Meu Defensor - ItaSaku

Nove

A Lua

Itachi passou por mim, caminhando até seu quarto, onde pude descansar por algumas horas. Ao retornar, vestia uma camisa cinza que combinava com a sua calça de moletom preto. As cores o deixava limpo, com um ar mais sereno. Eu ainda me mantinha parada, segurando o par de botas nas mãos.

Estava envergonhada por estar ali, em sua privacidade. Senti-me desafiada em ficar e o aturar em uma conversa. Na verdade, sentia meu coração bater mais rápido e forte que o normal.

Era puro nervosismo.

Itachi pegou algumas almofadas e arrumou no chão de sua sacada, jogando em seguida uma coberta grossa, para que pudéssemos sentar e ficar confortável. No final eu estava tentada a me juntar a ele. Amava ficar na minha sacada enquanto lia pergaminhos, ou livros. Gostava de me manter um pouco fora de órbita, esquecer um pouco de minhas obrigações.

Meus olhos se moviam de acordo com os movimentos do Uchiha, observando ele colocar algo no microondas para esquentar, não demorando muito para retirar as tigelas brancas, carregando com dois pares de hashis. Se sentou onde havia arrumado e me surpreendi por ter pensado em tudo e arrumado sozinho.

— Não preciso dizer que está na hora de largar isso e se juntar a mim, certo? – perguntou, colocando uma almofada sobre o seu colo, apoiando a tigela quente.

Em completo silêncio, larguei as botas no chão. Andando em passos lentos e receosos, sentindo o gelado na sola dos pés, já que anteriormente estava parada sobre o tapete felpudo. Tomei cuidado para não esbarrar em Itachi e me sentei ao seu lado, encostando meus joelhos em sua perna, por ser um pouco menor que ele.

Olhei para a tigela branca e sorri ao ver o macarrão com carne a minha frente. Inspirei o cheiro e fechei os olhos, sentindo meu estômago roncar em instantes, denunciando minha fome.

— Está delicioso. – elogiei ao comer a primeira garfada, sentindo a carne desmanchar em minha boca. — Foi você que fez? – o olhei, esperando alguma expressão sua.

— Sim. – confirmou. — Essa seria a refeição de Sasuke. – deu de ombros, terminando de comer e nao se importando com o irmão.

Ele não ficaria com fome por isso.

— Posso afirmar que é melhor do que eu na cozinha. – admiti, sabendo que sabia cozinhar apenas o básico e vivia de comidas congeladas. — Passo a maior parte do tempo no hospital que sequer da fome direito. – o respondi após ver sua expressão de julgamento.

— Nunca fiquei com fome quando vivia em florestas. – falou calmamente, colocando sua tigela ao seu lado. — Precisamos sempre estar fortes. Nunca se sabe quando será necessário gastar nossa fonte de energia.

— Tem razão. Preciso regular isso o mais rápido possível. – disse, o apoiando em sua frase. — Ou você pode fazer minhas refeições, o que acha? – falei o que veio à mente, me repreendendo em pensamento por ser tão linguaruda.

— Não consegue segurar o que vem à mente, né? – sua risada baixa me deixava ainda mais intrigada.

— Você me intriga, Itachi. – comentei, o olhando agora seria. — Não consigo ler suas expressões. Elas não condizem com nada que sai de sua boca, mesmo que demostre com um sorriso. – fui sincera, mudando o rumo da conversa.

— Tem medo de mim, Sakura? – perguntou, ignorando o que havia lhe dito, mas não me importei.

Não iria me sentir mal por ter sido franca. Não havia o insultado, estava apenas deixando claro o quão curiosa eu estava sobre ele.

— Sim. As vezes. – assumi, sabendo que dei alguns moles fechando meus olhos ao encara-lo. — Sabe o quão poderoso é no genjutsu, e sobre as histórias que correm sobre você. – o contei, sentindo agora seu olhar vidrado em mim.