Capítulo 1!

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A consciência de Manjiro só retornou algumas horas depois do seu desmaio. Talvez as drogas estivessem perdendo o efeito e graças a isso estava acordando, parecia ser uma opção plausível na sua atual situação. Principalmente por Manjiro estar sentindo todos os seus músculos mais relaxados, como se tivesse dormido ao lado de Shinichiro na sua casa outra vez.

Um pouco mais disposto para encarar a realidade, o loiro abriu os olhos de forma lenta, entretanto fechou seus olhos quase imediatamente ao sentir a luz do sol bater nele, o cegando temporariamente e inconscientemente acabou por resmungar, fazia meses que não ficava sob a luz do sol.

Esse simples fato apavorou Manjiro por inteiro. Sua cela não possuía janelas ou qualquer abertura que proporcionasse a entrada de luz naquele quarto sujo. Então onde ele estava? Com quem estava? Afinal o loiro ainda se lembrava de ouvir Hanma dizendo que ele foi vendido para algum doente.

Enquanto tentava raciocinar onde estava e se acostumar com a claridade para que pudesse abrir seus olhos, Manjiro acabou apoiando sua mão onde estava deitado e para sua surpresa, acabou sentindo um estofamento sob sua palma. Fazia meses que não sentia algo tão macio.

Mas esse simples fato fez com que ele ficasse ainda mais perplexo. Por que estava deitado em algo tão macio? Por que suas mãos não estavam amarradas como antes? Por mais que tivesse um raciocínio rápido, Manjiro não conseguia entender essas duas questões que martelavam a sua mente.

Aos poucos o Sano conseguiu abrir os olhos, percebendo que estava deitado no banco de trás de um carro e que as janelas do carro estavam fechadas, mesmo que Manjiro jurasse que elas estavam abertas quando abriu os olhos a primeira vez, mas sua mente não estava funcionando o suficiente para que confiasse nela.

Sem mexer nenhum músculo, Manjiro olhou em volta analisando o carro, vendo que era um carro normal, ao menos o loiro achava que era normal. Nunca se sabia o que poderia estar escondido ali dentro. Não seria ele que acreditaria no que via, não depois de tudo que já havia passado.

Apesar de não conseguir ver totalmente a pessoa que dirigia, o Sano conseguiu ver a ponta de cabelos loiros, mas era uma pena que não pudesse ver o rosto da pessoa que estava o carregando para um lugar desconhecido. Queria saber o rosto da pessoa que amaldiçoaria quando estivesse morrendo.

— Então você finalmente acordou. – a pessoa que dirigia falou em um tom neutro, não deixando brechas para que Manjiro conseguisse imaginar que tipo de doido ele era. — Achei que ficaria dormindo até que chegássemos na sua nova casa, ou que as drogas tinham te posto em um coma. – acrescentou ainda de forma neutra, sem se virar para ver como Manjiro estava.

O que de certa forma o loiro achou estranho, afinal ele poderia tentar atacar o motorista, já que estava desamarrado. Não que fosse burro o suficiente para fazer algo assim, se quer tinha força para levantar daquele banco e se sentar. Se bem que existia a opção de Manjiro ainda ter um restinho de forças para fazer essa movimentação, mas que seu cérebro tinha entendido sua vontade de morrer como um motivo para manter todo seu corpo em um estado inerte por um longo tempo.

Independente de qual fosse a razão, ele não se importava, tentar levantar requer um esforço que ele não conseguia fazer.

— Perto de você deve ter uma sacola com água e comida para que você reabasteça ao menos um pouco dos nutrientes que seu corpo precisa. Fiquei à vontade para comer quando quisesse. – a pessoa voltou a dizer e Manjiro sentiu um pouco de empatia na voz dele. Não era uma certeza, então ele preferiu não levar aquela sensação como algo que realmente aconteceu.

Com a fala do outro homem, o loiro olhou em volta mais uma vez percebendo que havia uma sacola no chão do carro, um pouco a sua frente, e pela sacola ser transparente ele conseguiu ver uma garrafa de água e um embrulho que em sua visão parecia ser um sanduíche.

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