O chá estava marcado para as cinco da tarde, como era de costume na casa dos Crane. Elena estava sozinha na sala de visitas, pois sua irmã, Elizabeth, não gostava daquele tipo de interação e trancava-se no quarto. Edward chegara às quatro horas e se trancara com a mãe no escritório, então só sobrara ela e uma criada. Não era comum as criadas juntarem-se aos patrões nessas ocasiões, mas a gentil Elena Crane sempre fizera questão de se aproximar das pessoas que tornavam sua vida mais fácil.
Charlotte Macclesfield chegou quase às cinco em ponto. Estava acompanhada de sua irmã, Lucy, que não parecia muito feliz naquele dia.
- Algo a está incomodando, Lucy? – Perguntou Elena gentilmente, depois de todas já estarem confortáveis na sala, com uma xícara de chá e uma bandeja de bolinhos à sua disposição.
- Não, não. Está tudo bem... só estou com a cabeça em outro lugar.
- Entendo. E você, Charlotte? Como se sente? – Elena sorriu, já sabendo o que a menina esperava. Charlotte olhava para todos os lados, procurando um sinal de Edward.
- Bem. Estou.... Bem. – Ela não parava de mexer a perna.
- Ora, está tão inquieta.
Charlote sentiu as bochechas corarem. Olhou para Elena e entendeu. Ela sabia. Mordeu o lábio inferior com tanta força que, se Edward Crane não tivesse entrado na sala naquele momento, ela tiraria sangue.
Saltou da poltrona e seu coração foi junto. Começou a bater tão forte em seu peito, que, se fosse um desenho animado, estaria batendo além da pele. Edward lançou um olhar vibrante em sua direção e ela teve certeza, absoluta, que todo seu corpo se arrepiara.
- Boa tarde, senhoritas. – Anunciou Edward.
- Boa tarde, Sr. Crane. – Respondeu Lucy, mas ela não olhava para Edward. Estava olhando diretamente para a irmã, Charlotte, que não soube esconder nem um pouco sua empolgação com a chegada do rapaz.
- Peço desculpas, mas preciso ter uma... conversa... com a Srta. Macclesfield. Prometo ser breve.
Charlotte riu, indo em direção à porta, não sem antes olhar para Elena e Lucy com um sorriso de orelha a orelha.
No corredor, Edward a esperava com as mãos para trás do corpo, como se temesse agarrar a moça ali, como já acontecera antes.
- Tenho sentido tanto sua falta ultimamente! – Charlotte ignorou o controle de Edward e jogou os braços em volta de seu pescoço, apreciando o calor de seus corpos juntos.
- Sei disso. Sei disso. Também tenho, mas algumas coisas são mais importantes agora.
Ela se surpreendeu por não se sentir magoada com o comentário. Sabia que as coisas mais importantes também tinham ligação com o relacionamento dos dois.
- Estou me sentindo encurralada. Amanhã o visconde voltará e eu não sei mais como fugir.
- Eu já lhe disse o que fazer. Não vá contra seu irmão. Veja bem... – ele afastou-se dela por um momento e segurou-lhe as mãos. – Não valerá de nada ir contra seu irmão agora.
- E o que será da minha vida se continuar casada com quem não amo? É você quem deveria estar comigo num momento como esse.
Edward respirou fundo, sorrindo com a sinceridade da dela.
- Não se preocupe. Sei que a vida não terá valor se não estivermos juntos. – Ele levou a mão ao peito, olhando-a nos olhos – Minha vida não terá valor algum se não tiver você. Eu não serei ninguém se não for contemplado com seus sorrisos pela manhã, sem sua espiritualidade. Nada, nada mudará o que sinto por ti, Charlotte. Nem mesmo um casamento forçado.
Depois de tanto tempo sentindo-se vulnerável, Charlotte pensou que choraria com uma declaração daquelas, mas não o fez. Surpreendentemente, manteve-se firme. Sorriu com cada palavra, não conseguindo conter a felicidade de ouvir aquelas frases da pessoa certa, mas não derramou uma lágrima sequer. Focada no que aconteceria com toda aquela situação, perguntou:
- Entendo tudo o que estás dizendo, e fico mais que feliz com tais palavras. Mas, não consigo entender uma coisa: qual a solução para o que está acontecendo, Edward? O que faremos?
- Ainda não entendeste?
Ela balançou a cabeça, negando.
- Obedecerás a Charles e casarás com John Grant. Todos ficarão felizes, e é assim que deve ser. O combinado é o casamento, e não o que acontecerá depois.
Charlotte levou a mão à boca, alarmada. Finalmente entendia.
- Não! – Gritou, mas sua expressão dizia o contrário. Seus olhos brilhavam, radiantes.
- Sim! – Remedou Edward.
- Esta ideia sempre esteve em sua cabeça?
- Mas é claro. – Ele riu da inocência dela – Qual outra solução teríamos? Infelizmente, teremos que viver como criminosos. – Brincou.
Charlotte conseguiu rir diante da afirmação, sem sentir nem uma pontada de medo. As palavras de Edward tinham um poder sobre ela.
Podia o mundo estar acabando, mas se ele estivesse lá para tranquiliza-la, ela não se desesperaria. Sentia-se outra pessoa ao lado de Edward. Sentia que podia ser muito mais do que já era. Sentia-se livre para falar o que fosse, fazer o que fosse e, no final do dia, sentir-se bem com tudo aquilo. Sentia como se precisasse daquela presença para acalmar o coração que tanto havia sofrido nos últimos dias.
Sim, eles viveriam escondidos, como dois criminosos, fugindo de tudo e longe de todos, mas aquela perspectiva não a assustava. Pelo contrário: a animava. Estava ansiosa pelo momento em que seriam só os dois, soltos pelo mundo, livres para serem quem bem entendessem.
- Eu não acredito em como me sinto feliz ao ter você ao meu lado, Ed. É difícil aceitar ser feliz depois de imaginar uma vida sofrida com alguém que não quero.
- Eu prometo, Charlotte, fazer-te mais feliz do que qualquer outra pessoa jamais faria. Todos os dias, será você a mulher mais feliz que já pisou na Terra. O ser humano mais amado, e eu, o mais realizado. Nada me satisfará mais do que ver-te dia após dia como minha esposa. Minha companheira. Srta. Edward Crane.
Já haviam se beijado antes, diversas vezes, até, para um casal sem compromisso selado. Mas aquela, ah, aquela vez fora a melhor e mais apaixonada de todas as outras. A primeira vez, de muitas, que beijaram-se sabendo o que o futuro reservava. E não podiam desejar outra coisa senão mais beijos como aqueles.
---------
Capítulo antecipado!
Eu ia postar mais cedo, mas acabei esquecendo, porque, adivinhem? Comecei uma história nova. HAHAHAHA Não consigo parar. Sorry.
E já postei no wattpad! Se quiserem dar uma olhada, seria ótimo. Chama-se Big Girls Don't Cry e já está no meu perfil. :) Espero que curtam a história nova e o cap. de UCA. <3 beijão! ♥
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Casamento Adorável
Ficción históricaEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...