Capitulo 9

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____ Nat's pov___

"Cheguei do curso tomei um banho e saí de novo pra casa da professora.
Pedalando com mais cuidado pra que não encontre nenhum engraçadinho que dessa vez me mate de vez, as pessoas de hoje em dia estão muito sem noção.
Cheguei em sua casa, sentindo a leve ansiedade e vergonha de sempre.
Por mais que eu já tenha contado do sonho, não posso deixar de pensar nas coisas proibidas que pensei quando acordei do sonho.
Eu quase me toquei pensando nela, imagine se ela soubesse alguns pensamentos que tenho dela, bom, eu posso dizer que é fetiche.
Querendo ou não eu sou uma pessoa carente e por mais que me deixe envergonhada, ela não é a primeira mulher com quem tenho alguns pensamentos e até sonhos.
Afasto meus pensamentos e toco em sua companhia, a porta se abre e do outro lado eu vejo Rebeca com uma taça de vinho nas mãos.
- oi Nat.
Ela disse sorrindo
- oi Rebeca, você pediu pra que eu visse aqui mas vejo que está ocupada.
Disse olhando pra sua taça.
- está tudo bem, isso é só uma pequena... Comemoração.
- ah, sim, compreendo.
- entre.
Ela me deu espaço e eu entrei.
A segui até sua mesa, vi sua garrafa de vinho na metade, se fosse eu já estaria bêbada.
Me sentei onde ela pediu, ela trouxe suas coisas de aula, assim começamos."

______ Rebeca's pov____

"Tudo nela parecia diferente, ou era só coisa da minha cabeça?
A verdade é, a Natalha de algum modo está mexendo comigo.
Quando ela me disse sobre o sonho erótico que teve comigo eu lutei contra a vontade de perguntar como foi e o que ela sentiu.
Eu disse aquilo só pra conforta-la, mas acho que ela tem pensado mais em mim do que minha própria matéria.
O ar entre nós estava tenso, algo diferente estava no ar, e eu sei que ela está sentindo, mesmo que não demonstre.
De um tempo pra cá tem ficado mais tenso, mais diferente, os olhares, os sorrisos, as conversas.
Ou talvez eu só esteja sob o efeito do vinho, o que eu duvido muito por que não fico bêbada com meia garrafa de vinho.
Eu nem acredito que já tive um pensamento proibido com a Nat.
Eu já namorei vários homens, já amei, apaixonei mas uma pessoa do mesmo sexo foi só uma vez.
Mas agora uma aluna? Não, não seria justo, não com a Nat, ela é tão doce, inocente e gentil que eu não consigo apenas me aproveitar de seu momento de descobrimento  e nem de seu nervosismo por estar sozinha, comigo, principalmente depois desse sonho, é excitante mas não o certo.
Mas, ao olhar pra ela, seus cabelos ondulados pretos, sua pele com uma coloração de melanina clara, a inocência em sua voz, em seu rosto e no seu modo de agir, seus olhos castanhos claros, sua boca meio rosa escuro misturado com marrom,  é como se ela fosse uma criança no corpo de uma adolescente de 17 anos, acho fofo o jeito que ela cora facilmente, sua beleza jovem é atraente e ao mesmo tempo fofo.
- consertei a conta, está certo?
- hum?
- a conta, está certa?
Afastei meus pensamentos, eu tenho que lembrar de não beber quando estiver dando aulas.
- ah, sim, dessa vez você acertou.
Ela sorriu.
- finalmente.
Eu sorri de volta, inconscientemente.
- sabe, eu estou intrigada, como você acerta o resultado mas erra o cálculo?
- eu sou a mestre dos magos?
Eu ri de sua fala
- só pode, isso é incrivelmente insano.
- me desculpa.
- não, tudo bem. Vamos continuar.
- claro."

