Soraya POV
Alexithymia (n.): A dificuldade em descrever sentimentos para outra pessoa.
— Eu vejo a arquitetura em você tanto quanto vê em mim, Soraya. — Simone sussurrou em meu ouvido, depois de colocar-se atrás de mim.
Abri os olhos imediatamente, como resposta ao meu coração que explodiu dentro da minha caixa torácica no exato momento em que meu cérebro deu significado àquelas palavras.
Eu não sabia qual era o motivo de o meu coração estar em processo de ebulição naqueles exatos vinte segundos em que permaneci calada. Não sabia se o motivo era o fato de que a minha professora mais brilhante havia dito que via a arquitetura em mim tanto quanto eu via nela ou se o motivo era o fato de ela estar tão perto de mim.
— Você só precisa ver a arquitetura em você, também. — ela concluiu, usando o mesmo tom de voz calmo. — Então o mundo será seu.
O vento que batia em meu rosto deu forma quase que física, quase que palpável ao som da voz dela, que beijou a minha pele e cobriu a minha euforia de calmaria.
Eu estava quase pronta para formular uma frase com o mínimo de coerência quando ela passou o braço em volta de mim e segurou a minha mão direita, tirando-a do parapeito da ponte. Fosse o que fosse o que ela pretendia fazer, foi impedida pelo meu gemido de dor, quando levantou a minha mão.
— Ai... — reclamei baixinho, sentindo o meu pulso doer.
Eu não queria ter reclamado. Queria tê-la deixado fazer o que ia fazer com a minha mão, mas o incômodo foi repentino e muito grande para que eu tivesse tempo de assimilar e engolir a dor.
— Está doendo muito? — ela perguntou, franzindo o cenho levemente.
Fez-me virar de frente para ela e analisou mais minuciosamente e com cuidado, o meu pulso.
— Um pouco... — menti.
Meu pulso estava latejando por causa dos cem desenhos que ela havia me mandado fazer e naquele momento, um pouco mais por causa das quatro horas desenhando a ponte.
— Sei bem o quanto é esse pouco. — Ela respondeu, desacreditando totalmente.
É claro que ela já havia feito a mesma coisa que me dissera, então é claro que ela sabia que meu pulso estava doendo pra caramba.
— Deixe-me... - ela segurou meu pulso com as duas mãos, colocando os dois polegares na palma da minha mão e apoiando os outros dedos na parte do outro lado, entre os meus dedos. — Tentar ajudar... - ela torceu o meu pulso para frente e para trás, forçando-o até que o fez estalar.
"CRACK", foi o barulho que fez o meu pulso.
"AI", foi o grito que eu dei pelo susto e dor repentina que aquilo me causou. Mas tão rápido quanto doeu, tão rápida a dor se dissipou e de repente o incômodo que eu sentia antes era mínimo.
Mexi o pulso em círculos e a surpresa foi eu ter conseguido fazer aquele movimento, que antes me parecia impossível.
— Como fez isso? — perguntei-lhe, intercalando o olhar entre ela e o meu pulso, enquanto o rodava.
— Tenho alguma experiência com pulsos travados. — Ela disse, dando um sorriso tímido.
— Graças a você eu tive a minha primeira. — Eu disse em um tom de brincadeira, tentando fazê-la sentir-se culpada.
— Graças a mim você consegue desenhar melhor que alunos do último período. — Ela retrucou, usando o mesmíssimo tom que eu acabara de usar.
— Isso é sério? — perguntei, sentindo-me um pouco chocada com a informação.
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infinity | simoraya
Fanfiction"Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito." Os amores impossíveis são o caminho mais curto para alcançar o infinito e elas sabiam disso. Soraya queria alcançar o infinito. Simone queria ser...