Linus estava devorando o último pão quando Charlotte percebeu que já ficava tarde. Três horas num piquenique era mais do que o normal, então seguraram o cachorrinho recém chegado e ainda sem nome nos braços e marcharam para casa. Linus não soltou o braço de Lucy até que ficasse perto o suficiente da casa Macclesfield e ele tivesse que, finalmente, dar as costas e ir embora.
- Só uma coisa. - disse - quero que batize o cachorrinho de Linus. Assim você sempre lembrará de mim quando olhar para ele.
Charlotte abafou o riso com as mãos. Lucy franziu o cenho.
- Mas eu sempre lembrarei de você quando olhar para ele, Linus. Você me presenteou com ele.
- Eu sei. Mas eu te quero dizendo meu nome o dia todo.
- Isso foi meio... - Charlotte começou, mas foi interrompida por um "shhhhhh" alto, então recuou, ainda segurando Linus - o cachorro - nos braços. Começou a acariciá-lo para se distrair enquanto Linus e Lucy despediam-se.
- Lucy. Já está tarde. Vamos andando.
Então a irmã desgrudou do rapaz, tomou Linus nos braços e seguiu andando, olhando para trás de cinco em cinco segundos.
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A caminhada até a casa Macclesfield não durava dez minutos, normalmente, mas com um cachorrinho inquieto no colo, parando de instante em instante para ajeitá-lo no braço, todo o trajeto durou quase meia hora. Ao chegarem em casa, ambas estavam suadas, e aparentemente Linus - o cachorro - também estava cansado, pois sua língua estava toda para fora num sinal de exaustão.
- Mamãe! Veja o que trouxemos! - gritou Charlotte a mando de Lucy. Estava segurando Linus nos braços quando entrou pela porta, abrindo-a com o quadril. - Uffa. Finalmente em casa, hein cachorrinho? - disse, enquanto o afagava a cabeça. Estava com a boca aberta, prestes a gritar pela mãe novamente, quando virou-se e pôde ver toda a sala. E não estava vazia.
Um homem estava em pé ao lado do sofá, numa postura mais do que correta, com uma única flor branca na mão - novamente, e sorria como um devasso. Na verdade estava rindo alto. Gargalhando. Aquela risada que Charlotte conhecia e que não sabia se adorava ou detestava.
- Senhor Crane. - balançou a cabeça rapidamente. - Edward.
Seus braços enfraqueceram e com isso Linus foi-se ao chão. O cachorrinho imediatamente correu até os pés de Edward, que não soube muito como agir, então levantou a perna, não sabendo muito bem o por quê. Agora era a vez de Charlotte de rir.
Linus jogou seu pequeno corpinho peludo no chão e abriu-se todo, ficando com a barriga branquinha para cima e a língua ainda de fora, exigindo carinho. Edward sentou-se no sofá próximo e curvou o corpo para chegar mais perto de Linus. Segurou-o pelo tronco e levou-o até seu colo.
- Como ele se chama? - Perguntou sem olhar para Charlotte.
- Linus. - Ela disse em meio à um sorriso largo, sincero. Estava adorando a imagem de Edward com um cachorrinho minúsculo no colo, que parecia menor ainda perto dele. Seu rosto queimava e ela estava certa que suas bochechas estavam mais coradas que um tomate. Só naquele momento, vendo aquela cena, ela deu-se conta de como havia ficado feliz com a visão de Edward ali, tão feliz que por vários segundos não agira. Ficara ali sem palavras, simplesmente observando o homem dos seus sonhos brincar com um animalzinho carente.
Lucy entrou na sala berrando por Charlotte, e então ela soltou todo o ar dos pulmões, os quais não sabia que estavam presos. Deu um pulinho saindo do lugar e olhou para a irmã assustada.
- Por que o espanto, Lucy?
- Charlie! Onde está ele? Mamãe o levou embora?
- O quê? - perguntou Charlotte perplexa. Foi então que Lucy o viu no colo de Edward.
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Um Casamento Adorável
Historical FictionEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...