Capítulo Quatorze

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Infelizmente, a paciência de Charlotte já havia se esgotado quando Edward chegou à sua casa. Ela não o esperava, como fez com os outros, então quando o viu estava com as bochechas vermelhas, mas não de vergonha e sim de raiva. Sua mãe não a acompanhou nessa conversa. Ficou no outro cômodo, sozinha, se recuperando do vexame que a filha dera. Pelo menos na cabeça dela havia sido um vexame. Charlotte estava satisfeita com o que respondera, mas estava brava por ter sido tratada apenas como mais uma mulher com quem se casar, tendo todas suas qualidades ignoradas, só por ser bonita o suficiente para o casamento. Aquilo a deixara com os nervos a flor da pele.

Edward não imaginava o motivo do estresse, então agiu normalmente.

Chegou com uma única flor na mão. Uma rosa branca, que Charlotte segurou debilmente durante alguns segundos antes de perceber o que estava fazendo.

- Não gostou da flor, miss? - perguntou, já um pouco aflito depois de tanto tempo sem reação.

- O quê? - Charlotte olhou para o rosto de Edward, que estava totalmente confuso. - Eu gostei, sim. Me desculpe, Senhor... digo, Edward. Tive um momento de estresse.

- Bem, é um pouco visível, devo informar.

Charlotte bufou.

- Me desculpe. - Edward recuou, dando um passo para trás, com as mãos postas nas costas.

Charlotte balançou a cabeça rapidamente, tentando livrar-se dos pensamentos negativos.

- Peço que me acompanhe até a próxima sala. Isso, é claro, se desejar uma conversa mais íntima. Se veio só para fazer um agrado, fique a vontade para sair.

- Não, não vim só para agradar. Vim pois senti a necessidade. Ouvi boatos...

- Boatos, sobre mim? - ela se espantou. Seu rosto em total surpresa era adorável.

- Receio que sim. Sobre a senhorita e o visconde.

Eles ainda estavam de pé, frente a frente, mas Charlotte caiu sentada no sofá mais próximo, não mais se importando com o fato de estarem na sala principal da casa, em frente à outras pessoas. Haviam mais dois rapazes à porta.

- Não acredito. - ela se jogou despojada no sofá, com os braços abertos. - Não sei o que ele estava pensando quando fez tudo isso.

- Tudo isso? Do que está falando? - Edward curvou-se sobre ela. Depois que viu o quão inadequado era, acabou sentando-se ao seu lado.

- Ora, quais foram os boatos, então? Não foi sobre o...

- O quê? Sobre como ele ficou encantado com a senhorita? Foi sobre isso, sim. E eu senti... - Edward engoliu em seco - senti a necessidade de fazer algo a respeito.

Charlotte sentiu-se zonza, mesmo estando sentada.

- Fazer algo a respeito? Por quê, exatamente?

Com muita dificuldade, Edward respondeu:

- Eu não o queria perto da senhorita. Esse pensamento me deixava furioso! - ele falou baixo, mas mesmo assim deixou transparecer sua raiva.

- Ora! Mas o senhor não tem direito algum de pensar assim! Eu me deixo levar por quem quiser, quem eu me agradar. Não sou propriedade sua.

- Eu não disse isso, Charlotte. - Ele pressionou dois dedos contra os olhos, quase fazendo-os entrar em sua cabeça. - Como você é cabeça dura. Eu só... disse que gosto de você e não queria pensar em mais ninguém... gostando.

- Suas palavras não fazem sentido. - Charlotte finalmente se endireitou no sofá e portou-se como uma dama. Bem, quase uma dama. - Como você diz que gosta de mim e me trata como faz? E depois some? Por uma semana inteira!

Um Casamento AdorávelOnde histórias criam vida. Descubra agora