Capítulo Vinte e Três

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Edward levantou-se às sete da manhã. Era um pouco tarde para seus horários sempre bem controlados, mas não se importou. Sua vontade era ficar na cama até que estivesse na hora de encontrar-se com Charlotte. Havia marcado para o final da tarde, mas não conseguia se conter.

Desceu as escadas correndo, após vestir-se, e cumprimentou os criados, que já estavam esperando-o para o café da manhã.

- Demorou-se hoje, senhor. Está se sentindo bem? – Perguntou Emília, uma das mais novas criadas. Edward sempre fora gentil com quem lhe servia.

- Sim, Emília. Agradeço o interesse, mas estou perfeitamente bem. Não há com o que se preocupar.

Emília assentiu e se retirou. Edward pôs-se a comer, mas logo foi interrompido.

- Edward, meu filho. Espero que não se importe com minha visita. – Edna sorriu cordialmente ao sentar-se na mesa, ao lado do filho mais velho.

Edward olhou-a com espanto.

- Desde quando a senhora está por aqui? Por que não me acordou?

- Ora, não seja bobo. Não iria atrapalhar seu sono por nada.

- Não é nada, mamãe. – Ele sorriu – sei que, se chegou ao ponto de vir até aqui, é por que existe algo, sim. Espero ficar sabendo antes do término da refeição.

- Porquê? Algum compromisso urgente?

Ele balançou a cabeça, negando.

- Apenas curiosidade.

Edna riu com vontade.

- Você não muda, mesmo. Bem, serei breve, então. – Ela começou – sei que você ficou curioso, para variar, com o assunto do falecido sr. Macclesfield. – Edward assentiu, mastigando o pão – e confesso que também passei a pensar muito no assunto depois de mencionado. Haviam e creio que ainda há coisas que não me recordava sobre isso. Foi algo muito importante e que correu na boca de toda Londres quando aconteceu. Não que seja nada demais, realmente, mas você sabe... as pessoas falam mais da vida alheia do que da própria. É sempre um escândalo quando a vizinha faz algo errado, mas ninguém se põe no lugar dela.

- O que quer dizer com isso?

- Quero dizer que, com certeza, Eloise Macclesfield teve e tem algum motivo para não revelar a verdadeira identidade da garotinha. De onde ela veio, quem ela verdadeiramente é.

- A senhora acha que há um motivo para isso tudo?

- Com certeza, Edward. Com absoluta certeza.

Xxx

Lucy voltou cabisbaixa. Dissera à mãe que só daria uma volta no jardim, para espairecer, passar as horas, mas Charlotte sabia que ela estava com Linus.

- O que houve, Lucy? – Perguntou Charlotte, quando encontrou com a irmã no corredor.

- Linus... – ela disse, tão baixo que foi quase inaudível. Charlotte esperou uma resposta. Quando Lucy percebeu isso, continuou – Ele terá que viajar... resolver algumas coisas importantes, mas não sei quais.

- Ah, Lucy. Não fique assim. Você confia nele, sei disso. E eu até que gostei dele. Você sabe que ele voltará em breve.

- Ele não me deu endereço algum para nos correspondermos. Disse que não se sente à vontade mandando-me cartas, pois sabe que mamãe pode vê-las.

- Isso logo passará. Não se preocupe.

Charlotte esfregou o braço da irmã, num gesto que tentava passar conforto, mas logo virou-se e saiu andando. Tinha um destino importante.

Um Casamento AdorávelOnde histórias criam vida. Descubra agora