A Herdeira: Família Ferrari - livro I

capítulo 62| sem temer

B E L L A 

Me concentro no que Gabriel disse, e no minuto estamos nos beijando e no outro estou procurando um imbecil pela floresta, sigo em passos cautelosos, o frio provoca arrepios em minha pele, fecho os olhos e escuto o som do riacho.

Eu deveria ter feito isso quando fugi do meu stalker pela primeira vez, agora meus sentidos parecem ter se aflorado.

É assustador e excitante.

O som de um galho se quebrando me faz olhar para a direita e ver a presa.

Apanho uma flecha da aljava e coloco no arco, ele ainda não me vê, fixo meus olhos na sua perna para fora da árvore, miro e disparo, seu grito ecoa ao nosso redor e um sorriso maldoso escapa dos meus lábios.

__  não fuja ratinho, estamos apenas no começo. __  sussurro indo de encontro ao homem que agora tem uma flecha na perna, mas isso não o impede de correr, mesmo que lento.

__  por favor senhorita, não me mate. __  pede a medida que me aproximo.

__  agora eu sou senhorita? Achei que eu fosse uma vadia, ou como você me chamou... __ finjo estar pensando, ele tropeça em cima de uma raiz e acaba caindo.

__  uma cadela indefesa. __ concluo.

Seus olhos denunciam o quanto está com medo, o mesmo que eu senti por mim e pelo Kai.

__  eu estava sendo forçado a fazer aquilo, não queria de verdade.

Sorrio irônica e ele se levanta.

__  que pena para você, porque se não tinha intenção de me machucar ou machucar o meu amigo, eu realmente tenho a intenção de fazer isso com você e sem arrependimentos.

__  sua idiota! Ele está usando você, manipulando as suas emoções é isso que um psicopata faz, está fazendo de você uma versão feminina dele, não deixe que estrague o que é.

__  quer saber quem sou? __ questiono.

__  eu sou Isabella Ferrari, condenada a amar um homem que me faz queimar a cada vez que se aproxima de mim, mas o que torna a nossa história interessante é que. __ apanho outra flecha e coloco no arco, mirando o seu braço. __ eu gosto de brincar com fogo.

Acerto meu alvo, e mais um grito escapa dos seus lábios.

__  corra, ainda não anoiteceu. __ incentivo e assim faz, só que agora é ridículo, mas se equilibra e ainda tem a flecha na perna.

__  não entendo porque todos vocês insistem nessa versão de que eu não preciso ser assim, quando no final eu gosto de ser ruim, pessoas boas se fodem o tempo inteiro.

Mais uma flechada, e essa na outra perna, ele grita e cai no chão me encarando com pavor.

__  eu imploro, por favor,  por favor...  não me mate.

Abro um sorriso enquanto apanho outra flecha.

__  a vida é uma roda gigante não é mesmo, isso me fascina ... dias atrás era eu quem implorava, e nem era pela minha vida, mas você não teve piedade, me fale porque eu deveria ter?

Silêncio, o som da água ficava cada vez mais próximo.

__  porquê você não é assim, é ele, ele quem está fazendo isso.

Nego com a cabeça.

__  idiota, acha mesmo que ele me transformou nisso? Foi a senhora Isadora, Edgar, Davi, você e todos os malditos fodidos que estupraram o meu amigo, você é último deles, quando se for e pelas minhas mãos, eu estarei livre.

__  isenta da culpa? Isso nunca.

__  eu não estou falando de culpa, livre do medo, vendo você assim, como animal indefeso me faz lembrar dele, olhando nos meus olhos, a diferença é que ele sabia o que iria acontecer e infelizmente aceitou o destino desgraçado que escolheram para ele, já você, mesmo a beira da morte ainda tem esperanças que sairá desta floresta vivo.

Ele nega, e implora pela sua vida, o arco apontado para o seu corpo, me aproximo e coloco meu pé em cima da sua barriga, e miro no seu peito.

__  tem algo que gostaria de falar antes de virar comida para os corvos? __ questiono.

__  espero que você o machuque na medida que ele merece, pessoas como ele, não encontram um amor. __ declara confiante, mas antes de acertar o meu alvo, abro sorriso.

__  então, ele deve ser uma exceção. __ disparo a flecha, vendo a ponta se fundir ao seu corpo.

__ va - dia  mal -.di -.ta, vai pro inferno.

Deixo o arco e a aljava no chão, ergo a barra do meu vestido, e agradeço mentalmente a minha mãe por avisar que uma mulher sempre deve andar prevenida tendo duas calcinhas, uma ficou com meu stalker e a outra estava na minha bolsa, junto ao punhal que papai me presenteou.

__  eu amo Hades, já estou condenada. __ confesso, e alcançando o punhal,  não me importo que veja a minha quase nudez.

__  uma bela visão antes de morrer. __ garanto, e ajoelho-me sobre ele, pressiono o punhal sobre a sua barriga.

__  uma pena não termos alguém para acariciar o seu cabelo. __ desdenho e afundo a lâmina na sua pele, logo a superfície esbranquiçada se torna vermelha pelo sangue, faço um corte na vertical, da sua barriga até o peito cravado com a flecha.

Os últimos gritos de dor do homem vão diminuindo e são como uma melodia harmônica para o que estou fazendo, deixo o punhal ao meu lado, abro sua barriga com as mãos, até que seus órgãos estejam para fora e os corvos e outros animais possam desfrutar desse banquete, antes de me levantar cravo o punhal em seus olhos e os retiro assim como fizeram com Kai, jogo as duas esferas junto a barriga aberta.

Agora sim, levanto-me e contemplo o meu trabalho.

Suspiro aliviada, finalmente me vinguei pelo o Kai.

Não sei se ele estaria orgulhoso do que me tornei, mas me apoiaria.

__  e ainda nem anoiteceu. __ a voz grave me assusta e dou um salto para trás, e por falar em salto, ainda bem que deixei os meus no carro, não conseguiria correr ou me mover de salto nessa floresta.

__  você me assustou.

__  que bom, agora venha. __ me estende a mão, alcanço a aljava o punhal e o arco, e sigo com ele.

__  não vai deixar esse corpo aqui né? __ pergunto.

__  não, o que os animais não comerem os meus soldados irão queimar.

__  é ruim eu me sentir aliviada?

__  não ma belle, ser ruim já é da sua natureza, que tal um banho?

__  sim por favor.__ concordo. __  Gabriel.

__ sim?

__  o que somos? Namorados, ficantes, não consigo definir a nossa relação.

__  somos um do outro, mas pode me chamar de namorado, porque em breve será a minha esposa.

__  e não vai pedir minha mão?

__  aquela coisa ridícula de ajoelhar e por um anel em seu dedo? Não.

__  mas eu quero que peça minha mão.

__  e eu vou, mas da minha maneira.

__  não sei se fico ansiosa ou com medo.

__  os dois querida, os dois.

Foi um aviso, e mal posso esperar.