Capítulo 1 | Um Olhar E Eu Estaria Morta

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"Estou afundando e desta vez

Temo que não haja ninguém para me salvar

Esse tudo ou nada realmente deu um jeito

De me deixar louco." Lewis Capaldi – Someone You Loved

" Lewis Capaldi – Someone You Loved

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Capítulo 1

Tento segurar meus livros em minhas
mãos enquanto carrego minha mochila pesada em minhas costas. Os pingos incessantes da chuva molham todo o meu cabelo loiro e meus livros, que tento proteger a todo custo, mas falho miseravelmente.

Eu olhei, eu juro que olhei a previsão do tempo. Dizia que não iria chover e eu acreditei, porque quase não temos chuvas em StarMoon, mas hoje Deus olhou para mim e disse:

"Minha filha, você vai passar trabalho", porque além de eu estar molhada, com os livros molhados, eu estou atrasada para a aula. E não, não é só uma simples aula, hoje tem a apresentação do trabalho de biologia e eu preciso dessa nota mais do que preciso de ar para respirar.

Ok, talvez eu esteja sendo dramática. Mas o que interessa é que eu preciso dessa nota. Depois de quase correr e tropeçar, paro em frente à escola e entro na mesma, pingando o chão inteiro enquanto sigo até a sala do professor Robson.

Paro em frente à sua sala, que está com a porta fechada e vejo pelo pequeno vidro que todos já estão sentados em suas classes e o professor está no quadro falando seja lá o que estiver falando. Engulo em seco, sentindo um frio percorrer minha barriga.

E eu podia dizer que é porque estou toda molhada devido à chuva, mas não. Eu estou desse jeito porque apesar de precisar da nota, eu odeio apresentar trabalhos. Simplesmente odeio. Eu fico nervosa, gaguejo e me perco em minhas próprias palavras. Mas, apesar de tudo isso, eu ensaiei em casa diversas vezes na frente do espelho.

Vai dar certo.

Minha voz interior me diz, e eu tento acreditar nisso, porque é a minha única opção. Respiro fundo e quando faço menção de abrir a porta, o professor Robson a abre e me encara. Seu olhar vai até os meus pés e sinto desaprovação vindo dele. Odeio isso. Odeio quando as coisas não saem do jeito que planejei.

Não estava nos meus planos que iria chover hoje.

— Entre, senhorita Adams – sua voz grave reverbera pelo ar e eu entro na sala. Os olhares dos meus colegas recaem sobre mim e ouço alguém dar uma risada alta. Mas não é qualquer pessoa. É a pessoa mais desprezível da escola inteira.

Aron Hamilton. Amigo de Avery Sackler e Jonathan Bush. O famoso trio divindade, como as meninas idiotas os chamam.

— Esqueceu o guarda-chuva, querida? – ele profere a última palavra com ironia e tenho vontade de esganá-lo ali mesmo. Ignoro-o e sigo até uma carteira vazia em frente à mesa do professor. Meus livros estão úmidos, mas sei que em casa consigo dar um jeito. Minha mochila estava tão cheia que não coube os livros da escola.

Tudo bem eu admito, coloquei quatro livros para ler no intervalo no lugar dos livros da escola, que são obrigatórios. Corte de Névoa e Fúria, Jogos Vorazes, De Sangue e Cinzas e um que nunca vou admitir que estou lendo.

Primeiro porque eu disse que nunca leria, segundo porque é meio vergonhoso. Mas estou lendo Assombrando Adeline e sim, é o livro que ele enfia uma arma na vagina da garota. Viu? Por isso eu tenho vergonha dele. Enfim, meu gosto é diferente quando se trata de livros.

Eu só queria um Rhysand, ou um Casteel, aceitaria até um Peeta para mim. Qualquer um desses seria bom o bastante. Mas a verdade é que eu só falo e nunca faço. Eu dei o meu primeiro beijo com treze anos, mas nunca mais fiz isso. E não é porque não tenho oportunidade.

Eu só não faço isso desde aquele dia. Talvez seja por isso que eu odeie Aron Hamilton, ele me lembra alguém que gostaria de esquecer. Alguém que me fez querer parar de me envolver com garotos e ter um relacionamento normal.

— Vou pegar o monitor de slides e já volto, se comportem – o professor Robson diz e saí da sala. No momento em que ele sai do ambiente, sinto alguém se aproximar e pelo seu cheiro de verme, sei que é Aron.

— Precisa de uma toalha? – ele me sacaneia, estendendo um pedaço de papel pequeno. Eu me viro para ele com um olhar de desdém no rosto.

— Você não tem que fazer sexo oral para alguém, não? – alfineto e ele fecha a sua cara. Uma coisa sobre Aron: ele é fácil de atingir, você só precisa ter coragem o suficiente para isso. Coisa que a maioria das pessoas daqui não têm. Nem eu, mas estou sem paciência hoje para as suas gracinhas.

— Alguém aqui está de tpm – Aron debocha, abrindo o seu sorriso cafajeste. A sala inteira começa a rir e vejo de relance Avery e Jonathan do outro lado da sala. Eles estão sérios. Às vezes até acho que eles mesmos não gostam do seu amigo.

Se é que podemos chamar Aron de amigo. Jonathan solta um bufo e se levanta de onde está, vindo em nossa direção.

— Deixa ela, vamos sentar – ele pede ao seu amigo e tenta puxá-lo dali, mas Aron se desvencilha de Jonathan e me encara.

— Quando quiser um oral, estou à disposição – suas palavras nojentas me fazem fazer uma careta e ele sai dali junto com Jonathan.

Odeio esse cara, odeio como ele me faz lembrar da noite em que eu nunca mais pude tocar em alguém. Ou que alguém não pode me tocar. Se matar não fosse crime, Aron estaria no topo da minha lista.

Viro meu rosto lentamente, observando Aron se sentar na frente de Jonathan e Avery, no fundo da sala. Aron coloca uma caneta na boca, ainda com o sorriso idiota nos lábios. Avery está com a cara fechada, observando o nada e Jonathan volta o seu olhar para mim. Seus olhos transmitem algo que não consigo dizer, mas não consigo desviar o olhar, por mais que eu queira, não consigo.

Seu olhar desce até minhas roupas que estão úmidas e sinto algo estranho dentro de mim e involuntariamente cruzo as pernas. Vejo Avery reparar e sussurrar algo no ouvido de Jonathan. Jonathan abre um sorriso sacana em seus lábios e morde o lábio inferior, fazendo-me sentir de novo uma sensação de desconforto.

Se Jonathan pudesse matar com um olhar, eu estaria morta neste exato momento.

Depois Dela: Livro 2 De 2Onde histórias criam vida. Descubra agora