A Herdeira: Família Ferrari - livro I

capítulo 89| mal presságio

Dois dias depois...

Em algum momento da minha vida, me quebraram e tudo que restou foram os cacos, eu poderia tentar junta-los ou quebrar o restante e bom, quando se está no fundo do poço, você não pode fazer nada além de tentar subir e ver a superfície. No entanto, eu vivi um paradoxo porque estar no fundo do poço não fez de mim alguém frágil, pelo contrário, me defendi e me tornei uma mulher que jamais imaginaria ser. Não que eu odiasse a Bella que sonhava com um príncipe, mas porra! Eu amo sentar no colo do homem que prometeu tantas coisas e cumpriu cada uma delas, bem, quase todas.

E prefiro que não cumpra.

Especialmente a que envolve meu pai morto, sei que nunca irei ver ambos conversando amigavelmente,  mas posso conviver sabendo que um, não vai tentar apunhalar o outro pelas costas.

Mas sinto, um mal presságio, as coisas estão muito calmas e para pessoas como nós, a calmaria antecede a tempestade.

__  está distante, ainda dolorida?__ questiona puxando-me de volta a realidade.

__  não! Só estou pensando no quanto eu fui forte, depois de tudo que aconteceu, achei que poderia despedaçar com facilidade, mas parece que seu lírio tem alguns  espinhos.

__  precisamos de uma camada certo? Uma que proteja dos ataques externos e se os espinhos foram a forma que encontrou de se blindar eu não me importo nenhum pouco em me ferir para conseguir abraçá-la.

__  eu te amo sabia? __ a pergunta o fez sorrir e beijar o dorso da minha mão.

Estamos no campo de lírios, deitados sobre uma toalha e tudo que quero é permanecer aqui.

__  sempre e a recíproca é verdadeira, não existe nada nesse mundo que eu ame mais do que você.

__  não sei como reagir quando você não fala, só um  " eu te amo "  sempre vem acompanhado de uma frase impactante.

__  eu não espero que diga algo no mesmo nível querida.

__  somos loucos não é? O meu escritório precisa de mim, sua máfia de você, e nós aqui, deitados como se o mundo não estivesse desabando sobre nossas cabeças.

__  somos os donos, para que serve ser dono de algo, se você não pode simplesmente sair a hora que quiser?

Sorrio e viro o rosto para encara-lo, para outras pessoas ele poderia ser comum, mas para mim tudo era intenso, os traços do rosto, o sotaque russo, o corpo impecável, mas os olhos, sempre parecem ver através de mim.

__  eu gosto dos seus olhos, eles são tão transparentes, sempre foram, eles não deixam você esconder nada.

__  não tenho o que esconder e não tenho uma parte sua preferida adoro todas igualmente, tudo em você, cada pedacinho do seu corpo é como um vislumbre do pecado, e querida, eu sou um grande pecador.

__  eu também, quando se prova do fruto proibido você o quer ainda mais.

__  então eu devo me sentir lisonjeado por ser esse fruto?

__  sabe que sim.

Abre um sorrisinho irônico e deixa um beijo em minha testa, beijaria a sua boca, mas meu celular começou a tocar.

É a mamãe, atendo de imediato.

__ mãe, tutto bene?

O soluço do outro lado da linha me faz ficar tensa e sentar, meu noivo me acompanha segurando minha mão.

__  filha, seu pai... ele foi sequestrado, quando voltava de Trentino e eles não querem negociação...  seus tios não estão conseguindo rastrea-lo, eu sei... que seu noivo o odeia, mas eu... eu... eu...

__  mãe, se acalma e per favore, fale.

__  preciso da ajuda dele, por favor eu me ajoelho se for preciso, mas não posso perder o seu pai.

Respiro fundo e não deixo transparecer meu nervosismo.

__  fique em casa, estou indo para a Sicília agora, peça para que meus tios tentem encontrá-lo enquanto não chego.

__ tutto bene.

__  eu te amo mãe, fique calma. __ disse e encerrei a ligação, deixando o celular cair sobre a toalha.

__  lírio? O que aconteceu? Olhe para mim por favor. __ pede e o faço, ele toca o meu rosto ao perceber as minhas lágrimas.

__  você precisa me ajudar.

__  claro, só me diga o que deseja e eu farei, mas por favor, não chore, isso acaba comigo.

__  o... meu pai, ele foi sequestrado, meus tios não conseguem rastrea-lo, preciso de você, eu sei que o odeia, mas por favor, aqui quem está te pedindo, é uma filha desesperada me ajuda a encontra-lo, porque eles não estão dispostos a negociar o pegaram para matar.

__  não precisa pedir duas vezes meu amor.

__  vai me ajudar?

__  sim, ninguém além de mim pode matar o seu pai.

Eu abriria um sorriso se não estivesse desesperada, e me abraça, sussurrando em meu ouvido.

__  vamos lírio, eu prometo que o trarei de volta e farei cada maldito que causou essas lágrimas pagar por isso.

Eu desejo que cumpra, desejo com todo o ódio que tenho dentro do meu coração.

(...)

__  você está calmo demais, tudo bem que não é seu problema, mas eu estou quase colapsando.

Ele estaciona o carro em frente a mansão da minha família, retira o cinto de segurança e me encara.

__  talvez eu já saiba quem está com o seu pai e se estiver certo, temos que ser ágeis, ou ele não passará de hoje.

Minha boca entreabre, mas não consigo formar uma única palavra.

__  e só me diz isso agora? Per Dio, diga de quem você suspeita.

__  a cabeça do seu pai, só aumentou de valor durante esses anos, quem pegar o capo da Cosa Nostra têm em posse, um dos líderes da maior organização criminosa da Itália, e meses antes de te mandar presentes,  a máfia Albaneza me propôs um acordo, eu os ajudaria a pegar seu pai e em troca me dariam o que eu quisesse, como você pode ver, eu neguei, porquê costumo fazer as coisas da minha maneira, não faria uma aliança com a Albânia, não seria burro, eles não são confiáveis, não para um italiano.

Minha cabeça parece que vai explodir são muitas informações.

__  você tinha que ter me falado isso antes.

__  não era uma informação útil lírio, eles esperaram todo esse tempo para que seu pai vacilasse e conseguiram.

__  isso é uma grande merda!

__  Bels? __ a voz angustiada do meu irmão me faz descer do carro e correr até ele para abraçá-lo.

__  temos que encontrá-lo, eu...  eu poderia ter ido junto, mas não fui, me neguei porque ainda estava magoado, não quero perder o papai Bels, eu não posso...

__  ei, olhe para mim. __ me afasto, segurando seu rosto nas minhas mão e enxugo suas lágrimas.

__  não chore, vamos dar um jeito, fomos forjados no fogo lembra? __ repito o início da frase que ele nos fez gravar e disse que seria o lema da nossa família.

__  eu...  não sei se agora consigo sair das cinzas, estou me sentindo culpado.

__  para! Não aceito que faça isso consigo mesmo, vamos entrar e bolar um plano para resgatar nosso pai com vida.

Ele acena com cabeça antes de me abraçar outra vez, eu o apoiei, precisava de mim, porque mesmo que o mundo estivesse desabando aqui dentro, a família vinha em primeiro lugar e só me permitirei chorar quando meu pai estiver na nossa sala, vivo e bem.