"You knew the game and played it, it kills to know that you have been defeated (...) She said help me kill the president..."
- Não, cara, mas se alguém entrou aqui a gente corre perigo - disse uma voz conhecida quando eu acordei.
- Não precisa se preocupar, eu vou te proteger - outra voz que também não me era estranha respondeu.
Levantei-me e cocei os olhos para enxergar a garota que acompanhava Veronica na cama do outro lado do quarto. Era Lucy, e ela parecia um tanto assustada. Ver que ela estava com tanto medo me fez sentir culpada, mas decidi não admitir.
- Hey, hey, raio de sol - Vero falou debaixo de Lucy, que estava deitada em seu peito. Daquele jeito elas até pareciam um casal normal. - Parece que alguém dormiu tão pesado que nem soube que a escola foi invadida.
- Invadida? - eu perguntei, incrédula nos boatos que já estavam espalhando. Talvez elas só tenham levado aquilo como uma surpresa normal de quem acaba de descobrir que a instituição onde estuda foi violada.
Lucy deu um tapa em seu braço, fazendo a amiga gritar um "ouch". Depois de se recuperar, Vero deu de ombros e fez uma careta irritada.
- É só o que estão dizendo. Ao que parece, os caras não levaram nada. Também soube que as câmeras estavam desligadas no momento, mas aí não sei se tem alguma coisa a ver com o ocorrido - Lucy contou. Será que Camila havia desligado as câmeras de segurança do lado de fora?
Eu não disse nada e fui até meu guarda-roupa para pegar meu uniforme.
- Nós não vamos ter aula hoje, Lauren. A direção e os professores estão em reunião - Vero avisou sem sair da cama.
- Ah, sim. - Fechei a porta do armário e me voltei a ela. - Aliás, que horas são?
- Nove e meia. Daqui meia hora as inspetoras vão nos fazer uma pequena visita para ver se está tudo em ordem - disse a minha colega de quarto, deixando Lucy na cama enquanto se sentava para falar comigo. - Então, se tiver alguma droga pesada, já sabe. As calcinhas e sutiãs estão aí pra isso.
A hora do almoço chegou mais rápido do que de costume. Assim que peguei minha bandeja, fui para a mesa onde Camila comia em silêncio e desacompanhada.
- Hey - eu falei baixinho, sem nem olhar para ela.
- Oi - ela respondeu no mesmo tom.
- E aí, como você está? - Olhei através do refeitório. Nada estava quieto (como já era de se esperar) e a cozinheira rondava pelos corredores. Não era algo fora do comum, ela fazia aquilo de vez em quando. Algumas garotas do terceiro ano diziam que ela sofria de algum tipo de disfunção cerebral, mas eu não acreditava muito naquilo.
- Bem mais ou menos. To preocupada. Estão achando que a escola foi invadida! Será que não seria melhor se nos entregássemos? - Camila pegou meu rosto com uma mão e o virou para ela.
- Não, deixe mais um tempo. Se não encontrarmos uma saída nas próximas vinte e quatro horas, nos entregamos. Fechado?
Ela ficou pensativa e não respondeu, só abaixou o olhar para seu prato e continuou a refeição. Tirei os talheres do plástico que os envolviam e, quando toquei minha comida, a cozinheira disfarçadamente deixou algo em minha bandeja, entre Camila e eu. Nós trocamos um olhar e esperamos a mulher de avental branco se afastar para nos movermos novamente.
Camila pegou o papel e o abriu debaixo da mesa de madeira. Depois de se demorar um pouco nas letras esculachadas, ela sussurrou:
- Ela sabe. - Entregou-me o bilhete. - Quer que visitemos a cozinha dela agora.
Era exatamente isso o que estava escrito. E eu temia aquele suposto encontro. Todos sabíamos que a cozinheira não era a funcionária mais gentil e atenciosa do colégio; estava lá só porque o salário era muito bom para alguém que só precisava lavar as louças e dar o que comer à 300 alunas esfomeadas depois de uma bateria de informações em suas mentes todos os dias.
Terminei meu prato e fui para a porta branca no fundo da grande sala. Lá, esperei por Camila, que logo se levantou para entrar comigo.
A cozinha era um lugar limpo e espaçoso. Era muito bonito de se ver o brilho nas panelas extragrandes que alimentavam tantas pessoas todos os dias.
A mulher mais velha nos esperava de braços cruzados na frente de uma pia. Ela nos encarava com um olhar intimidador, como se nos fuzilasse com aquelas amêndoas acastanhadas e sempre cheias de raiva e rancor. Eu ne escorei numa das paredes e esperei que Camila falasse algo, o que não aconteceu. Ela simplesmente imitou a cozinheira e se calou.
- Eu as vi fugindo da cena do crime ontem - disse a Sra. Rosov. - Acho que nos devem uma explicação.
Engoli em seco e me encolhi em meu canto, observando Camila e sua postura corajosa, lançando-lhe um desafio pelos olhos.
- Não devemos nada a ninguém. Afinal, não fizemos nada. - Ela deu de ombros, convicta de que conseguiria convencê-la.
- Eu sei que fizeram, não precisam mentir. - A cozinheira se aproximou da latina.
- Você não tem provas, portanto não viu nada.
- Você acha que acreditariam mais numa velha funcionária ou em duas adolescentes com hormônios à flor da pele que só querem se divertir nas horas livres? Vamos, sejamos relistas, garotas. Tenho uma proposta a vocês.
- Hm - Camila bufou, fazendo um gesto para que ela prosseguisse.
- Eu posso guardar o segredinho de vocês e ainda levar a culpa. Mas... Vocês terão de fazer algo em troca.
- Tipo o quê? - eu falei, por fim.
- Fazer o jantar por dez dias. - Sra. Rosov deu de ombros, como se fosse a sugestão mais justa.
- Que isso! Que exploração! Dez dias é coisa demais, tia - Camila reclamou, indignada com o que acabara de ouvir.
- Mais respeito, mocinha. Olha que eu estou sendo boazinha - a mais velha disse.
- Não faço mais que cinco dias. - Camila se encostou na parede oposta a mim e levantou uma sobrancelha.
- Limpamos e fazemos o jantar, que tal? - eu sugeri, antes que ela pudesse responder.
- Certo. Podemos fazer isso. Mas vocês não podem deixar que as peguem aqui, e muito menos dedurar nosso acordo, okay?
- Por mim, tudo bem - Camila suspirou e se virou para ir embora.
- Começa hoje - ouvi a cozinheira anunciar antes de eu passar pela porta.
- Me ajude a matar a diretora - zombou a latina para mim. - Assim acabam todos nossos problemas.
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PopRocks And Coke (Camren)
FanfictionUma menina doce e reservada é enviada para um colégio interno. Ela só não imaginava que a partir dali sua vida tomaria um novo rumo... Essa mudança viria com a chegada de uma morena com intensos olhos castanhos. A chegada de alguém na sua vida pode...