_____ Nat's pov____

"Por alguma razão desconhecida o horário hoje está indo mais lento, tudo está conspirando contra mim.
Eu fico cada vez mais tensa, as imagens do sonho estão tão vividas que eu não consigo afasta-las, eu sinto como se ela estivesse vendo cada pensamento meu, cada momento, minha respiração ficava mais pesada ao sentir sua perna roçando no lado da  minha levemente, minha pele estava fervendo, não é a primeira vez que eu me sinto assim, não com ela, com outras garotas mas agora, isso tudo está sendo demais.
Eu tô quase saindo correndo, estava tentando ao máximo prestar atenção em sua explicação mas minha mente estava vagando, sua perna roçando na minha.
Eu odeio hormônios adolescentes, eu odeio não saber os nomes das sensações que sinto, não sei o que é nervosismo, não sei o que sinto em certos momentos, como nesse momento.
- pode me dizer onde fica o banheiro?
Perguntei interrompendo sua explicação.
- sobe as escadas a esquerda.
- obrigada.
Sai de lá e segui suas instruções, entrei no banheiro bem arrumado e arejado, pensei em me trancar e nunca mais sair, mas lembrei que estava na casa dela.
Lavei meu rosto quente, passei a mão molhada pela minha nuca que estava suada, olhei no espelho, sequei o rosto e as mãos, voltei a descer.
Eu estava corada, coração acelerado e com o corpo quente.
Que merda está acontecendo comigo?
Vim andando em seu direção.
- está tudo bem, Nat?
Ela me perguntou com um tom preocupado.
- sim, sim, e-eu estou bem, estou bem só... Tá calor aqui.
disse tirando a blusa de frio que estava por causa da baixa temperatura lá fora.
- o ar condicionado está ligado.
- está? Então sou eu, é... Você percebeu que a hora está passando devagar hoje?
Disse completamente nervosa
- você... Quer ir embora?
Senti uma ponta de tristeza em sua voz, ela se levantou e veio até a mim, eu fiquei mais nervosa ainda.
- não, não mesmo, eu... Vamos voltar pra aula, eu só achei estranho.
Passei por ela me sentando em meu lugar.
- você está agindo estranho assim por causa do sonho?
Ela disse se sentando ao meu lado, eu abaixei a cabeça.
- está tão óbvio assim?
- Nat... Eu já disse, não precisa se sentir culpada por isso, não foi sua culpa.
- me desculpa, é inevitável pra mim.
- olha, você pode contar comigo se precisar.
Ela tocou minha mão e a segurou, eu a olhei, ela não é assim na sala de aula.
Como uma pessoa pode ser tão dura na sala de aula e tão meiga pessoalmente? Isso é possível? Pode ser considerado pose ou bipolaridade?
- como... Assim?
- eu quero ser a pessoa em que você possa dizer tudo, já que você não pode contar com sua mãe.
- você quer ser uma figura maternal pra mim?
Disse realmente sem entender.
- não, eu quero ser uma pessoa em quem você confie, com quem você possa dividir sua opinião, suas ideias e até seus... Sentimentos, prometo ser recíproca.
- por que... Por que eu, por que toda essa atenção comigo?
- eu não sei ao certo- ela olhou pra sua mão quente encima da minha- eu acho que... Eu me identifico com você e sei o que guardar tudo pra si pode causar.
Ela voltou a me olhar, além da Duda e meu pai, ela é única uma pessoa que se preocupa comigo.
- obrigada...
- não precisa agradecer.
Então, derrepente foi como um impulso, eu saltei pra frente da cadeira segurando seu rosto com as duas mãos e a beijando, eu rapidamente me afastei me sentando em meu lugar, ela me olhou sem reação alguma, porém em nenhum momento me afastou.
- Rebeca, professora, m-me desculpa eu... Merda, eu não devia, eu não sei o que d-
Ela se inclinou na cadeira pegando meu rosto e voltando a me beijar, suas mãos foram pro meu cabelo, afundando e acariciando eles, suspirei, apertei os braços da cadeira que estava.
Senti sua língua invadir minha boca e o gosto do vinho que havia bebido, me senti embriagada pelos seus lábios macios nos meus, sua língua me invadindo e entrando em contato com a minha, suas mãos se perdendo nos fios dos meus cabelos, o cheiro do seu perfume tão presente, os estalos do nosso beijo intenso.
Nos afastamos por falta de ar, nos sentamos em nossos lugares completamente ofegantes e nos olhando.
- eu... Acho melhor eu ir...
Eu disse me levantando e indo guardar minhas coisas.
- eu ajudo você.
- eu agradeço.
Colocamos todas as coisas pra dentro da mochila e ela me acompanhou até a porta em silêncio.
Meu coração estava acelerado
Ela abriu a porta pra mim.
- então... Agente se ver amanhã... Né?
- sim, é... Mesmo horário.
Sorri levemente pra ela.
- tchau Rebeca.
- tchau Natalha.
Eu me virei e ouvi a porta ser fechada, não pude evitar o enorme sorriso em meu rosto, fui até a bike e montei nela.
Vi um carro estacionar na frente da casa, do mesmo modelo do que me "atropelou" hoje cedo.
A janela se abriu e vi o mesmo cara.
- não sei se devo me preocupar com isso.
- ah, é você.
Ele saiu do carro.
- decepcionada?
- surpresa, senhor Morth.
- só Erick, por favor.
- ok, Erick. O que faz aqui, está me seguindo?
- não, eu moro aqui, ou morava, o que você está fazendo aqui?- Notei a aliança em seu dedo do mesmo modelo da de Rebeca, senti uma culpa me consumir, o cara foi tão legal comigo e eu simplesmente beijei a mulher dele.- alô?
- Ah, eu tenho aula particulares com a professora, ela também é minha orientadora de matemática.
- ah, sim... Bom, se me permite, eu tenho que entrar, precisa falar algo urgente com a minha mulher.
Me deu um nó na garganta ouvi-lo dizer "minha mulher" me sinto a pessoa mais suja do mundo.
- sim, eu tô indo, talvez só volte amanhã.
- ah, como está o ferimento?
Disse olhando pro meu braço que estava enfaixado.
- não foi nada grave, logo logo passa.
- espero, bom, até mais....
- ah, Natalha.
Estendi a mão pra ele.
- até mais Natalha.
- até mais, Erick.
Finalmente voltei a pedalar, hoje foi um dia e tanto.

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Ah, se a Nat soubesse.....

Beautiful Teacher {Concluída}Onde histórias criam vida. Descubra agora