Parte 4

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— Você devia protegê-la e não matá-la, minha rainha. Ela salvou nossas vidas!

— Já enfrentamos milhares de demônios antes e sem nenhuma ajuda! Não irei matá-la e estou protegendo você e a todas nós, Diana — Hipólita estava impaciente e falava mais alto do que o normal.

— Quanto tempo acha que ela iria viver na escuridão e com pouca comida? Seus poderes vem do sol — insistiu a mais nova.

— Quer que eu alimente nossa prisioneira da mesma forma que nossas guerreiras?

— Tão ou mais do que isso! Mãe, ela é como eu! Seu metabolismo é mais rápido, sentidos aguçados, precisa se alimentar muito mais do que nossas guerreiras. E você não está me protegendo, está me dando motivos para questionar as suas leis!

Bastou um olhar de Hipólita para que sua melhor guerreira lançasse o laço mágico em volta de Diana, a prendendo com força entre as cordas reluzentes. A princesa juntou as sobrancelhas em uma expressão séria e cheia de dúvidas ao encarar sua mãe, que mantinha seu olhar firme ao dela. Do outro lado das portas, Kara observava a cena paralisada através das paredes com sua visão de raio X.
 
FLASHBACK ON
 
— Você não pode se preocupar com o laço, enquanto estiver presa nele. As cordas são indestrutíveis e eu tenho uma força comparada a sua, não há como escapar! Você deve se concentrar em quem o possui — a voz de Diana era calma, mas sua expressão demonstrava concentração — Não pode vencer a magia que esse laço carrega, mas você pode vencer a mim! Vamos, Kara! Liberte-se!

— Como posso vencer você, se estou presa nesse laço que você diz ser indestrutível — perguntou a garota enquanto tentava usar de toda a sua força para afrouxar as cordas ao redor de seu corpo.

— Você não precisa chegar perto de mim.

Outra vez ela tentou lançar sua visão de calor, que foi facilmente detida com um dos braceletes da amazona.

— Não desse jeito, Kara! Sem poderes, lembra?

— Como você faria isso?

— Eu faria exatamente da forma que estou dizendo — a morena sorriu, divertindo-se.
 
FASHBACK OFF
 
Não pode vencer a magia que esse laço carrega, você deve se concentrar em quem o possui — a loira sussurrou, repetindo as palavras da forma que conseguia lembrar, ainda intrigada com o que Diana queria dizer.

A princesa desviou o olhar para o chão ao ouvir o que Kara dissera, mesmo em um sussurro, mesmo há metros de distância dali e encarou a mulher alta que segurava as cordas. Mesmo tendo seus braços presos no laço, Diana segurou a parte dele que conseguia alcançar com as duas mãos e o puxou com tanta força, que a guerreira deslizou por todo o chão no salão até bater contra a parede. Depois de afastar o laço que a prendia, a morena o segurou com força e levantou um dos punhos, mas foi parada pela mão forte que agarrou diretamente seu bracelete em supervelocidade.

— Não! Não faça isso! Ainda são sua família e sei que você as ama.

Kara não afastou sua mão até que Diana abaixasse a dela, por mais que o contato com o bracelete queimasse sua pele diretamente, mesmo que de forma superficial, já que era quase invulnerável.

— Você não vai voltar a ficar em uma cela enquanto eu estiver aqui!

— Obrigada por isso, Princesa Diana de Themyscira — Kara sorriu, fazendo um gesto como agradecimento e saboreando a ideia de que não podia revelar a própria identidade da princesa no futuro.

Enquanto saíam, a kryptoniada colocou seu olhar sobre o laço que continuava no chão e fora deixado pela própria Diana, era estranho para ela que ele não a pertencesse, mas havia muitas outras coisas estranhas que não compreendia naquele lugar.

— A vida inteira me ensinaram sobre amor e justiça e agora nada disso faz sentido. Não entendo o que fizeram a você, Kara.

— Sua mãe está com medo de que você deixe Themyscira por minha causa, mas você não vai deixar seu lar por mim e não agora, mas um dia irá deixá-lo por outros motivos.

No caminho até o quarto da princesa, elas passaram por duas meninas que trocavam beijos e carícias, enquanto ríam uma risada gostosa e divertida.

Kara desviou o olhar para baixo e sorriu por um instante, lembrando de outras garotas que também haviam trocado beijos enquanto ela estava na cela e deixou escapar um pensamento que saiu alto demais.

— Sara iria gostar daqui.

— Quem é Sara?

— Sara Lance é... Uma amiga. Ela... — a garota desviou os olhos azuis para o teto, procurando uma forma de explicar que não soasse estranha e ao mesmo tempo corava sem perceber ao ver que despertava a curiosidade da amazona, na verdade tudo sobre o mundo fora da ilha despertava sua curiosidade — compartilha do mesmo gosto por mulheres — os olhos da Supergirl se arregalaram ao lembrar que Sara comandava uma equipe de viajantes do tempo.

— E você não? — perguntou a princesa, ainda intrigada — Eu sei que algumas mulheres têm atração física por homens, algumas amazonas ainda nutrem isso do tempo em que moravam fora de Themyscira.

Kara não pôde deixar de soltar um riso nervoso. Por que estavam conversando sobre aquilo? Por culpa dela própria, por um instante se lembrou.

— Digamos que isso não seja tão comum fora daqui. Comum seria se casar com um homem, ter filhos e... Você sabe — ao olhar para Diana outra vez, percebeu que nada daquilo faria sentido para ela — Não, você não sabe... Deixa pra lá! Eu não sou a melhor pessoa pra falar sobre isso.

— Nunca vi um homem, há muito tempo não tem um por aqui. Mas por que você não é a melhor pessoa pra falar sobre isso?

— Porque todos os meus relacionamentos foram um fracasso e eu nunca me relacionei com uma mulher.

— Por isso foram um fracasso. Todo mundo sabe que um homem não é capaz de proporcionar prazer a uma mulher, eles servem apenas para a procriação. Eu li todos os 12 volumes dos Tratados de Cleo sobre o prazer.

Dessa vez foi a loira que fez uma expressão confusa e ao mesmo tempo surpresa, tentava pensar no que dizer, mas nenhuma palavra saiu.

— Eu... E... Er... Eu preciso descansar um pouco — a kryptoniana tropeçou nas palavras pensando no quanto seria difícil voltar ao seu tempo e encarar Diana novamente.

— Claro! Amanhã podemos conversar mais sobre o seu reino, se estiver se sentindo melhor. Descanse!

Kara sentiu alívio ao ser deixada sozinha e pela primeira vez em um quarto, depois da quase sessão de tortura de Hipólita em um extenso interrogatório com o laço e tantas semanas na prisão. Seus pensamentos vagaram entre a inocência que essa Diana parecia ter em contrapartida com a Mulher Maravilha. O que ela teria passado afinal?

Lições de uma guerreira - Mulher Maravilha e SupergirlOnde histórias criam vida. Descubra agora