Capítulo Vinte e Um

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Edward chegou à casa de sua mãe no final da tarde. O céu quase escurecia por completo, podendo ver apenas sombras a sua frente. Estava contente pois ao menos sua irmã, Elizabeth, já estaria deitada. 

Bateu a porta e esperou que o mordomo viesse. Com um breve aceno de cabeça, sem dizer uma só palavra, passou reto pelo criado e foi direto ao escritório da mãe. Conhecendo-a bem como ele conhecia, tinha certeza que ela estaria lá. 

Seus passos eram largos e pesados, de modo que sua mãe logo o ouviu chegando, então estava olhando para a porta quando ele entrou. 

- Edward, querido. - ela sorriu enquanto falava. Nada a deixava mais feliz do que uma visita inesperada do filho que não mais vivia com ela. - O que lhe traz aqui a essa hora?

Ele poderia dizer que não havia motivos urgentes, mas ambos saberiam que ele mentira. 

- Preciso tratar de assuntos... inadiáveis. 

Edna depositou a pena que estava em sua mãos na resma de papel à seu lado, e apoiou os cotovelos na mesa. Edward sentou-se à frente da mãe e ficou em silêncio por quase um minuto, antes de começar a falar.

- Bem... mãe. Preciso avisar-lhe com antecedência que posso estar saindo da cidade nos próximos dias. 

- Alguma coisa urgente a ser tratada fora?

- Bem... - ele se remexeu na cadeira, sem saber como prosseguir - não precisamente. 

Então Edward desfez o nó em sua garganta e contou a sua mãe tudo o que havia acontecido nos últimos dias. Desde o primeiro encontro com Charlotte, até o último. Ele não pronunciara o nome "Charlotte", apenas a chamava por "Srta. Macclesfield". 

- Qual das meninas Macclesfield? - perguntou Edna, interessada. Parecia estar recordando algo. 

- A mais nova. - Edward tentou esconder o sorriso - Charlotte. 

- Muito bem. - Edna tamborilava os dedos na mesa - Você sabe sobre a história da família?

- Como? - Edward aguçou os ouvidos. - Que história?

- Sobre o falecido Sr. Macclesfield. 

- Não. Não sei nada sobre. - Edward tentou recordar alguma conversa sobre, mas Charlotte nunca mencionara nada sobre o pai. 

Edna pensou ter soltado algo desnecessário, mas como o filho parecia apaixonado por Charlotte Macclesfield, ela logo livrou-se da culpa.

- Bem, Edward... você era muito pequeno para lembrar-se de coisas como essa, - ela começou, concentrada - mas quando o Sr. Macclesfield mudou-se para onde a família mora hoje, ele não estava apenas com Eloise a tiracolo. Uma criança muito menor que você repousava em seus braços. Todos acreditaram ser o primeiro filho deles, naquele caso, era uma menininha. Mas Eloise já estava grávida àquela altura... Sua barriga era perceptível, mas eles fizeram de tudo para esconder o caso. Meses depois, duas crianças habitavam a casa. Uma menininha - a primeira - e um garotinho, Charles, que chegou depois. Eles são quase da mesma idade, e não tem como terem vindo da mesma mulher. Poucas pessoas sabem deste caso, pois Eloise começou a mentir sobre a idade da garotinha logo após a morte do marido. 

Edward estava calado, ouvindo atenciosamente cada palavra. Ao fim, ele riu, nervoso. 

- Mãe... isso é muito grave. A senhora tem certeza?

- Absoluta, Edward. Como tenho certeza que você, meu filho, morou nove meses em meu ventre. 

Edward desabou na cadeira, relaxando o corpo. Levou a mão a testa. 

- O que devemos fazer? - perguntou. 

- O que devemos fazer? - repetiu Edna. - Não temos o que fazer, Ed, querido. Essa história não pode sair daqui. - ela curvou o corpo para chegar mais perto do filho - existe algo mais. 

- O quê? - Edward quase se contorceu de curiosidade e agonia. 

- Esta parte não tenho absoluta certeza. Mas é provável. - ela parou um minuto, lembrando-se de cada detalhe - Sobre o testamento do falecido sr. Macclesfield... existe algo sobre isso no documento. Correu um boato, na época em que o Sr. Macclesfield morreu, onde diziam que, se Eloise contar aos filhos sobre o caso, revelando que na verdade a garotinha não é sua filha, ela perde tudo o que foi do marido. 

- Mas... Ela merece saber. Todos merecem saber! 

- Sim, Edward... Concordo com você. Mas não fui eu quem escreveu o testamento. Não fui eu quem escondeu uma filha. 

- E sobre a mãe de Lucy? 

Edna suspirou profundamente. 

- Sobre isso, não sabemos. Provavelmente era alguma criada do sr. Macclesfield, ou alguma mulher com quem ele se relacionou e acabou engravidando sem estarem de casamento marcado. Existem tantas possibilidades, meu filho!

- Eu ainda não entendo por que ele não queria que Lucy soubesse de quem é filha. Ela merece isso... - ele repetia para si mesmo - Pelo que ouvi... Eloise maltrata muito a filha. Quer dizer... a afilhada. Enteada? 

- Acho que ele percebia isso, meu filho. Por isso preferiu que a mulher cuidasse da menina à jogá-la na rua. 

Edward levantou-se de súbito. 

- Preciso pensar sobre isso e descansar. - contornou a mesa, diminuindo a distância de sua mãe e a beijou no alto da cabeça. - Boa noite, mãe. Logo, logo volto com mais detalhes sobre... você sabe. - deu uma piscadela enquanto passava pela porta e a fechou atrás de si, deixando a mãe com um sorriso largo no rosto. 

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Começando a explicar algumas coisas!

Ansiosa para saber o que vocês acharam. :) s2 beijos!

Um Casamento AdorávelOnde histórias criam vida. Descubra agora