Infelizmente, a paciência de Charlotte já havia se esgotado quando Edward chegou à sua casa. Ela não o esperava, como fez com os outros, então quando o viu estava com as bochechas vermelhas, mas não de vergonha e sim de raiva. Sua mãe não a acompanhou nessa conversa. Ficou no outro cômodo, sozinha, se recuperando do vexame que a filha dera. Pelo menos na cabeça dela havia sido um vexame. Charlotte estava satisfeita com o que respondera, mas estava brava por ter sido tratada apenas como mais uma mulher com quem se casar, tendo todas suas qualidades ignoradas, só por ser bonita o suficiente para o casamento. Aquilo a deixara com os nervos a flor da pele.
Edward não imaginava o motivo do estresse, então agiu normalmente.
Chegou com uma única flor na mão. Uma rosa branca, que Charlotte segurou debilmente durante alguns segundos antes de perceber o que estava fazendo.
- Não gostou da flor, miss? - perguntou, já um pouco aflito depois de tanto tempo sem reação.
- O quê? - Charlotte olhou para o rosto de Edward, que estava totalmente confuso. - Eu gostei, sim. Me desculpe, Senhor... digo, Edward. Tive um momento de estresse.
- Bem, é um pouco visível, devo informar.
Charlotte bufou.
- Me desculpe. - Edward recuou, dando um passo para trás, com as mãos postas nas costas.
Charlotte balançou a cabeça rapidamente, tentando livrar-se dos pensamentos negativos.
- Peço que me acompanhe até a próxima sala. Isso, é claro, se desejar uma conversa mais íntima. Se veio só para fazer um agrado, fique a vontade para sair.
- Não, não vim só para agradar. Vim pois senti a necessidade. Ouvi boatos...
- Boatos, sobre mim? - ela se espantou. Seu rosto em total surpresa era adorável.
- Receio que sim. Sobre a senhorita e o visconde.
Eles ainda estavam de pé, frente a frente, mas Charlotte caiu sentada no sofá mais próximo, não mais se importando com o fato de estarem na sala principal da casa, em frente à outras pessoas. Haviam mais dois rapazes à porta.
- Não acredito. - ela se jogou despojada no sofá, com os braços abertos. - Não sei o que ele estava pensando quando fez tudo isso.
- Tudo isso? Do que está falando? - Edward curvou-se sobre ela. Depois que viu o quão inadequado era, acabou sentando-se ao seu lado.
- Ora, quais foram os boatos, então? Não foi sobre o...
- O quê? Sobre como ele ficou encantado com a senhorita? Foi sobre isso, sim. E eu senti... - Edward engoliu em seco - senti a necessidade de fazer algo a respeito.
Charlotte sentiu-se zonza, mesmo estando sentada.
- Fazer algo a respeito? Por quê, exatamente?
Com muita dificuldade, Edward respondeu:
- Eu não o queria perto da senhorita. Esse pensamento me deixava furioso! - ele falou baixo, mas mesmo assim deixou transparecer sua raiva.
- Ora! Mas o senhor não tem direito algum de pensar assim! Eu me deixo levar por quem quiser, quem eu me agradar. Não sou propriedade sua.
- Eu não disse isso, Charlotte. - Ele pressionou dois dedos contra os olhos, quase fazendo-os entrar em sua cabeça. - Como você é cabeça dura. Eu só... disse que gosto de você e não queria pensar em mais ninguém... gostando.
- Suas palavras não fazem sentido. - Charlotte finalmente se endireitou no sofá e portou-se como uma dama. Bem, quase uma dama. - Como você diz que gosta de mim e me trata como faz? E depois some? Por uma semana inteira!
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Um Casamento Adorável
Historical FictionEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...