yuanfen

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N/A: Dois dias seguidos, tá bom pra vocês? (ai, ai, férias...)

Esse capítulo tem +7k de palavras, então quero que vocês leiam com muita calma e atenção, ok? E comentem muito!

Beijo e bom capítulo.

Soraya POV

Yuanfen (n.): um relacionamento por forças do destino. A enorme força de ligação entre duas pessoas.

As pessoas só realmente se conhecem quando são postas à prova. Não há lugar mais certeiro para se encontrar do que dentro de si mesmo. Eu não entendia isso até que me vi desesperadamente dependente de minhas próprias decisões. Foi aí que percebi que, mesmo precisando tanto de mim, eu não sabia quem eu era.

As dúvidas surgiam cada vez mais intensas em minha cabeça e em um ritmo cada vez mais acelerado, que acompanhava a chuva torrencial e absolutamente inesperada, que caía em São Paulo naquela tarde de sábado.

Eu e as meninas havíamos voltado ao apartamento na manhã daquele dia, apenas para tomarmos banho e trocarmos de roupa e, logo em seguida, havíamos voltado para onde tinha sido a festa. Acompanhamos todo o processo de Ana e Cristian para despejar as pessoas, que não eram poucas, que ainda estavam por ali.

Esperamos por, mais ou menos, uma hora e meia, até todas as coisas serem resolvidas e Ana se arrumar para irmos almoçar.

O almoço, no geral, havia sido legal e, não fosse pelo meu cansaço extremo, eu teria me divertido como nunca.

Assim, depois de todos esses eventos concluídos, eu, Helena e Fernanda estávamos no carro, rumo ao condomínio, encarando a chuva descomunal que caía, que resultava em um trânsito intenso.

O cansaço físico era tão grande, que cansou também a minha mente e assim, fraca e sem barreiras, permiti que o meu assunto proibido invadisse os meus pensamentos outra vez. Cansada de tentar omitir de mim mesma o que a minha mente passara o dia anterior inteiro tentando falar, permiti que os pensamentos corressem soltos por minha mente. E a sensação foi a mesma de ter aberto as compotas da barragem de um rio, permitindo que toda a água presa se libertasse e assim, com fúria incontrolável, inundasse tudo à sua frente.

E assim eu estava, inundada pelos pensamentos furiosamente incontroláveis sobre Simone.

"Por que ela havia me tratado daquela forma na sala de aula?", pensei, vendo as gotas de chuva escorrendo desordenadamente pelo vidro de trás do banco do carro. "Por que me tratou com tanta frieza? Por que me olhou com tanto desprezo?", eu pensei e tentei trancar as respostas que vieram, mas elas eram mais fortes. "Ela não gosta de você", a frase veio com força, como se chutasse a minha garganta. "Ela ficou com raiva porque você não quis fazer sexo com ela", apertei a testa contra o vidro gelado do carro e apertei os olhos. "Você não significa nada para ela", conclui, finalmente, e apertei os braços em volta do meu próprio corpo, sentindo o frio incomodar-me exageradamente. O que eu não sabia era se o frio vinha de fora ou se vinha de dentro.

Fernanda parou o carro na frente do edifício e nós três corremos para dentro, sem escapar do banho de chuva que nos deixou completamente molhadas, no caminho.

- So, eu vou com a Nanda até o apartamento dela, pegar algumas coisas, hoje ela vai dormir com a gente. – Helena disse, torcendo o cabelo com as mãos, depois que atravessamos a porta e estávamos seguras dentro do edifício. – Eu sei que você tá muito cansada e não vai querer ir, certo?

- Certo... – fiz que sim com a cabeça.

O complexo de edifícios era composto de seis construções que se interligavam por corredores térreos e eram, quase colados uns nos outros. Entretanto, ainda assim, a distância a andar era consideravelmente grande e tudo o que o meu corpo conseguia aguentar era caminhar até a porta do elevador e do elevador para o quarto, onde eu me jogaria na minha cama e dormiria até o ano seguinte.

infinity | simorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora