Doze

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A promessa

— Então vocês realmente estão juntos, como uma família. – comentou Kabuto, intercalando sua observação entre Sasuke e Itachi. — Orochimaru ainda espera pela sua volta, Sasuke.

— Ele não é tão esperto então. – Sasuke respondeu, querendo matá-lo e poupar que ouvisse gracinhas.

— Por qual motivo Orochimaru está atrás de ninjas médicos? – perguntou kakashi, incomodado com toda aquela ladainha. — Ele já não violou crianças o suficiente para a própria loucura?

— Ele está apenas testando algo novo, copiador. E Sakura é discípula da quinta Hokage, uma sennin lendária. – falou calmamente, mantendo uma feição assustadora em seu rosto. — E seria útil em sua recuperação.

— Eu o vi, e não está conseguindo fazer muita coisa sozinho, somente com a ajuda desse aí. – respondi, me sentindo menos cansada ao parar de lutar sozinha.

Soltei-me de Kakashi e fiquei apenas ao seu lado, curando um dos fundos arranhões em meu braço. Devo ter machucado em algum tronco e sequer sentir a dor. Eu sequer sabia como tudo aquilo havia acontecido. Estava no hospital depois da invasão, indo ajudar Ino. Lembro apenas de apagar e acordar dentro de um buraco. O cheiro de amônia, o espaço pequeno e úmido, carregado de fios, tubulações... Consegui seguir como se fosse um túnel, nem mesmo notaram a minha saída. Aparentemente eu deveria ter ficado apagada por mais tempo, mas não contavam que eu não era uma ninja qualquer.

Após fugir, fui encontrada por Kabuto e seus clones brancos, que tentaram me fazer retornar para debaixo da terra. E dessa vez eu não seria pega sem lutar.

— Eu não seria louco de tentar lutar contra vocês, estando sozinho. Tenho bom senso. – comentou Kabuto, se afastando entre as árvores.

Os zetsus brancos sumiram em conjunto, podendo ver somente a sombra de Kabuto a distância.

— Foi bom revê-los, e nos reencontraremos em breve. - e, dizendo isso, sumiu, não podendo ver nenhum rastro.

Pude observar Itachi, que mantinha sua postura calma, e rosto centrado, frio como sempre o vi. Ele se virou lentamente, podendo me analisar com calma. E, naquela altura, eu deveria estar suja por ter corrido, lutado e pego chuva. Sentia meus cabelos grudados em minha testa, encharcados. Eu não vestia meu jaleco e a roupa estava completamente grudada em meu corpo, gélida e encardida. A chuva que havia cessado por ora retornou com toda a sua força.

— Devemos nos esconder até a chuva cessar. – aconselhou Kisame. — Podemos sair de madrugada e chegar antes do amanhecer.

— Tem uma caverna ali na frente, podemos fazer uma fogueira e esperar. – Kakashi tomou a frente, enquanto Naruto não saía do meu lado.

Sasuke e Itachi permaneciam as minhas costas, o que não impedia que eu ouvisse suas conversas. Aparentemente o mais novo estava preocupado com Itachi, se perguntando o que ele tinha que permanecia em silêncio, mesmo depois de ter sigo pego chorando na chuva.

Por qual motivo ele estava chorando?

— Sakura, tem certeza que não está machucada? – Naruto perguntou pela milésima vez, me fazendo revirar os olhos, mas o respondi, entendendo que ele estava apenas tentando ajudar.

— Sim. Estou apenas com fome e frio, nada além. – resmunguei, sentindo os braços de meu amigo rodear meu corpo, tentando me aquecer mesmo que estivéssemos os dois molhados da chuva. — Você é um ótimo amigo, Naruto. – agradeci, realmente grata pela sua tentativa em me ajudar.

