Lições de uma guerreira - Mulher Maravilha e Supergirl

Parte 17

— Qual é a situação? — perguntou Sara diretamente para Diana, parecendo até acostumada a lidar com problemas como aquele, o que para Kara, era absurdo.

— Nate está certo, esta é a corrente que prende Cronos ao seu castigo eterno de segurar o Tártaro com as próprias mãos. É como sustentar o peso do planeta inteiro.

A garota de aço estava perdida, com suas íris celestes presas no chão da nave, distante de todos, ela só conseguia pensar no quanto tinha sido responsável por estragar toda e qualquer chance de ser feliz, levando isso até Diana e Sara também.

Kara só tinha as memórias de seu tempo com a amazona por tê-la tocado, como se uma parte de sua vida tivesse sido roubada. Ninguém percebeu o sangue que pingava do punho fechado da Supergirl, algo incomum, mas não surpreendente, afinal sua pele era invulnerável até que se colocasse sobre ela certa força, mas a loira não sentia as unhas fincadas na própria carne.

A pressão do ar mudou de repente, levantando os objetos que haviam em volta. Copos, papéis e até os corpos em volta sentiram o tremor, quando Kara desapareceu em um vôo impossível de ser visto, seguindo a direção da corrente.

Lembranças se misturavam, como papel picado, pedaços de uma carta de amor, rasgada pelo tempo, a qual a garota não podia ler. Palavras soltas, linhas, como as veias que carregavam seu sangue em super velocidade pelos efeitos do sol amarelo, algo que por si só, explodiria um corpo humano. Respirar era uma afronta àquele mundo, com criaturas tão frágeis, em um corpo que funcionava como uma bomba atômica viva e ainda assim, não havia conseguido alcançar algo simples, como a felicidade.

Lá estava Kara Zor-El, diante do poderoso Titã de tamanho incalculável até mesmo para a sua mente rápida. Cronos sequer se deu ao trabalho de olhar para a pequena criatura pairando no ar bem a frente de seus olhos, talvez nem a tivesse visto de tão pequena. 

O olhar crítico pousou sobre o ambiente, enquanto a kryptoniana analisava a rocha sólida acima de suas cabeças, era como um parque flutuante de lava com tamanho semelhante ao planeta Terra, embora não fosse de formato esférico. Chamou pelo responsável por manter a estrutura no ar, mas não obteve qualquer resposta, Cronos parecia ter sido transformado em pedra também, mas ainda respirava, movimentando as rochas de maneira lenta a cada vez que trocava o ar em seus pulmões, fazendo a lava pingar tal uma tigela, que esquecemos de segurar firme.

Kara se posicionou no meio da gigantesca rocha flutuante, ficando entre a cabeça e um dos ombros do titã, ela apoiou as mãos por baixo do magma quente, forçando seu peso para cima e fazendo com que a estrutura apenas tremesse um pouco.

— Hum... O que é isso? O que você está tentando fazer? Criatura mortal, não pode segurar o Tártaro.

— Agora você me viu — a filha de Krypton esboçou um meio sorriso — Se eu segurar isso, tenho direito a um pedido?

O gigante pareceu pensar, antes de fazer ecoar em todo o lugar um riso grave, como trovões. 

— Três dias! Se você segurar, eu posso atender a um pedido. O que você deseja? Imortalidade? Andar entre os deuses? Ser um deles?

— Eu desejo ser imune ao tempo com o que tem relação a mim, sem ser afetada por qualquer realidade, época, ou o que for. Não quero uma linha temporal, eu quero todas!

Na Waverider, todos estavam agitados com a saída repentina de Kara, menos Diana. Sara insistia em ir atrás da amiga, mesmo que não soubessem direito qual era a situação, por um breve momento, se deixando levar pelas emoções.

— Como consegue amar ela e deixar que vá embora assim, sem fazer nada? — questionou a loira.

— Confio nela. Kara é forte, possivelmente mais do que todos nós aqui. Se não estivesse no lugar de Athena, seria mais forte e rápida até que eu. O que você acha que poderíamos fazer, indo atrás dela? Confiar é uma forma de demonstrar amor.