Capítulo Vinte e Oito

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Charlotte repassava em sua cabeça tudo o que deveria dizer à irmã. Tentava organizar tópico por tópico para não se perder e confundir a cabeça de Lucy. Queria fazer tudo certo, dizer as coisas certas e fazer com que ela entendesse de uma só vez. Não sabia qual seria sua reação; não podia saber. Esperava o melhor, mas a cada segundo seu coração batia mais acelerado, com expectativa.

Lucy apareceu pouco antes da meia-noite. Era tarde demais, sim, mas ela explicou o que estava acontecendo.

- Linus veio até aqui. – Ela disse, e o pequeno Linus agitou-se aos seus pés. – Não você, Linus. – Lucy acariciou a cabeça do cachorrinho.

Charlotte estremeceu. Não esperava ter outros assuntos para tratar naquele momento.

- E... E então? O que ele disse?

- Nada, ainda. Só veio até aqui para me dizer que amanhã à tarde me espera no lugar de sempre.

- Certo. – Charlotte esfregava uma mão na outra, nervosa. Sentou-se à beira da cama e chamou Lucy para mais perto. – Venha aqui, Lucy, e me escute bem.

- Certo. Desculpe ter demorado tanto, Charlie.

- Não há problemas. Pelo menos você veio. Eu não aguentaria guardar essa informação por mais tempo.

- Então diga logo!

Mais uma vez, o texto estava sendo repassado na cabeça de Charlotte. Não sabia como convencer Lucy de que Edna Crane estava certa, mas tinha que arriscar.

- Prometa que vai ouvir até o final, e vai tentar compreender.

Lucy meneou a cabeça lentamente. – Okay. – Disse, por fim.

- Olhe... – Charlotte se remexia na cama, desconfortável. Acabou encostando o corpo no espelho da cama e cruzando as pernas. – Você sabe que minha ligação com os Crane está cada vez mais forte.

- Sim.

- E você sabe como eles são respeitados na cidade, nunca tendo se envolvido em nenhum escândalo ou algo do tipo.

- Sim, Charlotte. Onde você quer chegar com isso?

- A informação que tenho vem da mãe de Elena, A Sr. Crane. Edna Crane.

- Eu sei quem ela é. Claro que sei, Charlotte. O que ela poderia ter-lhe dito que me afeta diretamente?

Charlotte tapou o rosto com as mãos. Respirou fundo e olhou para Lucy, diretamente em seus olhos. Não ousou piscar.

- Ela disse, Lucy, que se lembra muito bem de quando papai mudou-se para a cidade com mamãe.

Então Charlotte desenrolou toda a história, desde a chegada dos Macclesfield à cidade, passando pelo bebê à tiracolo – que não era Charles, e nessa hora Lucy levou a mão à boca, abafando um grito – e a segunda gravidez, dessa vez, sim, de Charles. Charlotte tentou explicar palavra a palavra tudo que queria dizer.

- Então, Lucy... O que concluímos – Edward e Eu – é que, mamãe não é sua mãe. Você pode ser filha de alguém que papai conheceu no passado. Alguém que não tinha condições para criar-lhe ou até mesmo alguém que faleceu. Não se sabe ao certo. Eu não consegui pensar melhor nisso.

- Então... – Lucy falou, com a voz entrecortada. – Você está dizendo o que eu acho que está dizendo?

- Bem... – Charlotte chegou mais perto de Lucy, que estava quase na ponta da cama. – Sim, Lucy. – Tocou-lhe o ombro e fitou o teto, sem saber como continuar.

Lucy levantou-se de súbito e olhou para Charlotte, de cima.

- Você está me dizendo, que aquela cobra lá fora – ela apontou para a porta – não é minha mãe? Você está dizendo isso, Charlie?

Um pouco receosa, Charlotte meneou a cabeça.

- Bem... sim. Mas, veja bem, Lucy...

- Veja bem?! Essa é a melhor notícia do ano. Da minha existência. Do século!

Charlotte riu, nervosa. Levantou-se também e ficou frente a frente com a irmã.

- Você está falando sério, Lucy?

- Não, Charlie. Eu que lhe pergunto. Você está falando sério?

- Claro que estou! Lhe contei tudo, detalhe à detalhe, tudo o que Edward me passou.

- Eu não acredito! – Lucy levou a mão à cabeça, como se tivesse que segurá-la para não despencar. Andou de um lado para o outro pelo quarto, e, de repente, começou a agitar os braços no ar, saltitando. Linus pulava aos seus pés, correndo o risco de ser pisado, de tão pequenino.

- Eu não acredito! Não acredito!

Charlotte tentava acompanhar os passos de Lucy, mas não sabia se deveria comemorar também.

- Estou livre, Charlie! Não tenho a obrigação de ficar aqui. Não tenho a obrigação de aturar as ignorâncias dela. – Ela falava com repúdio na voz ao se referir à Eloise, sua mãe. Ou, sua madrasta. – É bom demais para ser verdade.

- Ah, meu Deus! Esqueci a melhor parte. – Disse Charlotte, sentando-se novamente.

- O quê? Melhor parte? Fica melhor que isso?

- Uh-hum. – Afirmou Charlotte, com os olhos brilhando de felicidade ao perceber que a reação de Lucy fora a melhor possível. – Edward nos deu a ideia de olharmos o testamento de papai, para saber porque mamãe continuou cuidando de você após a morte dele.

- Como assim?

- Ela não tinha a obrigação, certo? Poderia muito bem ter lhe despejado em um orfanato, ou até mesmo numa casa qualquer para servir de criada. Mas ela não fez. Ela continuou cuidando de você, mesmo tratando-lhe mal.

- Muito mal.

- Sim, muito mal. Mas mesmo assim ela ficou com você. É isso que queremos dizer. Ela lhe apresentou a todos como filha, e há de ter alguma explicação para isso.

- Você acha, Charlie? – Charlotte balançou a cabeça, afirmando. – Você acha que ela só ficou comigo por interesse?

- Eu não me surpreenderia.

- É.... Claro que é possível.

- Agora... – Charlotte não conseguia conter a animação ao falar. – Como faremos para pôr as mãos no testamento? – Estava se sentindo como um detetive.

- Ah.... Isso é fácil. – Lucy arqueou uma sobrancelha, depois caiu na gargalhada.

- Fácil, como?

Então Lucy contou-lhe qual seria o plano que faria ela se livrar, de uma vez por todas, das garras de Eloise Macclesfield.

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Mais um cap.! <3 Espero que continuem gostando. 

E obrigada pelas 10.5 mil leituras! :3 estou amando postar UCA aqui! Em breve postarei outra história para vocês :) 

beijão! s2s2

Um Casamento AdorávelOnde histórias criam vida. Descubra agora