Adentramos a caverna e respirei aliviada, querendo apenas me sentar e me esquentar em alguma fogueira. Quase no final tinha algumas pedras, onde aproveitei para me escorar. Naruto encontrou uma fogueira apagada, um rastro de pessoas que a utilizaram. E, para facilitar nossas vidas, Sasuke usou seu jutsu para termos fogo. A caverna aos poucos foi se aquecendo, enquanto o barulho da chuva ainda soava no lado de fora.

— Como está se sentindo? – me assustei com a voz inesperada ao meu lado, observando seus movimentos.

Itachi estava se sentando ao meu lado. O olhei, fixando em seus olhos negros, gostando da sua presença. Na verdade, eu não sabia que ficava tão nervosa ao estar tão perto dele.

— Melhor que antes. – sorri, tentando ignorar o pensamento em querer dizer que ele ficava ainda mais bonito com o rosto iluminado.

Segurei uma risada, o que demonstrou em minha feição, ficando com as bochechas quentes em seguida.

— O que foi? 

— Hmm... Como outro ninja conseguiu entrar na vila se agora temos bem mais proteções? – mudei o assunto, não querendo mais ser o alvo.

Eu realmente me perguntava o motivo da invasão e como tudo aconteceu. Não descartava a hipótese de alguém de dentro ter sido manipulado a ajudar.

— Com ajuda de alguém de dentro. – respondeu, mantendo a mesma ideologia. — Me desculpa, Sakura. Eu não consegui protegê-la. – disse, o que me deixou pensativa, com ainda mais vontade de rir.

Ele só podia estar de brincadeira, mas eu conseguia ver em seus olhos que cada palavra era verdade.

Coloquei minha mão sobre a sua, que mantinha apoiada em sua perna, e seu olhar seguiu meu movimento, retornando para o meu rosto. Apesar de estarmos em um ambiente agora quente, que até meu corpo estava se recuperando e aquecendo, os seus dedos estavam completamente gélidos. Mas mesmo assim segurei em sua mão, olhando em seu rosto para tentar reconforta-lo.

— Você foi me buscar, e agora eu estou ao seu lado. – sorri. — Eu agradeço toda a preocupação comigo, Itachi, mas nem tudo está ao seu alcance.

— Talvez você esteja certa, porém é o meu dever proteger a vila, como a muito tempo eu deixei de fazer. – disse, tentando se manter firme, ainda deixando que eu segurasse sua mão.

Eu ainda olhava para nossas mãos grudadas, ainda lembrando da sensação do toque de seus dedos encostados nos meus, quando pegamos no sono na varanda de seu apartamento. Mas aquele toque era ainda melhor. Minha pele quente aquecia as suas, não deixando nada desconfortável. Senti seus dedos em meu queixo, me forçando a olhá-lo.

— E eu ainda tenho a promessa de protegê-la até meu último suspiro, Sakura.

Engoli em seco, com seu toque singelo em meu rosto, me deixando mais confusa do que eu estava outrora. Itachi não facilitava em nada, me fazendo ter ainda mais pensamentos sobre ele. Uma hora tentava me manter longe, outra hora demostrava o contrário.

E no final eu não sabia o que eu queria.

Senti olhos sobre nós, mesmo que estivéssemos um pouco distante e conversando baixo. Me desvencilhei levemente para notar que estava de olho em nós dois, podendo ver Kakashi, que tinha um Naruto ao seu lado que falava sem parar. Ele percebeu, voltando a sua atenção ao seu antigo aluno, falando sobre algo que não me dizia respeito.

— Itachi, eu... eu não consigo entender quando foi que chegamos a esse ponto. – falei, olhando para nossas mãos unidas, retornando para os seus olhos negros.

— Talvez eu tenha uma ideia, e uma certa culpa. – foi apenas o que respondeu, deixando de me olhar para esticar seu corpo na pedra.

Encostou sua cabeça na grande Rocha e fechou os olhos, se permitindo a descansar antes de iniciarmos nossa caminhada de volta. Me deixou ainda mais confusa e, quando soltei meus dedos para deixar sua mão, sinto seu aperto, proibindo que eu o soltasse.

Meu Defensor - ItaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora