Depois do alvoroço no corredor, Charlotte voltou para a sala de visitas onde estavam sua irmã Lucy e sua amiga - e anfitriã - Elena. Vasculhou a sala casualmente mas logo percebeu que Edward não estava lá. Tudo seguiu normalmente, com olhares discretos para a porta de tempos em tempos, mas nada aparecia.
Ao sair da casa, viu Edward em um dos corredores chamando-a. Ela negou com um movimento de cabeça e viu que ele praguejara. Sorriu satisfeita e seguiu o caminho até a porta. De repente algo salta do seu lado.
- Senhoritas. - fez uma reverência. Charlotte revirou os olhos muito sutilmente.
- Olá, Senhor Crane! - exclamou Lucy, com um sorriso de orelha à orelha. Edward retribuiu o sorriso. Charlotte o observou de soslaio e quase derreteu com a vista da boca de Edward arreganhada num sorriso sincero ali, tão perto dela. Suspirou.
- Deixe que acompanhe as senhoritas até vosso destino.
Lucy quase derreteu-se ali mesmo, na porta de entrada da casa Crane. Charlotte bufou insatisfeita.
- Não precisa. Viemos sozinhas, podemos muito bem ir embora sozinhas.
Lucy cutucou o braço da irmã.
- O que é isso, Charlie? Não negue um cavalheirismo desses.
- Cavalheirismo, Lucy? Você mal o conhece. - ela sussurrou para a mais velha, que ignorou o comentário e pôs-se ao lado de Edward.
- Seria muito gentil de sua parte, Senhor Crane.
- Por favor, me chame de Edward.
Lucy suspirava a cada movimento do rapaz. Charlotte percebeu a inquietação da irmã e sentiu-se incomodada, mas não podia dizer nada. Não podia revelar que mais cedo naquele mesmo dia eles tinham se atracado num beijo que ela não tinha certeza, mas pareceu apaixonado.
Apaixonado no sentido não-literal da palavra. Um beijo quente, totalmente entregue.
Mas é claro que ela não podia revelar nada disso à irmã, nem a qualquer outra pessoa. Só de pensar que Elizabeth quase os vira Charlotte começava a suar. Estava num misto de emoções. Ora sentia-se exaltada, ora sentia-se brava com as atitudes de Edward, que aproveitava de sua ingenuidade para fazer coisas indeléveis.
Charlotte pensou um pouco, com o cenho franzido enquanto caminhava pelas ruas com a irmã e Edward ao seu lado, e notou, muito a contragosto, que nunca havia se sentido daquela maneira antes. Nenhum outro rapaz havia feito seus nervos estourarem num dia, e no outro suas entranhas ferverem daquela forma. E não conseguiu decidir, mesmo tentando muito, se aquilo era bom ou muito, muito ruim.
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Edward sabia que Charlotte sentia-se incomodada com sua insistência, mas não estava nem um pouco a fim de parar. Sabia que uma hora ela iria ceder, uma hora ela iria confessar que toda aquela inquietação não passava de desejo. Ele tinha visto e sentidoo fervor dela quando estava em seus braços, e ele ansiava por mais. E tinha certeza que ela também.
Não costumava passar muito tempo pensando em uma mulher, nem aquelas que ele já seduzira, mas ao voltar pra casa depois de deixar Charlotte e Lucy em seu destino, sua mente não parecia ser capaz de pensar em outra coisa se não em quando ele teria Charlotte em seus braços novamente. Em quando teria o corpo dela colado ao seu outra vez, e isso o fazia tremer de excitação.
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- Sabe o que achei muito estranho, Charlie? - Lucy estava distraída bordando quando o pensamento lhe arremeteu.
- O quê? - Charlotte perguntou mecanicamente.
- Assim que você saiu da sala de visitas, hoje mais cedo... Edward a seguiu.
Charlotte engoliu em seco várias vezes. Podia sentir o rosto corando.
- É mesmo?
Lucy assentiu.
- Ele correu até a porta, na verdade. E depois sumiu. Estranho, não é?
Charlotte, que também bordava, espetou um dedo nessa hora.
- Aiii! - levou o dedo furado à boca.
- Onde você acha que ele pode ter ido?
Charlotte gemeu, mas não foi de dor.
- Não sei, Lucy. Pode ter ido ver se a mãe havia chegado...
- Não. Não foi isso! Ele tinha acabado de chegar, e sabia muito bem que a Sra. Crane não estava lá.
- Hmmmmm.
- E ele saiu no mesmo instante que você.
- Hmmmmm.
- Muito intrigante. Você não o viu pelo corredor?
Charlotte espetou o dedo novamente.
- Aiiii!
- Meu Deus, o que há com você? Geralmente é tão centrada no bordado...
- Não sei, Lucy. As vezes estou distraída com algo...
- O quê? O que pode haver em sua pequena cabecinha que eu não saiba? - perguntou Lucy, muito interessada. - Algum rapaz?
Charlotte pensou em mil e uma maneiras de sair daquela conversa. Quando estava quase cavando um buraco no chão e se arrastando até lá, ouviu a voz de uma das criadas vindo da porta.
- Senhorita Macclesfield, visita.
Charlotte levantou-se.
- Não, Srta Charlotte. É para Lucy.
A mais velha, que nem imaginava ser chamada, deu um salto da cadeira e foi sua vez de ter o dedo espetado.
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Lucy caminhou pelo corredor temendo o que lhe esperava. Não tinha ideia. Seria um pretendente? Quando chegou na sala de visitas sua mãe estava corada dos pés à cabeça, em consequência dos galanteios de um jovem que ela não conhecia. Não era um pretendente; era alguém novo.
- Bom dia, Lady Macclesfield. - ele segurava a mão de Eloise, beijando-a - Encantado.
Encantado? Ele com certeza estava ali há pouco.
Lucy limpou a garganta ao chegar na sala, para assim ver se alguém a notava.
O jovem olhou na direção de Lucy e foi até ela rapidamente, parecendo esquecer os encantos da mãe.
- Lucy Macclesfield? - indagou.
- Prazer, senhor...
- Turner. Linus Turner. Recém chegado na cidade. - ele curvou-se diante de Lucy. A menina olhou de soslaio para a mãe que estava de queixo caído do outro lado da sala, com certeza sentindo-se abandonada. - Como disse, cheguei há pouco e sou o novo morador da vizinhança. - ele virou-se para Eloise - sou o novo inquilino de Lady Bennet. - Eloise sorriu sem nenhuma vontade, assentindo. - E, ao chegar, fiquei sabendo que há por aqui várias moças encantadoras. - ele olhou diretamente nos olhos de Lucy, mas Eloise pareceu não perceber. Rapidamente se pôs ao lado de Linus e segurou-o pelo braço.
- Mas é lógico! Você deve ter-se confundido. Quem o senhor procura é Charlotte. Mary! - ela gritou para a criada - chame Charlotte, imediatamente.
Lucy não sabia se chorava de vergonha ou raiva. Para seu alívio, Linus pigarreou e começou a falar, com um sorriso satisfeito no rosto:
- Desculpe, Lady Macclesfield, mas eu não cometi erro algum. Estou muito certo de que Lucy é a moça que procuro.
Agora sim, Lucy pôde sentir as lágrimas brotando nos seus olhos, pois pela primeira vez, mesmo indiretamente, ela vencera a mãe.
xxxxxEstão prontas para receber mais um cavalheiro na estória? Hmmmm... Hahahahaha. :3
Até quarta, xoxo
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Um Casamento Adorável
Ficção HistóricaEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...