Durante os dias que se passaram com Chifuyu naquela casa, sua rotina tinha se resumido a ficar na cama e dormir o máximo de tempo que conseguisse. Não sentia ânimo, coragem ou animação para ir a qualquer lugar além do banheiro.
Seu cérebro preferia dormir a ter que lidar com a realidade que estava vivendo.
As únicas coisas que estava fazendo com frequência era tomar banho quando Mitsuya vinha trocar os curativos e comer uma vez por dia quando Baji o visitava. Por estar dormindo sempre que sentia vontade, ele não sabia quantos dias tinham se passado ao certo.
Naquele exato momento Chifuyu estava dormindo mais uma vez. Todavia seu momento de paz e tranquilidade foi interrompido por um cutucar em sua bochecha que foi se tornando insistente, ao ponto dele acordar.
Assustado, Chifuyu abriu os olhos se deparando com a figura de um rapaz que estava agachado ao lado da sua cama, o deixando ainda mais assustado. Rapidamente Matsuno se afastou, no processo se embolando nas cobertas e quase caindo da cama.
Sentindo seu coração batendo freneticamente Chifuyu manteve sua cabeça baixa, a ideia de que era Osanai o apavorava tremendamente. As imagens impregnadas na sua mente voltando a toda para o assombrar.
Já tinha imaginado e sonhado com a volta de Osanai a sua vida algumas vezes.
O pior era que às vezes o Matsuno achava que merecia os tormentos que Osanai fazia em seus sonhos. Por vezes achando a ideia do traficante o matando muito mais agradável do que deveria.
— Desculpa te assustar, eu devia ter pensado melhor antes de te acordar dessa forma. – Baji se desculpou arrependido, realmente não achou que sua pequena brincadeira iria assustar Chifuyu tanto assim.
Ao escutar a voz de Keisuke, Chifuyu ergueu seu rosto em busca de uma confirmação visual que era o dono da casa na sua frente, soltando um grande suspiro de alívio ao ver ele agachado ao lado da cama com seu rosto escorado na cama, uma expressão gentil e culpada sendo escondidas pelos longos fios pretos.
Saber que era Keisuke lhe tranquilizava, mas não o suficiente para acalmar o Matsuno completamente. Suas mãos ainda tremiam e seu coração continuava disparado em seu peito, mas ver Baji já trazia uma pequena faísca de alegria em seu ser.
— Me contaram que você dormiu o dia inteiro e que não comeu, então achei melhor te para você se alimentar. – terminou de explicar o motivo de estar ali. Queria que o Matsuno compreendesse suas intenções.
Chifuyu continuou a olhar para o rapaz enquanto se acalmava, ainda não sabia se poderia falar ou se deveria ficar calado, por isso optava por se manter em silêncio sempre. Entendia o que o Baji estava querendo fazer, não confiava, mas ainda fazia sentido a explicação.
O dono da casa continuou na mesma posição, esperando pacientemente que o rapaz se acalmasse naturalmente. Não tinha problemas em ser paciente com Chifuyu e os outros visitantes.
Enquanto esperava Keisuke olhou em volta do quarto percebendo o quão monótono aquele era aquele quarto, fazia sentido que Chifuyu preferisse dormir o dia inteiro, ainda mais com os antecedentes que ele possuía.
Talvez um passeio caísse bem ao rapaz e ele se animasse um pouco mais.
— Você quer sair para passear? Vai ser bom para você tomar um pouco de ar fresco. – perguntou distraidamente, o tom calmo e tranquilo para que Chifuyu entendesse que seria um passeio pacifico.
Um pouco mais calmo, Chifuyu pensou na proposta que Baji tinha feito. Não estava com vontade de sair do quarto, muito menos tinha ânimo para comer. Mas Keisuke estava sendo tão gentil e carinhoso, ao ponto de Chifuyu achar que não merecia esse tratamento.
Então achava que seria muito desrespeito da sua parte negar. O mínimo que poderia fazer era aceitar sair com ele para esse tal passeio. Mesmo que no fundo estivesse com receio de sair do quarto.
