selcouth

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Selcouth (adv.): desconhecido, raro, estranho e maravilhoso.

Soraya POV

"O que está acontecendo com meu corpo?", pensei ao me dar conta dos meus músculos se contraindo em resposta ao olhar invasor de Simone.

Sua mão tocou o meu rosto e instantaneamente meus sentidos desligaram-se para o resto mundo, só funcionavam para ela. Meus olhos só enxergavam Simone, meu olfato só distinguia seu cheiro, meu tato só sentia seu toque.

"Eu preciso me controlar. Isso é errado. Eu não posso ser...", pensei. "Não importa, a mão dela é tão...tão...".

Seus dedos tocaram tão delicadamente meu rosto que em qualquer outra situação, se fosse qualquer outra pessoa me tocando daquele jeito, eu mal poderia sentir. Entretanto, o toque de dela, embora fosse suave, estava-me fazendo tremer.

Seus olhos não desgrudavam-se dos meus e por mais que a minha vontade de desviar o olhar fosse grande, maior ainda era a minha vontade de olhar eternamente o seu rosto, seus traços profundos e suaves... seus lábios...

— Por que está tremendo? — Ela perguntou, retirando a mão do meu rosto e eu olhei para baixo imediatamente, cedendo à timidez.

— Eu não sei... — confessei, ouvindo a minha própria voz sair fraca demais e amaldiçoando-me por isso. — O que quis dizer sobre eu estar abalando a sua sophro...so.. — fiz uma careta tentando pronunciar a palavra que ela havia dito.

— Sophrosyne. — ela me ajudou.

— Isso, sophrosyne. — repeti, tentando memorizar a pronúncia daquilo.

Simone continuava a me olhar da mesma maneira que me olhara da primeira vez em que conversamos, nos corredores das salas de pranchetas. Parecia querer me engolir, parecia querer me partir ao meio e mergulhar dentro de mim. E eu continuava a sentir estrelas se chocando e explodindo no meu peito cada vez que ela me olhava.

A mulher soltou algo parecido com um suspiro e com o olhar intrigado, como se discutisse com ela mesma, ainda me olhando, respondeu.

— Eu quis dizer, literalmente, que você está destruindo a minha paz de espírito. — ela disse em um tom ameno. — Eu tenho perguntas a seu respeito e não consigo respondê-las. Eu preciso das respostas e só você pode me dar.

"Merda!", exclamei mentalmente. "Como eu vou dar à ela respostas que eu ainda não consegui dar nem para mim mesma?".

Era evidente que eu tinha total consciência de que eu devia respostas para a minha professora, afinal, eu havia lhe dado um beijo sem mais nem menos e da mesma forma eu havia desaparecido de seu carro cinco segundos depois. Eu sabia que lhe devia respostas, mas eu não tinha resposta alguma.

— Eu não sei se... — tentei começar a falar a respeito.

— Por que você me beijou, Soraya? — ela me interrompeu, ignorando totalmente a minha intenção de falar.

Foi direta. Objetiva. Foi mulher.

A tempestade de pensamentos que vieram à minha cabeça como resposta à pergunta dela foi tão intensa e tão cheia de fatos que eu não queria aceitar como verdades que eu travei outra vez. Apertei os dentes com força uns nos outros, tentando dissipar aquela enxurrada de palavras e frases que eu me recusava a dar como resposta para ela e principalmente, para mim.

"Minha boca estava pulsando de vontade de beijar a sua"

Apertei os dentes com ainda mais força e soltei um suspiro profundo e quase raivoso, na tentativa de afastar aquele pensamento inoportuno.

infinity | simorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora