Charlotte repassava em sua cabeça tudo o que deveria dizer à irmã. Tentava organizar tópico por tópico para não se perder e confundir a cabeça de Lucy. Queria fazer tudo certo, dizer as coisas certas e fazer com que ela entendesse de uma só vez. Não sabia qual seria sua reação; não podia saber. Esperava o melhor, mas a cada segundo seu coração batia mais acelerado, com expectativa.
Lucy apareceu pouco antes da meia-noite. Era tarde demais, sim, mas ela explicou o que estava acontecendo.
- Linus veio até aqui. – Ela disse, e o pequeno Linus agitou-se aos seus pés. – Não você, Linus. – Lucy acariciou a cabeça do cachorrinho.
Charlotte estremeceu. Não esperava ter outros assuntos para tratar naquele momento.
- E... E então? O que ele disse?
- Nada, ainda. Só veio até aqui para me dizer que amanhã à tarde me espera no lugar de sempre.
- Certo. – Charlotte esfregava uma mão na outra, nervosa. Sentou-se à beira da cama e chamou Lucy para mais perto. – Venha aqui, Lucy, e me escute bem.
- Certo. Desculpe ter demorado tanto, Charlie.
- Não há problemas. Pelo menos você veio. Eu não aguentaria guardar essa informação por mais tempo.
- Então diga logo!
Mais uma vez, o texto estava sendo repassado na cabeça de Charlotte. Não sabia como convencer Lucy de que Edna Crane estava certa, mas tinha que arriscar.
- Prometa que vai ouvir até o final, e vai tentar compreender.
Lucy meneou a cabeça lentamente. – Okay. – Disse, por fim.
- Olhe... – Charlotte se remexia na cama, desconfortável. Acabou encostando o corpo no espelho da cama e cruzando as pernas. – Você sabe que minha ligação com os Crane está cada vez mais forte.
- Sim.
- E você sabe como eles são respeitados na cidade, nunca tendo se envolvido em nenhum escândalo ou algo do tipo.
- Sim, Charlotte. Onde você quer chegar com isso?
- A informação que tenho vem da mãe de Elena, A Sr. Crane. Edna Crane.
- Eu sei quem ela é. Claro que sei, Charlotte. O que ela poderia ter-lhe dito que me afeta diretamente?
Charlotte tapou o rosto com as mãos. Respirou fundo e olhou para Lucy, diretamente em seus olhos. Não ousou piscar.
- Ela disse, Lucy, que se lembra muito bem de quando papai mudou-se para a cidade com mamãe.
Então Charlotte desenrolou toda a história, desde a chegada dos Macclesfield à cidade, passando pelo bebê à tiracolo – que não era Charles, e nessa hora Lucy levou a mão à boca, abafando um grito – e a segunda gravidez, dessa vez, sim, de Charles. Charlotte tentou explicar palavra a palavra tudo que queria dizer.
- Então, Lucy... O que concluímos – Edward e Eu – é que, mamãe não é sua mãe. Você pode ser filha de alguém que papai conheceu no passado. Alguém que não tinha condições para criar-lhe ou até mesmo alguém que faleceu. Não se sabe ao certo. Eu não consegui pensar melhor nisso.
- Então... – Lucy falou, com a voz entrecortada. – Você está dizendo o que eu acho que está dizendo?
- Bem... – Charlotte chegou mais perto de Lucy, que estava quase na ponta da cama. – Sim, Lucy. – Tocou-lhe o ombro e fitou o teto, sem saber como continuar.
Lucy levantou-se de súbito e olhou para Charlotte, de cima.
- Você está me dizendo, que aquela cobra lá fora – ela apontou para a porta – não é minha mãe? Você está dizendo isso, Charlie?
Um pouco receosa, Charlotte meneou a cabeça.
- Bem... sim. Mas, veja bem, Lucy...
- Veja bem?! Essa é a melhor notícia do ano. Da minha existência. Do século!
Charlotte riu, nervosa. Levantou-se também e ficou frente a frente com a irmã.
- Você está falando sério, Lucy?
- Não, Charlie. Eu que lhe pergunto. Você está falando sério?
- Claro que estou! Lhe contei tudo, detalhe à detalhe, tudo o que Edward me passou.
- Eu não acredito! – Lucy levou a mão à cabeça, como se tivesse que segurá-la para não despencar. Andou de um lado para o outro pelo quarto, e, de repente, começou a agitar os braços no ar, saltitando. Linus pulava aos seus pés, correndo o risco de ser pisado, de tão pequenino.
- Eu não acredito! Não acredito!
Charlotte tentava acompanhar os passos de Lucy, mas não sabia se deveria comemorar também.
- Estou livre, Charlie! Não tenho a obrigação de ficar aqui. Não tenho a obrigação de aturar as ignorâncias dela. – Ela falava com repúdio na voz ao se referir à Eloise, sua mãe. Ou, sua madrasta. – É bom demais para ser verdade.
- Ah, meu Deus! Esqueci a melhor parte. – Disse Charlotte, sentando-se novamente.
- O quê? Melhor parte? Fica melhor que isso?
- Uh-hum. – Afirmou Charlotte, com os olhos brilhando de felicidade ao perceber que a reação de Lucy fora a melhor possível. – Edward nos deu a ideia de olharmos o testamento de papai, para saber porque mamãe continuou cuidando de você após a morte dele.
- Como assim?
- Ela não tinha a obrigação, certo? Poderia muito bem ter lhe despejado em um orfanato, ou até mesmo numa casa qualquer para servir de criada. Mas ela não fez. Ela continuou cuidando de você, mesmo tratando-lhe mal.
- Muito mal.
- Sim, muito mal. Mas mesmo assim ela ficou com você. É isso que queremos dizer. Ela lhe apresentou a todos como filha, e há de ter alguma explicação para isso.
- Você acha, Charlie? – Charlotte balançou a cabeça, afirmando. – Você acha que ela só ficou comigo por interesse?
- Eu não me surpreenderia.
- É.... Claro que é possível.
- Agora... – Charlotte não conseguia conter a animação ao falar. – Como faremos para pôr as mãos no testamento? – Estava se sentindo como um detetive.
- Ah.... Isso é fácil. – Lucy arqueou uma sobrancelha, depois caiu na gargalhada.
- Fácil, como?
Então Lucy contou-lhe qual seria o plano que faria ela se livrar, de uma vez por todas, das garras de Eloise Macclesfield.
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Mais um cap.! <3 Espero que continuem gostando.
E obrigada pelas 10.5 mil leituras! :3 estou amando postar UCA aqui! Em breve postarei outra história para vocês :)
beijão! s2s2
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Um Casamento Adorável
Historical FictionEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...