— Antes de irmos, vamos passar na cozinha para que você possa se alimentar. Se você andar sem ter comido nada pode acabar desmaiando. – avisou com um pequeno sorriso. Queria o melhor para o rapaz e para a saúde do mesmo.
Mesmo sem forças, Chifuyu se levantou com dificuldade. Ainda não sentia vontade de sair da cama, era o seu lugar seguro. E caso fosse passear, teriam mais chances de Baji descobrir que ele era um completo inútil como sua mãe fazia questão de ressaltar.
Estavam andando pela trilha da floresta a alguns minutos. Era um caminho simples e fácil, Baji faria todo o percurso em vinte minutos se estivesse sozinho, mas como Chifuyu não conseguia caminhar corretamente estavam indo devagar.
Tinham chegado na metade da trilha e estavam andando a trinta minutos, demoraria um pouco para que chegassem no final e pudessem voltar.
Apesar de que Keisuke achava que teriam que voltar antes do planejado, afinal o Matsuno não parecia estar aguentando andar. Os passos dele já estavam vacilando e a respiração estava pesada, demonstrando cansaço e falta de preparo físico.
Baji tentava prestar o máximo de atenção que conseguia no rapaz para que pudesse socorrer ele caso acontecesse algum acidente.
Chifuyu por outro lado estava considerando se seria uma péssima ideia morrer de insolação e cansaço, pois achava que isso estava perto de acontecer. Suas pernas não conseguiam mais aguentar seu peso, o que fazia ele sentir que iria desabar a qualquer momento, sua garganta estava seca e sua visão estava ficando turva,Ainda não tinha coragem de avisar Baji o que estava sentindo por não querer demonstrar a ele que era um completo inútil, que não conseguia fazer uma simples caminhada.
— É melhor voltarmos, vou ter que sair agora a tarde. – anunciou ao perceber que o rapaz tinha vacilado outra vez. Estava com medo do estado físico de Chifuyu. — Podemos andar um pouco mais outro dia que você estiver mais animado. – apesar de não ter um compromisso naquela tarde, achava melhor que Chifuyu pensasse que estavam indo embora por sua causa.
Chifuyu parou de andar no mesmo momento, respirando fundo para recuperar o fôlego e torcendo para que suas forças voltassem para que ele conseguisse voltar para a casa. Apesar de achar que não conseguiria dar mais um passo.
O mais alto também não apressou Chifuyu, deixou que ele tomasse um tempo para descansar, não era louco de pedir uma pessoa doente se esforçasse mais que o possível. Só tinha o convidado porque achou que seria um caminho simples.
Da próxima vez iam caminhar em volta da casa até que Chifuyu conseguisse andar por mais tempo.
Percebendo que o Matsuno estava demorando a normalizar a respiração, Baji se abaixou na frente do mesmo, oferecendo suas costas para que ele subisse. Se Chifuyu deixasse Keisuke o levaria de cavalinho para casa, sabia que ele não era pesado e era um percurso muito pequeno.
— Por mais que você não goste de ser tocado, me deixe te levar nas costas. Estou preocupado que você se machuque sob a minha supervisão, o Mitsuya me mataria se isso acontecesse. – Keisuke pediu com calma, deixando calma sua preocupação com o rapaz.
Mesmo se sentindo incomodado com aquela ideia de se apoiar em Baji, o moreno mais baixo concordou com a cabeça se aproximando do mesmo, subindo nas costas dele. Não aguentava mais aquela dor sufocante que estava sentindo e o aperto no peito pela dificuldade em respirar.
Querendo ou não precisava de ajuda.
— Obrigada. – respondeu acanhado, mas ainda agradecido.
Com cuidado Keisuke segurou Chifuyu, tentando não ser muito invasivo, mas ainda o segurar com firmeza e tentando evitar os machucados que ele possuía. Matsuno percebeu o cuidado, mas não conseguiu se manter acordado o suficiente para ver o resto do percurso de volta para casa.
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Posso Confiar...?
FanfictionTristeza, medo, terror, angústia, a mais sincera vontade de morrer. Quatro pessoas sentiam isso na pele todos os dias das suas miseráveis vidas no cárcere. Separados em lugares distintos, mas que seriam juntados pelo destino em um único lugar, em u...