Prólogo!

361 35 27
                                    

A escuridão o engolia por completo. Era como se estivesse no vazio do mundo, pois tudo à sua volta era frio e escuro, ao ponto de que Manjiro mal conseguia ver um palmo na sua frente. Não que isso fosse diferente do seu normal, fazia tanto tempo que estava naquele vazio que já tinha se acostumado de certa forma.

Talvez estivesse sentindo isso por conta das drogas que tinham sido aplicadas em sua pessoa mais cedo, boa parte dos seus sentidos estavam prejudicados e isso só fazia com que toda a sua situação pior.

Tudo que estava acontecendo era um inferno, mas ainda assim, a pior parte para Manjiro era que ele não conseguia ter noção do que estava acontecendo a sua volta e isso era mais assustador do que tudo que já havia passado, mais assustador do que Hanma o ameaçando de morte ou dizendo que iria fazer coisas que fariam Sano pedir para morrer.

Não saber o que iria acontecer era mil vezes pior do que ter ao menos uma ideia das crueldades que fariam consigo.

Só que em sua situação atual, ele não poderia sequer reclamar de não saber qual seria seu futuro, afinal se Hanma soubesse que esse era seu maior medo, ele usaria isso contra o próprio Manjiro. Além de que Manjiro apanharia até que voltasse a sangrar apenas por abrir a boca.

Então sua melhor saída era ficar quieto e aguentar tudo que Hanma fizesse para que de alguma forma pudesse tentar sobreviver naquele cativeiro que agora estava sendo seu “lar” e aproveitar os momentos que estivesse sozinho para poder fugir daquela realidade para o vazio da sua mente, como estava fazendo no momento, já que não possuía mais forças para pensar realmente.

Interrompendo o silêncio mórbido que tinha se instaurado na sua cela, houve um grande estrondo característico de quando a porta da cela era aberta, fazendo com que os pelos de Manjiro se arrepiarem em antecipação.

Não conseguia abrir suas pálpebras por estar cansado demais para realizar esse pequeno ato, por isso estava perdido em um completo breu, mas não precisava pensar muito para saber que era Hanma que estava na sua cela, só ele ia o visitar desde que havia chegado naquele inferno.

Apesar de Manjiro não enxergar o que estava acontecendo na sua frente, ele sabia que independente do que Hanma estivesse fazendo, ele iria acabar apanhando no final de tudo, se não decidisse fazer algo ainda pior. Ao menos Manjiro já estava acostumado o suficiente para conseguir imaginar o que estava para acontecer, tinha uma base para o seu sofrimento futuro.

— Não imaginava que você nos daria tanto dinheiro, mas essa carinha de bebê atrai bastante gente estranha. Para a minha alegria é claro. – a voz de Hanma soou pela cela trazendo um pequeno zumbido para os ouvidos de Manjiro e um embrulho para o seu estômago, fazendo o loiro se segurar para não vomitar. — É uma pena que eu não vou poder me despedir de você da forma correta, seu novo dono quer você inteiro e em boas condições. – acrescentou com um pequeno tom de deboche, deixando claro que se pudesse ele espancaria Manjiro o máximo que conseguisse sem que o loiro acabasse morto.

Pelo que Manjiro conseguiu entender do que Hanma tinha falado, a ameaça foi o que menos o incomodou, ele sabia que Hanma o mataria se isso não significasse que ele perderia dinheiro. O que realmente preocupou o Sano foi o fato de Hanma ter dito que ele agora possuiria um dono.

Manjiro não estava esperando por essa notícia, saber isso dessa forma fazia com que Manjiro se sentisse ainda mais perdido em meio a tudo. Afinal, que tipo de doido comprava outro ser humano? Não havia como aquilo ser algo bom, independente de quem lhe comprasse, sua vida seria um pesadelo sem fim, ou melhor, um pesadelo até que a morte o salvasse.

Era muito fácil aquele ser odioso que havia o comprado querer transar com Manjiro e o transformar em um escravo sexual. Só pensar nisso fazia com que Manjiro sentisse seu estômago revidar a lavagem que tinha comido mais cedo.

Enquanto pensava no que o destino pudesse lhe aguardar, Manjiro começou a sentir sua respiração acelerar e seu coração bater de forma repetitiva na sua caixa toráxica ao ponto do loiro achar que em algum momento ele sairia do seu peito.

Era como sentir a respiração da morte na sua nuca e mais do que nunca Manjiro implorou mentalmente para que ela o levasse embora, mas como sempre o Sano não era sortudo e a morte não quis o levar naquele momento.

— Então você está com medo? – Hanma perguntou com divertimento na voz, achando agradável o fato de Manjiro estar tendo uma crise de ansiedade na sua frente. — Você realmente deveria se preocupar, aposto que ele vai te torturar, te estuprar, fazer de você um escravo de todos os desejos mais sórdidos que ele tiver. – disse em um tom frio e sério, que no fim não conseguia disfarçar o divertimento que ele estava sentindo ao dizer isso.

As palavras de Hanma caíram como uma bomba na mente do loiro, pois apesar da crueldade ele só estava falando a mais pura verdade, sua situação naquela cela não era diferente do que ele havia relatado, mas ao ser comprado tudo ficaria ainda pior, pois a partir dessa compra não haveria mais nenhuma esperança de que pudesse escapar daquela vida.

Pensar mais sobre isso só fez com que a respiração de Manjiro acelerasse mais e a pressão no seu peito aumentasse, trazendo para o loiro o medo de que ele fosse desmaiar, o que seria a pior coisa que poderia acontecer no momento.

Mas mesmo que ele tentasse, não conseguia regularizar sua respiração outra vez. Era como sentir que tudo estava desmoronando em segundos e ter essa sensação outra vez depois de meses era um terror maior do que quando aconteceu na primeira vez.

— Mas fique tranquilo, não vai demorar para que você morra nas mãos dele, já que ele comprou todos os direitos referentes a sua posse. Deve estar querendo te testar até que você morra nas mãos dele. – Hanma voltou a dizer com uma frieza que fazia a espinha de Manjiro contorcer. — Eu acharia um desperdício vender seu registro, mas o Kisaki insiste em dizer que se pagarem o suficiente temos que vender. – acrescentou em um tom mais baixo, ou Manjiro estava escutando a voz dele mais baixa do que antes.

Mesmo tentando regular sua respiração e se manter acordado, Manjiro acabou por desmaiar após ouvir essas palavras, com seus últimos pensamentos sendo sobre o fato dele estar mais debilitado do que nunca, afinal mal conseguia se manter consciente mesmo lutando com todas as suas forças para que isso não acontecesse.

Posso Confiar...?Onde histórias criam vida. Descubra agora