Rubatosis (n.): a consciência perturbadora de seu próprio batimento cardíaco.
Simone POV
"Close your eyes and I'll kiss you, tomorow I'll miss you, remember I'll always be true..." a música soava baixinha pelos autofalantes do carro quando, às 10h, viramos na rua do apartamento dos pais de Soraya.
- Eu estaria sendo boba se dissesse que não quero sair desse carro? – Soraya falou em um tom manhoso e bobo, poucos segundos antes de eu parar o carro bem na frente de sua casa.
- Eu estaria sendo boba se dissesse que não quero que você saia? – perguntei, desligando a música e virando-me de frente para ela que encostava-se meio de lado no banco do carona, olhando para mim como se suplicasse para que eu não a deixasse sair.
Tomei sua mão e a beijei com carinho.
- Você vai mesmo trabalhar agora? Não vai ter nenhum tempo para descansar? – a garota perguntou, deslizando o polegar por meus lábios enquanto eu afastava meu rosto de sua mão.
- Vou sim. Preciso ir ao escritório, tenho uma reunião às 10h30m com um cliente e depois, prometi que almoçaria com Duda. E ainda precisarei voltar ao escritório hoje mesmo para uma reunião com minha engenheira. Não tenho hora para sair de lá. – respondi-lhe, ainda segurando sua mão.
- Sua vida é sempre assim? – a garota perguntou com um ar preocupado.
- Normalmente não tenho a sua companhia quando viajo...
- Simone! – Soraya exclamou levemente. – Você entendeu a pergunta, não mude de assunto.
- É assim sempre. – respondi simplesmente, assentindo.
- Você não cansa? – ela perguntou em um tom misterioso.
- Você cansaria? – respondi-lhe com outra pergunta.
Soraya fitou-me por alguns instantes e sorriu, fazendo um movimento de negação com a cabeça.
- Você tem razão... – ela disse e olhou para o lado de fora.
- Acho que tem gente esperando por você. – falei, constatando a presença de um casal que saía pelo portão do condomínio.
- Eu acho que preciso ir. – Soraya atestou, virando-se rapidamente para mim.
- Quer que eu vá falar com seus pais? – perguntei calmamente.
- Não! – a garota exclamou exasperadamente e logo tratou de recompor-se. – Quer dizer, não precisa, sei que você está atrasada e...
- Está tudo bem, So. – falei, dando-lhe um sorriso compreensivo.
- Você me liga quando tiver um tempo livre...? – ela perguntou timidamente. – É que eu quero saber como estará.
- Eu ligo. – afirmei e inclinei-me rapidamente, dando-lhe um beijo rápido na bochecha. – Vejo você na semana que vem?
A garota dos cabelos cor caramelo acenou positivamente com a cabeça enquanto abria a porta do carro para sair e antes de virar-se para seus pais que a esperavam sorridentes, mandou-me um beijo, lembrando-me em seguida para ligar para ela. Concordei com a cabeça e esperei até que ela estivesse entrando.
O sorriso de Soraya dançava como uma nuvem por minha mente, fazendo-me sorrir enquanto dirigia pelas avenidas. Na rádio sintonizada por Soraya enquanto voltávamos do aeroporto, a melodia que se tornara tão familiar para mim nos últimos dois dias, começava sutil e lentamente arrastou minha mente para as memórias dos dias anteriores.
Flashback
Seus olhos dançavam sobre mim, como se deixassem sobre o meu rosto a assinatura das marcas que suas mãos, boca e corpo haviam acabado de deixar em minha pele. Olhos de uma delícia agonizante, fixos aos meus em um misto de inocência e perigosa vivacidade que me arrastavam para dentro dela, um universo inteiro por onde eu só podia flutuar e enlouquecer. Onde não havia lógica, apenas ela.
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infinity | simoraya
Fanfiction"Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito." Os amores impossíveis são o caminho mais curto para alcançar o infinito e elas sabiam disso. Soraya queria alcançar o infinito. Simone queria ser...