral.

Seu cheiro amadeirado invade minhas narinas e involuntariamente, agarro uma de minhas mãos em seus braços, sentindo o quanto eles são musculosos. Eu disse que seríamos apenas amigos, droga!

Me afasto gentilmente dele, alisando a minha saia.

— O que aconteceu? – ele pergunta outra vez.

— Você é meu amigo – digo em voz alta, mais para mim mesma do que para ele.

— Eu sei, somos amigos – ele diz, dando de ombros.

Ando de um lado para o outro, frustrada. Aí que droga, Mia! Que merda você está fazendo? Desesperada, tento passar por ele para ir embora, mas ele muda de posição, ficando no meu caminho e impedindo-me de sair dali.

— Mia, que merda está acontecendo? – ele pergunta de novo.

— Eu só...quero ir embora – digo, sem olhar em seus olhos.

Seus lindos olhos castanhos...

Para, Mia! Para com isso!

Jonathan se afasta, abrindo espaço para eu passar. Sem pensar duas vezes, saio correndo dali e o vento fresco batendo em meu rosto. Não olho para trás nem por um segundo, mas sei que Jonathan deve estar parado me encarando sem entender nada.

Mesmo já tendo saído da rua abandonada, continuo correndo até ficar sem ar. Ao chegar na rua da minha casa, cesso os passos e puxo ar para dentro dos meus pulmões.

Depois de hoje, não tenho como negar. Eu tenho uma atração forte por Jonathan Bush e não sei se poderemos ser só amigos daqui em diante.

Depois Dela: Livro 2 De 2Onde histórias criam vida. Descubra agora