meraki

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Soraya POV

Meraki (v.): Fazer alguma coisa com a alma, criatividade ou amor.

— Quantos anos você acha que ela tem?  — soltei a pergunta aleatoriamente enquanto caminhava com Helena de volta ao bloco de arquitetura.

— Quem? — Perguntou de volta, sem entender de quem eu falava.

— A professora...  — ela continuou me olhando sem entender. — Simone Nassar...

— Ah! — exclamou, como se agora entendesse do que eu falava.

— Em que mundo você tá? Só tivemos uma aula até agora e foi com a Simone.

— Desculpe, eu estava totalmente pensando em outra coisa. Minha mente estava em outro lugar. — ela admitiu e pareceu sentir-se envergonhada, como se eu pudesse ler os seus pensamentos.

Naquele caso eu realmente podia.

— Ou-tro-lu-gar-cha-ma-do-Daniel. - falei fingindo uma tosse, o que me rendeu um beliscão no braço. — Ai!!

— Mas ele não é lindo? — Perguntou-me em um tom de súplica, quase como se estivesse implorando para eu também estar caidinha por ele, para que ela não se sentisse tão boba.

Eu precisava concordar que Daniel era realmente muito bonito. Era lindo. Mas eu não me sentia caidinha por ele. Nem perto disso.

— Ele é realmente muito lindo. Dá pra entender porque está assim. — Comentei enquanto subíamos as escadas.

— Ele é quase um Deus! — ela exclamou, exagerando em todas as formas possíveis.

Ri de seu comportamento embaraçoso e lhe dei um tapinha no ombro.

— O lado bom de tudo isso é que ele vai ficar grudado em nós o semestre inteiro. Chance pra você é o que não vai faltar.

— Ué! — Helena exclamou. — Pra você também não.

— Acabo de repassar, oficialmente, todas as minhas chances para você. — Fingi colocar uma coroa na cabeça dela. Ela entrou na brincadeira e fingiu fazer reverência. Rimos juntas.

Era fácil estar com Helena. Ela era uma pessoa, em todos os sentidos, muito leve. Sua presença emanava pureza e divertimento. Nos conhecíamos a pouco menos de dois dias e as coisas eram tão fáceis que eu podia jurar que a havia conhecido a vida inteira.

— Não, sério... Você não está nenhum pouquinho interessada nele? — ela perguntou, agora em um tom mais sério, querendo uma resposta realmente sincera, sem tons de brincadeira.

— Seríssimo. Meu interesse nele é o mesmo interesse que tenho por uma porta. — Falei, observando de relance as portas das salas pelas quais passávamos, todas muito bonitas, com design moderno e ao mesmo tempo com um toque de antiguidade. Aquilo era de longe obra de algum arquiteto ou designer muito sensível ao mundo e genial. — Não, espere! Eu tenho muito interesse em portas, mas em Daniel eu não tenho nenhum.

Helena soltou uma gargalhada muito alta, o que fez todos os alunos que estavam por ali, olharem para nós. Ela logo se recompôs e ignorou os olhares.

— Se ele for um cara egocêntrico e tivesse escutado seu comentário, teria mexido com o ego dele. — Ela assinalou. — Porque essa doeu até em mim.

— Ainda bem que ele não ouviu então...

— Eu tenho uma dúvida.— Helena disse, encostando-se de lado nas portas dos armários enquanto eu colocava o código que haviam me dado.

— Qual? — perguntei, questionando-me mentalmente qual a necessidade de tantos números em um cadeado.

— Se Daniel, que é o supra sumo dos homens gatos dessa faculdade não chama a sua atenção, que tipo de cara te atrai? — perguntou, olhando-me atentamente.

infinity | simorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora